Evento do Dia da Independência pretende desvincular-se do tom ideológico e reforçar a identidade civil em meio a desafios políticos e de segurança.
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Neste primeiro 7 de Setembro do novo mandato presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) almeja marcar uma ruptura com a trajetória política e ideológica dos últimos quatro anos, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL). O presidente empossado busca resgatar o espírito cívico nacional inerente à data, desvinculando-a das tintas partidárias que a permearam recentemente.
A festividade da Independência, que ocorre logo após o mandato de Bolsonaro, se desenha sob o espectro das invasões às sedes dos Três Poderes em janeiro deste ano. Enquanto investigações sobre eventuais delitos de militares estão em andamento, a segurança do evento é uma preocupação central, dada a possibilidade de mobilizações em apoio ao bolsonarismo.
Grupos de apoiadores do ex-presidente Bolsonaro revelam uma divisão: alguns clamam por protestos, enquanto outros advogam pelo esvaziamento do evento, buscando demonstrar a falta de respaldo político ao atual governo. Para o professor de ciências políticas da Universidade de Brasília (UnB), Rodrigo Lentz, parte do bolsonarismo, em especial aqueles alinhados com a cultura política militar, se sente frustrada com a falta de apoio das Forças Armadas a posturas antidemocráticas.
A desmilitarização da política é um pano de fundo para a atual conjuntura de tensões entre militares e o poder civil. Investigações sobre eventos de janeiro respingam em oficiais de alta patente, abalando sua relação com o governo e a opinião pública. Nesse contexto, Lula apoia um plano de proteção às Forças Armadas, visando punir aqueles envolvidos em tentativas golpistas, mas sem fragilizar as instituições.
O evento do Dia da Independência deste ano tende a manter uma atmosfera militarizada, apesar dos esforços para enfatizar sua identidade civil. O presidente Lula já demonstrou seu compromisso com a missão constitucional das Forças Armadas e enfatizou a importância dos princípios éticos e valores morais na condução de seus membros.
Em termos de segurança, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) planeja ações similares às realizadas na posse presidencial, com a Força Nacional e agentes da Polícia Federal em apoio. No entanto, mudanças na estrutura do evento estão em andamento, e o governo do Distrito Federal requisitou um reforço no policiamento para a data.
A celebração deste 7 de Setembro marca uma tentativa de recuperação do caráter cívico e nacional da festividade após anos de conturbação política. O desafio reside em conciliar a necessidade de reforçar a democracia e o respeito às instituições com as sombras do passado recente.