Ministério de Minas e Energia Anuncia Investigação sobre Interrupção Nacional de Energia

Evento Raro Desencadeia Investigação Conjunta por Órgãos de Segurança e Energia.

Alexandre Silveira
Foto: Joédson Alves/AGB
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, pronunciou-se hoje sobre a interrupção extraordinária no fornecimento de energia elétrica que ocorreu na manhã desta terça-feira em todas as regiões do país. O ministro destacou a raridade do evento e ressaltou a complexidade das investigações necessárias para identificar as causas. Além das apurações internas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), o Ministério da Justiça e Segurança Pública foi acionado para que a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) também participem das investigações.
O evento, que resultou na interrupção simultânea de energia em todas as regiões do país, foi categorizado como extremamente raro pelo ministro Silveira. Em suas palavras, “Tenho absoluta convicção de que o ONS, até pela sua característica técnica, não vai ter condição de dizer textualmente se esses eventos foram eminentemente técnicos, ou se houve também falha humana ou até dolo.” O setor de energia elétrica é considerado altamente estratégico, sensível e crucial para o funcionamento da sociedade brasileira.
Segundo as informações já disponíveis, o evento teve início devido a uma sobrecarga em uma linha de transmissão de energia localizada no Ceará, o que levou ao colapso das regiões Norte e Nordeste. O ONS rapidamente modulou a carga de energia enviada para as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste como medida de proteção, resultando em redução de energia nessas áreas. A interrupção total alcançou uma capacidade de pelo menos 16 mil megawatts (MW).
O ministro Alexandre Silveira enfatizou que o ONS continuará avaliando a possibilidade de um segundo evento ter ocorrido simultaneamente em outra parte do país. “O único evento que se pode afirmar é esse no Ceará. Ainda não há outro evento apontado pelo ONS, mas leva-se a presumir que tivemos um segundo evento que causou esse evento dessa magnitude,” disse ele. Silveira também mencionou a redundância do sistema energético do país e destacou a necessidade de eventos relevantes ocorrerem simultaneamente para resultar em uma interrupção tão ampla.
A previsão é que o ONS apresente as conclusões preliminares sobre o incidente nas próximas 48 horas. Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, a energia foi restaurada aproximadamente uma hora após a interrupção, enquanto no Norte e no Nordeste o fornecimento foi completamente retomado às 14h49.
O ministro também reiterou que o evento não compromete o suprimento ou a segurança energética do Brasil, destacando a abundância atual nos reservatórios. Ele enfatizou que, apesar do ocorrido, o Brasil recentemente exportou energia para a Argentina quando os reservatórios de Itaipu e Furnas estavam em níveis elevados.
A queda de energia impactou 25 estados e o Distrito Federal, afetando cerca de 27 milhões de pessoas, equivalente a um terço dos consumidores brasileiros. Roraima foi o único estado não afetado, pois não é integrado ao Sistema Interligado Nacional.
Durante a coletiva, o ministro Silveira também expressou críticas à privatização da Eletrobras, empresa que detém grande parte da geração e transmissão de energia no Brasil. Embora ele tenha evitado estabelecer uma relação direta entre o evento e a privatização, ele defendeu a importância de um controle sólido do Estado sobre setores estratégicos como energia, saúde, segurança e educação.
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