Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro detalhou reunião com cúpula militar e entrega minuta de decreto para convocar novas eleições
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Foto: Pedro França/Agência Senado |
Em uma reviravolta nas investigações em curso, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), revelou detalhes sobre reuniões secretas entre o ex-presidente e militares e a entrega de uma minuta de decreto para convocar novas eleições, que incluía a prisão de adversários, após a derrota no segundo turno das eleições de 2022.
As revelações foram feitas em um dos depoimentos que compõem a delação premiada firmada entre Mauro Cid e a Polícia Federal (PF), e foram divulgadas pelo colunista Aguirre Talento, do UOL. De acordo com o relato de Cid, Bolsonaro recebeu das mãos do seu assessor, Filipe Martins, o mencionado documento durante uma reunião que aconteceu após a derrota eleitoral.
O ex-presidente teria submetido o conteúdo do decreto em uma conversa com militares de alta patente. Entre os presentes, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria se manifestado favorável ao plano golpista, embora não tenha havido adesão do Alto Comando das Forças Armadas.
Mauro Cid, que esteve presente em ambas as reuniões – tanto na entrega do documento quanto no encontro entre Bolsonaro e os militares -, revelou aos investigadores que suspeita que essas articulações podem ter resultado nos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro.
A revelação de Mauro Cid levou os investigadores a realizar diligências adicionais para verificar as informações apresentadas pelo tenente-coronel. Cid pode ser convocado novamente para prestar esclarecimentos complementares às autoridades.
Segundo o colunista Aguirre Talento, Mauro Cid também informou que Filipe Martins teria levado um advogado especializado em Direito Constitucional para uma reunião com Bolsonaro no final do ano passado, juntamente com a presença de um padre. No entanto, Cid afirmou que não se recorda dos nomes dos envolvidos.
Notavelmente, no depoimento, Cid mencionou que Bolsonaro recebeu o documento, mas não manifestou sua opinião sobre o plano golpista. A Polícia Federal investiga se essa minuta é a mesma encontrada na residência do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres.