Antônio Luiz Neto alega desacato à legislação e comportamento ditatorial de Marino Abreu
Foto: Ed Machado/Folha de Pernambuco |
Em meio a um cenário de turbulências internas, o Santa Cruz Futebol Clube viu-se envolto em mais um episódio de discordância interna, desta vez relacionado à reprovação das contas da gestão executiva do ano de 2022. O presidente do clube, Antônio Luiz Neto, através de sua assessoria de comunicação, proferiu suas primeiras palavras sobre o assunto, denunciando o que chamou de desrespeito à legislação e autoritarismo por parte do presidente do Conselho Deliberativo, Marino Abreu.
Na última segunda-feira (28), o Conselho Deliberativo do Santa Cruz tomou uma decisão unânime ao acatar a recomendação do Conselho Fiscal. Este último órgão emitiu um parecer que recomendava a reprovação das contas da gestão de Antônio Luiz Neto, alegando “falhas nos controles internos”. Marino Abreu, presidente do Conselho Deliberativo, apontou irregularidades no referido parecer, tais como o aumento da dívida, antecipação de cotas e atrasos de salários que não foram devidamente comunicados pelo Executivo.
No entanto, o presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, não poupou críticas ao presidente do Conselho Deliberativo em sua declaração. Segundo ele, Marino Abreu teria desacatado a legislação ao não implementar a decisão da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), que elegeu e empossou 300 conselheiros e determinou a reinserção da Comissão Patrimonial no estatuto do clube. De acordo com o mandatário coral, essa atitude resultou em uma intervenção judicial. Neto também denunciou que Marino Abreu convocou uma reunião anual para apreciar as contas do Executivo, e mesmo com pareceres favoráveis, os conselheiros trataram de rejeitá-las, impedindo a entrada dos 300 conselheiros no auditório para votar, o que, nas palavras de Neto, configura mais um desacato à justiça.
Antônio Luiz Neto não poupou críticas ao comportamento de Marino Abreu, classificando-o como “ditatorial” e acusando-o de gerar conflitos no Santa Cruz. Ele ressaltou a importância de uma gestão unida em um momento em que o clube está tentando implementar a Sociedade Anônima do Futebol (SAF) e enfrentando uma recuperação judicial para evitar a falência e a perda do patrimônio do Santa Cruz.
Por sua vez, Marino Abreu, também nesta terça-feira (29), explicou as ações do Conselho Deliberativo e justificou a decisão de reprovar as contas de 2022. Ele alegou que se baseou em princípios legais, afirmando que qualquer alteração em um mandato só vale para a próxima legislatura, seguindo, assim, a decisão tomada pelo pleno do conselho. Abreu também mencionou que a decisão judicial que determinava o cumprimento da assembleia estava suspensa, o que o levou a seguir o que estava em vigor na época, ou seja, a decisão do pleno do conselho, resultando na entrada apenas dos conselheiros eleitos em 2020.
O caso continua gerando discussões e desentendimentos no Santa Cruz Futebol Clube, um dos clubes mais tradicionais do Nordeste brasileiro, enquanto seus torcedores e a comunidade esportiva aguardam por uma resolução que possa trazer estabilidade e unidade à instituição.