Braço direito de Bolsonaro nos últimos anos, Mauro Cid apresentará à polícia federal informações sobre reuniões e estratégias do golpe de estado planejado após derrota nas eleições.
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Mauro Cid, figura de confiança do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao longo dos últimos quatro anos, está prestes a revelar detalhes explosivos à Polícia Federal (PF) sobre as discussões e planos que delinearam um golpe de estado, com o intuito de manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições. Fontes com acesso às investigações relataram ao blog da jornalista Andréia Sadi que Cid não só está colaborando para elucidar o caso das joias sauditas, mas também está fornecendo informações cruciais sobre o roteiro do golpe e seus envolvidos.
Cid, testemunha ocular de reuniões que abordaram a possibilidade de um golpe, deve apresentar à PF uma lista dos participantes dessas discussões, incluindo militares e ex-ministros do governo Bolsonaro. Dentre os nomes que têm sido mencionados como possíveis envolvidos estão Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa. Esses nomes emergiram como alvos de Cid nos bastidores, de acordo com as fontes.
Uma fonte próxima às negociações de Cid com o Judiciário revelou ao blog que os depoimentos do ex-ajudante de ordens são “amplos, diversificados e prejudiciais para Bolsonaro”. Embora não tenha detalhado o conteúdo específico das declarações de Cid, essa autoridade destacou que o depoente está fornecendo informações substanciais, mas possivelmente ainda não revelou tudo o que sabe.
No entanto, Cid não é o único a fornecer informações sobre o roteiro do golpe. Membros do núcleo da Polícia Rodoviária Federal também têm contribuído com dados relevantes para elucidar como o plano foi arquitetado.
Em junho deste ano, veio à tona um relatório da Polícia Federal (PF) divulgado pela revista “Veja”, no qual foi revelada a existência de um documento contendo diretrizes para um golpe de estado que se pautaria “dentro das quatro linhas [da Constituição]”. Esse documento estava armazenado no celular de Cid, sob o título “Forças Armadas como poder moderador”, e delineava uma série de ações visando a desconstituição das instituições democráticas.
O relatório da PF também revelou que o documento em questão foi criado apenas cinco dias antes do segundo turno das eleições, embora não haja indícios de que tenha sido compartilhado diretamente com Bolsonaro.
Dentre as ações previstas após o golpe, o documento mencionava a nomeação de um interventor, o afastamento e a abertura de inquéritos contra ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e outras autoridades, além da definição de um prazo para a realização de novas eleições. Todas essas medidas seriam tomadas mediante a autorização do presidente da República.
Além disso, a minuta insinuava, sem apresentar provas, que ministros do TSE estariam envolvidos em “atos com violação da prerrogativa de outros poderes”. Como resultado, o documento determinava a substituição desses ministros pelos próximos na linha de sucessão no Supremo Tribunal Federal (STF), o que incluía dois indicados por Bolsonaro: Kassio Nunes Marques e André Mendonça.