Novo Ensino Médio

Secretários estaduais de Educação solicitam adiamento das mudanças do Novo Ensino Médio para 2025

Em carta ao Ministério da Educação, representantes pedem postergação das alterações propostas e destacam preocupações

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Foto: Agência O Globo
Os secretários estaduais de Educação entregaram uma carta ao Ministério da Educação (MEC), na segunda-feira (21), solicitando que as mudanças relacionadas ao Novo Ensino Médio sejam implementadas somente a partir de 2025. A reivindicação foi assinada por líderes educacionais, incluindo o presidente do Conselho Nacional de Educação, Luiz Roberto Liza Curi, o presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação, Vitor de Angelo, e o presidente do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação, Ricardo Tonassi.
No documento, obtido pelo Estadão, e que será entregue ao ministro Camilo Santana nesta terça-feira, (22), os signatários expressam críticas em relação a pontos específicos da proposta do MEC. Eles destacam que qualquer mudança para o ano letivo de 2024 é inviável, uma vez que o planejamento já está em andamento de acordo com a legislação atual.
Embora o ministro Camilo Santana tenha manifestado urgência em enviar um projeto de lei ao Congresso para acelerar a implementação das transformações, os secretários e conselhos estaduais defendem que a reforma do Ensino Médio seja postergada para 2025.
Aprovada em 2017, a reforma do Ensino Médio prevê a flexibilização da carga horária, permitindo que os estudantes escolham matérias com base em suas preferências. No entanto, os secretários e conselhos defendem uma carga horária de 2100 horas para a formação geral básica, 300 a menos do que a proposta do governo federal. A justificativa é que as 800 horas restantes inviabilizariam a oferta de ensino técnico.
Além disso, eles solicitam autonomia para os estados definirem seus próprios itinerários formativos, rebatizados pelo MEC de Percursos de Aprofundamento e Integração de Estudos. A implementação da reforma tem gerado críticas, especialmente na rede pública, devido a questões como falta de infraestrutura e preparo insuficiente dos professores para as novas aulas.
Mobilização dos Estudantes em Busca Por Mais Diretos

Mobilização Nacional de Estudantes Pede Revisão do Novo Ensino Médio e Mais Assistência Estudantil

União de Entidades Estudantis Convoca Manifestações em Defesa dos Direitos dos Estudantes. 

Mobilização dos Estudantes em Busca Por Mais Diretos
Foto: Rovena Rosa/AGB
Em um movimento conjunto, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) estão convocando mobilizações em todo o país no Dia do Estudante, 11 de agosto. O foco da manifestação é a reivindicação por revisões no Novo Ensino Médio, promulgado pela Lei 13.415/2017, e a ampliação da assistência estudantil em todos os níveis educacionais.
A presidente da UNE, Manuella Mirella, afirma: “A gente vai às ruas pela garantia dos direitos dos estudantes.” O presidente da ANPG, Vinícius Soares, acrescenta que historicamente as entidades estudantis escolheram o dia 11 de agosto para convocar jornadas de lutas em defesa da educação.
O cerne da questão é o Novo Ensino Médio, implantado gradualmente nas escolas desde o ano passado. O modelo traz uma parte do currículo comum, estabelecida pela Base Nacional Comum Curricular, e outra parte com itinerários formativos escolhidos pelos estudantes. Entretanto, críticos alegam que isso acentua a desigualdade, especialmente entre instituições públicas e privadas, pois a formação completa depende das condições locais.
De acordo com Jade Beatriz, presidente da UBES, os estudantes enfrentam aulas desvinculadas de suas necessidades, prejudicando sua preparação para exames como o Enem. Ela destaca a busca por itinerários de qualidade e relevantes, ao invés de disciplinas irrelevantes.
O Ministério da Educação (MEC) anunciou a revisão do Novo Ensino Médio. Resultados de uma Consulta Pública realizada no primeiro semestre foram divulgados recentemente, com mais de 11 mil contribuições. Entre as propostas estão a ampliação da carga horária da parte comum e a reestruturação do currículo.
Contudo, as mudanças devem demorar a ser implementadas, pois a lei atual permanece vigente. O MEC conduzirá o processo e encaminhará propostas ao Congresso Nacional. A presidente da UNE, Mirella, otimista, destaca o reconhecimento das vozes dos estudantes.
Outra demanda é a assistência estudantil. Os estudantes buscam ampliação nas áreas da educação básica e superior, incluindo acesso a alimentação, transporte, moradia e auxílio financeiro. A presidente da UNE salienta que a permanência na universidade é vital e propõe ações como transporte público gratuito e restaurantes universitários.
Além disso, os estudantes da pós-graduação pleiteiam o reconhecimento do tempo dedicado à pesquisa como tempo para aposentadoria. Segundo Vinícius Soares, presidente da ANPG, a previdência é uma demanda de longa data, buscando valorizar os jovens pesquisadores.
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Ministro da Educação afirma que Congresso vai receber o PL para revisão da reforma do ensino médio

