“Vou folhear o relatório de 800 páginas para ver se fala sobre falta de merenda”, dispara Sileno

Deputado criticou a preocupação do atual governo em atacar a gestão anterior enquanto se omite na resolução de problemas em áreas que eram referência, como a educação

Foto: Wesley D’Almeida

O líder do PSB na Assembleia Legislativa (Alepe), deputado Sileno Guedes, subiu o tom contra o Governo de Pernambuco, nesta quarta-feira (12), ao comentar sobre a falta de merenda, kit escolar e fardamento nas escolas da rede estadual de ensino. Segundo o parlamentar, a gestão estadual se preocupou em fazer um relatório de mais de 800 páginas para atacar o governo anterior e se esquece de resolver os problemas que ela própria tem criado em áreas que eram referência, como a educação.
“Hoje, uma emissora de TV dedicou parte de sua programação para falar da falta de merenda, de kit escolar, de fardamento e até de carregamento do Passe Livre dos estudantes da rede pública de ensino. Quando isso vai parar na televisão é porque já está acontecendo há um tempo. E não foi em uma escola escondida, não. Foi na Escola Barbosa Lima, aqui na Avenida Agamenon Magalhães, bem debaixo dos olhos de todos nós”, criticou o parlamentar, durante fala na tribuna da Alepe.
Ainda segundo Sileno, apesar de o Governo alegar que os problemas nas escolas se devem a licitações que ainda estavam em andamento em dezembro passado, o mês de janeiro era justamente o período em que a atual gestão deveria ter se preocupado com as matrículas dos estudantes e com os contratos e licitações referentes ao novo ano letivo, o que não ocorreu devido a exonerações indiscriminadas, feitas pela atual gestão, de servidores que atuavam na execução desses trabalhos.
“Não sei nem se esse documento de 800 páginas fala sobre isso. Vou até dar uma folheada para ver se tem algum capítulo específico que fala sobre a falta de merenda”, ironizou o deputado, completando que, até o fim do ano, ainda na gestão do PSB, “tinha merenda, kit escolar e fardamento escolar e as merendeiras e terceirizados recebiam seus salários”.
Sileno afirmou, por fim, que está solicitando ao deputado Waldemar Borges (PSB), presidente da Comissão de Educação e Cultura da Alepe, que a secretária estadual de Educação, Ivaneide Dantas, seja convocada para dar explicações sobre esses problemas. “Ninguém fica sem comer um dia. Não existe escola integral sem almoço. Esse povo precisa acordar, pegar no serviço e fazer o que tem que ser feito”, disse.

Governadora Raquel Lyra entrega relatório com diagnóstico de Pernambuco à Alepe e ao TCE

Foto: Hesíodo Góes/Secom
Após a apresentação do Relatório de Diagnóstico da Situação do Governo de Pernambuco referente aos primeiros 100 dias de Governo aos secretários estaduais, a governadora Raquel Lyra deu continuidade à agenda nesta segunda (10), e realizou a entrega do material a deputados estaduais, na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe), e aos representantes do Tribunal de Contas do Estado (TCE). A intenção é poder dividir com os órgãos e instituições os achados, que incluem indicadores econômicos e sociais para projetar os resultados do futuro. A vice-governadora Priscila Krause também acompanhou os encontros.

Na Alepe, a chefe do Executivo e sua vice foram recebidas pelo presidente da Casa, Álvaro Porto. “A gente não muda se não souber o ponto de partida. Nesses primeiros dias de governo, precisamos mergulhar em cada um dos desafios que Pernambuco tem, ter clareza dos problemas e garantir o que vamos fazer daqui para frente. Assim vamos poder melhorar a qualidade de vida do nosso povo”, ressaltou Raquel Lyra.

“Já fizemos entregas importantes, como a regularização fundiária com a entrega de mais de 1.700 títulos de posse, e entrega do Habitacional Canal do Jordão, o funcionamento de seis Delegacias da Mulher 24 horas na capital e no interior, mais escolas em tempo integral e o Cuida Pernambuco Mulher, que tem garantido a redução da fila de exames e consultas”, complementou a governadora, ao ser recebida no TCE pelo presidente Ranilson Ramos.

