82% dos garimpeiros saíram das terras yanomamis, segundo Sonia Guajajara

A ministra ainda alertou que os criminosos restantes estão ligados ao narcotráfico e ao crime organizado

Foto: Leandro Fonseca/Exame

A ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, afirmou que 82% dos garimpeiros, que invadiram território do povo Yanomami, foram expulsos por operações de combate ao crime organizado.
Os dados apresentados são do Ibama e da Polícia Federal. A informação foi revelada durante entrevista da ministra ao Repórter Brasil, publicada nesta segunda-feira (10). Segundo ela, ainda há invasores na região, que tem ligação com o tráfico de drogas e crime organizado.
“Junho foi um mês que não teve nenhum alerta de novo garimpo. Agora nessa fase final tem uma situação bem mais violenta e perigosa. Tem aquelas pessoas que resistem em sair do território, se escondem, e estão provocando conflitos”.
Sonia lembrou que será necessária “uma força de segurança maior” para expulsar os criminosos que permanecem nas terras. O exército foi chamado para auxiliar nas operações. “Agora, o Exército entrou também para fazer esse combate e ações de repressão e de apreensão. Estamos acreditando que até o final do ano a gente consiga retirar todos os invasores”, informou.
Dados do ministério mostraram que, nos primeiros dias à frente da pasta, a ministra teve o complicado desafio de diminuir a tragédia yanomami. Cerca de 570 indígenas, entre adultos e crianças, morreram pela falta de assistência básica.
Sonia criticou o estado de atenção aos povos indígenas deixado pelo governo Bolsonaro. “É um cenário de terra arrasada. Para além do déficit orçamentário, também tem um déficit de recursos humanos”, lembrou.
Na entrevista a ministra ainda comentou sobre a aprovação do “marco temporal”, projeto de lei que prevê a mudança das demarcações das terras indígenas do poder Executivo para o Legislativo. Nessa lei, apenas terras indígenas ocupada durante à criação da Constituição em 1988 seriam demarcadas. “É um retrocesso total”, disse indignada.
Lula

Política Lula faz reunião sobre ações emergenciais na Terra Yanomami

Impedir transporte para abastecer criminosos é uma das medidas

Lula
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez reunião hoje (30/01) para tratar de ações emergenciais para proteção e auxílio aos yanomami, povo que vive uma crise sanitária que já resultou na morte de 570 crianças por desnutrição e causas evitáveis, nos últimos quatro anos.
Entre as ações previstas estão a assistência nutricional e de saúde, com alimentos adequados aos hábitos dos indígenas, e a garantia de segurança necessária para que equipes de saúde possam atuar nas aldeias. Outra prioridade é garantir rapidamente o acesso a água potável por meio de poços artesianos ou cisternas e medir a contaminação por mercúrio dos rios e nas pessoas.
A Terra Indígena (TI) Yanomami é a maior do país em extensão territorial e sofre com a invasão de garimpeiros. A contaminação da água pelo mercúrio utilizado no garimpo e o desmatamento impacta na segurança e disponibilidade de alimento nas comunidades.
“O presidente determinou que todas essas ações sejam feitas no menor prazo, para estancar a mortandade e auxiliar as famílias yanomami”, informou a Presidência, em nota.
Para combater o garimpo ilegal e outras atividades criminosas na região, devem ser adotadas iniciativas que impeçam o transporte aéreo e fluvial que abastece os grupos criminosos.

“As ações também visam impedir o acesso de pessoas não autorizadas pelo poder público à região buscando não apenas impedir atividades ilegais, mas também a disseminação de doenças”.

Participaram do encontro os ministros da Casa Civil, Rui Costa; da Justiça, Flávio Dino; da Defesa, José Mucio; dos Povos Originários, Sônia Guajajara; dos Direitos Humanos, Silvio de Almeida; de Minas e Energia, Alexandre Silveira; das Relações Institucionais, Alexandre Padilha; além do comandante da Aeronáutica, Marcelo Damasceno; a presidenta da Funai, Joenia Wapichana; e o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Swedenberger Barbosa.
Embora entidades indígenas e órgãos como o Ministério Público Federal (MPF) já denunciem a falta de assistência a essas comunidades há muito tempo, agora, com a posse do presidente Lula, o governo federal está implementando medidas emergenciais para socorrer os yanomami.
A última delas, nesta segunda-feira, o Ministério da Justiça e Segurança Pública criou um grupo de trabalho que deverá apresentar propostas de ações a serem implementadas pelo governo federal a fim de combater a ação de organizações criminosas em terras indígenas, incluindo o garimpo ilegal.
Agência Brasil