Proposta do MEC inclui redução da carga horária no currículo diversificado e mudanças na especialização

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Foto: Getty Imagens

O Ministro da Educação (MEC), Camilo Santana (PT), pretende apresentar um projeto de lei ao Congresso Nacional até o início de setembro, com o objetivo de rever a reforma do ensino médio. As mudanças propostas pelo MEC envolvem a redução pela metade da carga horária no currículo diversificado, diminuição das opções de áreas de especialização de quatro para duas e inclusão de cursos técnicos.
O ministro estabeleceu o prazo de 21 de agosto para diálogo sobre a proposta com redes de ensino e organizações. O Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), que representa secretários de educação estaduais, tem mantido um diálogo com o ministro após uma inicial oposição a mudanças profundas no ensino médio.
“Até o dia 21 vamos poder consolidar e finalizar a proposta e a partir daí remeter ao Congresso Nacional”, informou o ministro. “Vamos dialogar com as duas casas do Congresso [Câmara e Senado]”, completou.
O governo busca a aprovação legislativa do projeto até o final deste ano. O Ministro assegurou que o Enem permanecerá sem modificações até 2025, mantendo o formato atual como principal acesso ao ensino superior até pelo menos 2024.

Não há nada novo no novo ensino médio

Foto: Divulgação
A decisão do governo Lula de mexer no Novo Ensino Médio (NEM) vem movimentando o noticiário e o debate sobre o tema nas últimas semanas. Aprovada como a Medida Provisória nº 746 no governo Michel Temer, tramitou de maneira acelerada até virar a Lei 13.415/17, sem nenhum debate com os vários setores que compõe a educação, como professores, estudantes, técnicos e pais. A iniciativa foi contestada e combatida pelas entidades estudantis, sindicais e afins desde o princípio. A Legislação em si veio a ser instituída em meio à pandemia do Covid-19, já no governo Bolsonaro.
Focada apenas numa espécie de empreendedorismo de baixa complexidade, envelopado num enfoque profissionalizante, o NEM retira da grade curricular horas-aula de disciplinas básicas para incluir matérias teoricamente ligadas aos interesses dos estudantes, priorizando as disciplinas de Português e Matemática, e tornando opcional praticamente todo o resto do currículo, cabendo ao aluno eleger o que quer cursar. O novo modelo é obrigatório tanto em escolas públicas quanto privadas.
As mudanças entraram parcialmente em vigor em 2022, o cronograma prevê uma implantação gradual até 2024. É consensual nas entidades que atuam no campo educacional que o Novo Ensino Médio já vem dificultando a gestão escolar, sacrificando trabalhadores da Educação, piorando a qualidade do ensino e prejudicando os estudantes em particular. A partir dessas constatações, se formou uma coalizão contra o Novo Ensino Médio, com vários atos e protestos pelo país. É uma vitória desses movimentos a consulta pública proposta pelo Ministério da Educação sobre o NEM que transcorrerá por 90 dias no primeiro semestre 2023.
Os problemas no NEM são vários, comecemos com o aumento da carga-horária anual de 800 para 1000 horas-aula, de 4 para 7 horas-aula diárias, a medida não tem amparo técnico algum, podendo acarretar uma fadiga escolar e uma sobrecarga em todos que atuam nas escolas, sejam como técnicos ou como professores, inclusive contribuindo para uma maior evasão dos nossos estudantes. A maioria das nossas escolas públicas não possuem infraestrutura para cumprir o proposto no NEM, já que precisariam de mais espaço físico para dar conta do cumprimento dos diferentes itinerários propostos, isso se agrava ainda mais nas cidades pequenas, que possuem uma ou duas escolas, não sendo possível se enquadrarem no formato proposto.
Outra questão, a que me preocupa mais, é a que o novo formato é engessado, mais técnico, o que vai aumentar ainda mais as desigualdades já existentes entre os estudantes que cursam o ensino público e os que o fazem na rede particular de ensino. Os mais pobres seriam as grandes vítimas, caso o NEM siga no formato que está proposto.
Chama a atenção também que a relativização do currículo no que tange as disciplinas mais formativas, isso contribuirá decididamente para formar um cidadão cada vez menos crítico e reflexivo, com o argumento equivocado que a escola deve formar para o trabalho. Ora, ela precisa ajudar o estudante a refletir e compreender criticamente o mundo em que está inserido!
O NEM acaba lembrando muito o que a Ditadura Militar no Brasil fez com a educação, em particular no que diz respeito ao seu enfoque no ensino de tipo profissionalizante. Antes da Ditadura as escolas públicas eram as mais concorridas, disputadas pela população, pelo ensino de qualidade que ofereciam. O regime desmontou isso, precarizando nossas escolas, incentivando o ensino fundamental e médio privado, com as mais variadas medidas legislativas e econômicas, criando uma clivagem social que descambou para a elitização do acesso ao ensino superior.
A educação na Ditadura era pensada na lógica que aos pobres cabia no máximo o Ensino Médio, para tanto incentivaram o fortalecimento de cursos técnicos de cunho prático para a formação de mão de obra barata. As universidades deveriam ser ocupadas pelas elites, e não por todos, ao menos na lógica deles.
O pós-ditadura se empenhou no resgate da escola pública, gratuita e de qualidade, em particular nos dois primeiros governos do presidente Lula. É do período da Constituição de 1988 em diante a definição das verbas constitucionais para a Educação, criação de fundos e dispositivos legais de incentivo as escolas e ao ensino público, escolas em tempo integral, mudanças curriculares, volta do ensino de Filosofia e Sociologia e o piso salarial dos professores.
Para tudo isso acontecer foi e continua sendo essencial a ampla participação de todos os setores que vivem a educação brasileira, de maneira coletiva e democrática, em cada escola, cidade e Estado, inclusive retomando as conferências de educação. Só assim retomaremos a construção de uma real educação pública, gratuita e de qualidade, o NEM não fez e não faz parte disso. Revogação já.
Thiago Modenesi
É professor Universitário, Historiador,
Pedagogo e editor na Editora Quadriculando.
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Governo abre consulta pública sobre novo ensino médio