O Diagnóstico da Situação do Governo do Estado de Pernambuco demonstrou o desequilíbrio nas contas públicas. Com base no Relatório Resumido da Execução Orçamentária da Sefaz, as despesas aumentaram R$ 9,18 bilhões (22%) somente no ano de 2022, enquanto as receitas cresceram R$ 7,15 bilhões (16%). Como resultado, Pernambuco registrou déficit primário de R$ 567 milhões no ano passado, sendo o pior resultado fiscal desde 2015.

“Temos certeza de que os deputados e a Casa, todos estamos torcendo para que dê certo. E, no que a gente puder ajudar, vamos fazer. Está todo mundo unido para isso, independentemente de governo, de oposição de (bancada) independente, o pensamento da Casa é em Pernambuco e o trabalho é para que dê certo. A gente torce para que dê certo, porque dando certo, vai ser bom para todo mundo. A Casa estará junto nessa batalha, que será vitoriosa”, acrescentou o presidente da Alepe, Álvaro Porto.

O presidente do TCE, Ranilson Ramos, recebeu o livro do relatório e ressaltou que o órgão mantém o dever de examinar os números. “Cada relatório, em todos os exercícios, é analisado porque essa é a nossa competência constitucional. Então, os números que forem observados pela fiscalização deste tribunal serão resposta para a sociedade”, disse.

Na primeira semana deste ano, o Governo tinha disponibilidade líquida desvinculada de R$ 395 milhões. Destes, R$ 303 milhões foram executados já na primeira semana do ano, restando, de fato, apenas R$ 92 milhões no caixa.

A Lei Orçamentária Anual de 2023 prevê R$ 43,7 bilhões em despesas, valor que é R$ 7,7 bilhões menor do que o projetado para o ano a partir do liquidado em 2022. Já a participação das despesas líquidas com pessoal projetada para o primeiro quadrimestre de 2023 supera o limite de 46,55% disposto na Lei de Responsabilidade Fiscal.

Algumas consequências destes cenários são a indisponibilidades orçamentaria de R$ 60 milhões para pagar o 13° do Bolsa Família; de R$ 1,2 bilhão no orçamento para concluir obras em estradas estaduais; e R$ 70 milhões para realizar a obra de ampliação de vagas prisionais no Complexo do Curado.

O problema afeta também as obras que nunca foram entregues à população. O diagnóstico, com base em diagnóstico levantado pela Secretaria da Controladoria Geral do Estado, aponta que em todo o estado há mais de 400 obras paralisadas, na ordem de R$ 5 bilhões, a exemplo da Adutora do Agreste; Corredor Leste-Oeste BRT; Habitacionais Dancing Days/Sítio Grande; Barragens da Zona da Mata Sul; e o complexo penitenciário de Araçoiaba.

O relatório também trouxe à luz que entre 2021 e 2022, foram firmados 134 novos convênios com municípios. No entanto, há R$ 197 milhões em dívida do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento Municipal (FEM), que foi revogado em 2016. Outros pontos críticos elencados tratam por exemplo da situação da Compesa, do Arquipélago de Fernando de Noronha, do Porto de Suape e do Sassepe.

Na Alepe, também estiveram presentes os deputados Izaías Régis, José Patriota, Jarbas Filho, Rodrigo Novaes, Cleiton Collins, Renato Antunes, Mário Ricardo, Eriberto Filho, Henrique Queiroz, Claudiano Martins Filho, Débora Almeida, Joaquim Lira, Kaio Maniçoba, Joãozinho Tenório, France Hacker e Nino de Enoque.

Já no TCE, os conselheiros presentes foram conselheiros Teresa Duere (vice-presidente), Carlos Porto, Valdecir Pascoal, Dirceu Rodolfo, Marcos Loreto e Carlos Neves. O secretário chefe da Assessoria Especial, Fernando Holanda, e o secretário-executivo da Casa Civil, Rubens Júnior, acompanharam a agenda.