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Em fala durante a cerimônia de encerramento do programa Alepe Mulher, a deputada Delegada Gleide Ângelo fez um apelo para o envolvimento e diálogo entre os órgãos competentes e sociedade civil para que sejam priorizadas ações pelo fim da violência contra as mulheres. Pelo menos 43 mulheres foram assassinadas em Pernambuco desde o inicio do ano, ou seja, ao menos uma mulher é morta a cada dois dias em nosso estado.
“Como Delegada de Polícia, sabemos que muitas são as mulheres que denunciam, pedem medidas protetivas, mas ainda assim, são assassinadas. E isso acontece porque a rede de proteção à vida das mulheres continua falhando. E essa falha acontece no instante em que as instituições não compreendem o seu papel no trabalho em rede. Não há diálogo entre os organismos. Precisamos integrar verdadeiramente este serviço, porque, eu digo a vocês, nenhuma instituição faz política de mulher sozinha. Enquanto não houver diálogo, não haverá como salvar a vida dessas mulheres”, pontuou.
A parlamentar ainda falou sobre a insuficiência do atendimento feito pelas delegacias especializadas. “Apesar de termos 184 municípios, temos apenas 15 delegacias de proteção às mulheres. Dessas, apenas seis delas disponibilizam atendimento 24h por dia, sete dias por semana – e são nesses períodos em que há o maior incidência dos casos. Mas, o que estamos vendo, é Pernambuco selecionando a vida de qual mulher tem mais importância. Quer dizer que a vida das mulheres de Palmares e de toda a mata sul têm menos importância do que a vida das mulheres de Recife ou Jaboatão, por exemplo?”, questionou a deputada que, em seu primeiro mandato, foi a grande articuladora entre o executivo e os municípios para a criação e instalação de quatro novas unidades das Delegacias da Mulher, nas cidades de Olinda, na região metropolitana, Palmares, na mata sul, em Arcoverde e Salgueiro, no sertão.
A fim de promover o diálogo entre os organismos e a população, a deputada, que também foi reeleita para a presidência da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Assembleia, reiterou seu compromisso para convocação de uma audiência publica para monitorar e debater a recorrência e o aumento nos casos de violência contra as mulheres no estado. “Se as instituições e a sociedade não conversarem, nem se comprometerem na construção de um pacto coletivo de enfrentamento à violência contra a mulher em nosso estado, vamos apenas seguir contando os casos e as vezes em que mulheres perdem a vida para a omissão, a covardia e o machismo”, concluiu.
EVENTO — O projeto Alepe mulher foi uma iniciativa da Casa Legislativa alusivo ao mês Março Mulher. Durante a última semana, foi montada uma grande estrutura de serviços de saúde e de lazer para as para as servidoras da instituição. Atuaram como parceiros do evento instituições como Fundação Altino Ventura, Instituto Alcides Teixeira, Amigo do Peito, Secretaria Municipal de Saúde do Recife, Clínica Sinergia, ITB, Senac e Marques Consult. De acordo com a superintendência da Alepe, foram registrados quase três mil atendimentos médicos, entre consultas e exames. Também houve palestras e debates sobre temas como defesa dos direitos da mulher, feminicídio e cuidados com a saúde e alimentação saudável, por exemplo.