Portaria foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial

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Foto: Gabriel Jabur – Agência Brasília
O Ministério da Educação (MEC) abriu consulta pública para avaliação e reestruturação da política nacional de ensino médio. A portaria foi publicada nesta quinta-feira no Diário Oficial da União e dá prazo de 90 dias para as manifestações, com possibilidade de prorrogação.
A consulta será implementada por meio de audiências públicas, oficinas de trabalho, seminários e pesquisas nacionais com estudantes, professores e gestores escolares sobre a experiência de implementação do novo ensino médio nos 26 estados e Distrito Federal.
As ações serão coordenadas pelo MEC, por meio da Secretaria de Articulação Intersetorial e com os Sistemas de Ensino (Sase), com a colaboração do Conselho Nacional de Educação (CNE), do Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais e Distrital de Educação (Foncede) e do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
Após o prazo de manifestações, a Sase terá 30 dias para elaborar o relatório final a ser encaminhado ao ministro da Educação, Camilo Santana.
De acordo com o MEC, o objetivo da consulta é “abrir o diálogo com a sociedade civil, a comunidade escolar, os profissionais do magistério, as equipes técnicas dos sistemas de ensino, os estudantes, os pesquisadores e os especialistas do campo da educação para a coleta de subsídios para a tomada de decisão do Ministério da Educação acerca dos atos normativos que regulamentam o novo ensino médio”.
A atual política de ensino médio foi aprovada por lei em 2017, durante o governo do ex-presidente Michel Temer, com o objetivo de tornar a etapa mais atrativa e evitar que os estudantes abandonem os estudos.
A implementação ocorre de forma escalonada até 2024. Em 2022, ela começou pelo 1º ano do ensino médio com a ampliação da carga horária para pelo menos cinco horas diárias. Pela lei, para que o novo modelo seja possível, as escolas devem ampliar a carga horária para 1,4 mil horas anuais, o que equivale a sete horas diárias. Isso deve ocorrer aos poucos.
Com o novo modelo, parte das aulas será comum a todos os estudantes do país, direcionada pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Na outra parte da formação, os próprios alunos poderão escolher um itinerário para aprofundar o aprendizado. Entre as opções, está dar ênfase, por exemplo, às áreas de linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas ou ao ensino técnico. A oferta de itinerários, entretanto, vai depender da capacidade das redes de ensino e das escolas.
Em 2023, a implementação segue com o 1º e 2º anos e os itinerários devem começar a ser implementados na maior parte das escolas. Em 2024, o ciclo de implementação termina, com os três anos do ensino médio.
No início desta semana, entidades de trabalhadores da educação se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo a revogação da política. Na semana passada, em nota, o MEC reconheceu que houve falta de diálogo no processo que levou à promulgação da lei do novo ensino médio e anunciou a criação de um grupo de trabalho para reunir todos os setores educacionais interessados em discutir o andamento do novo ensino médio.
Agência Brasil