Investigação da Polícia Federal foca em venda de joias de governos estrangeiros, enquanto Bolsonaro alega que ex-ajudante tinha autonomia nas ações.
Foto: Caio Rocha/Shoot/ AG |
Nos últimos dias, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem sido o foco de escândalos em Brasília, relacionados à venda de joias presenteadas por governos estrangeiros, as quais teriam sido desviadas do acervo da União. O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, surge como peça-chave nesse episódio, enquanto o ex-presidente tenta se desvencilhar das possíveis acusações.
Ao ser questionado sobre a questão, Bolsonaro afirmou em entrevista ao Correio que o tenente-coronel Mauro Cid tinha autonomia em suas ações e que ele mesmo não teria ordenado a venda das joias. Em suas palavras: “Ele tinha autonomia. Eu não mandei ele vender nada. Joias é tudo como (item) personalíssimo, ou seja, é do presidente”. O ex-presidente alegou que o tempo esclarecerá os detalhes da investigação da Polícia Federal.
Entretanto, o cenário parece ter se complicado com as declarações do advogado de Mauro Cid, Cezar Bitencourt, à revista Veja. Inicialmente, Bitencourt afirmou que seu cliente confessaria a venda das joias e a entrega dos valores em espécie para Bolsonaro. No entanto, posteriormente, o advogado mudou sua versão, alegando que o tenente-coronel não iria “dedurar” o ex-presidente.
Bolsonaro também comentou sobre a legislação em torno dos itens personalíssimos, afirmando que a portaria de 2018 do governo Temer permitiria que as joias fossem de uso pessoal. Porém, durante sua própria gestão em 2021, essa portaria foi revogada e as joias recebidas voltaram a ser consideradas patrimônio da União. O ex-presidente ressaltou as dificuldades de lidar com presentes recebidos, alegando que possuía nove mil itens, sendo metade deles camisetas e bonés.
O desenrolar desse caso levou a uma investigação mais aprofundada, resultando na quebra de sigilos fiscais e bancários do ex-presidente e sua esposa, Michelle Bolsonaro. Tal medida foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro admitiu que a situação é incômoda, porém, afirmou “não ter problema” com as investigações em curso. Enfrentando especulações sobre a possibilidade de prisão, ele respondeu que está sob pressão desde antes de assumir a Presidência.
Nesse contexto de acusações e investigações, a verdade por trás das ações envolvendo a venda das joias e seu possível desvio do acervo da União continua a ser esclarecida, enquanto o ex-presidente Bolsonaro busca se desvincular de qualquer responsabilidade direta no caso.