Rodrigo Pacheco

Presidente do Senado admite discussão sobre fim da reeleição no Brasil

Rodrigo Pacheco afirma que a medida prejudicou a independência dos mandatários e anuncia início de debates no Senado.

Rodrigo Pacheco
Foto: Divulgação
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), declarou que o Congresso Nacional vai discutir a possibilidade de manter ou derrubar a reeleição no Brasil. Segundo Pacheco, o instituto da reeleição, em vigor desde 1998, não trouxe benefícios ao país e, em muitos casos, prejudicou a independência dos mandatários em suas decisões, influenciadas por perspectivas eleitorais.
“O sentimento que tenho em conversas com senadores e líderes partidários é que o instituto de reeleição não foi bom para o Brasil. Ela acaba prejudicando a independência do mandatário”, afirmou Pacheco.
O presidente do Senado anunciou que será iniciada uma sessão de debates no plenário para discutir a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) de autoria do senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), que veta a reeleição para cargos do Poder Executivo em nível federal, estadual e municipal e amplia o tempo dos mandatos de quatro para cinco anos. Essa proposta já foi acertada no colégio de líderes e entrará em andamento em breve.
“É um tema que vamos nos dedicar”, ressaltou Pacheco. “É um debate profícuo, e, eventualmente, a conclusão pode ser que, para o Brasil, o melhor é o fim da reeleição”. Em caso de mudança, isso ficaria para depois das eleições de 2026. “Qualquer mudança deve resguardar os atuais mandatários”, ponderou o presidente do Senado.
A discussão sobre a reeleição no país promete ser um tema de grande relevância nos próximos anos, com potencial impacto nas futuras eleições e no cenário político brasileiro. A decisão final caberá ao Congresso Nacional após amplas deliberações e debates.
Agenda 2030

Mais de 100 metas da Agenda 2030 no Brasil estão em situação de retrocesso, aponta relatório

Sétima edição do Relatório Luz revela que 60,35% das 169 metas da agenda regrediram em 2022, afetando principalmente grupos vulneráveis

Agenda 2030
Foto: Marcelo Casal Jr/ Agência Brasil
O 7º Relatório Luz, lançado nesta segunda-feira (25), revela que mais de 100 metas da Agenda 2030 no Brasil estão em situação de retrocesso. A Agenda 2030 é um plano global que visa a erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável, coordenado pelas Nações Unidas (ONU) e adotado por 193 países, incluindo o Brasil. O relatório destaca que, em 2022, 60,35% das 169 metas estabelecidas regrediram no Brasil.
O evento de lançamento do Relatório Luz 2023 ocorreu no auditório do anexo I da Secretaria Geral da Presidência da República, em Brasília, e contou com a participação de representantes de ministérios e da sociedade civil.
O documento analisa o cumprimento das metas da Agenda 2030 no Brasil com base em dados oficiais divulgados pelo Governo Federal e apresenta os seguintes resultados:102 metas (60,35%) estão em situação de retrocesso, sendo que entre essas,14 estão ameaçadas, 16 permanecem estagnadas em relação ao período anterior e 29 têm progresso insuficiente.
O relatório destaca que os retrocessos impactaram de forma mais profunda grupos vulneráveis, incluindo mulheres e meninas, a população negra, povos indígenas e outras comunidades historicamente marginalizadas, principalmente nas regiões Norte e Nordeste.
Entre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) mais afetados pelos retrocessos estão o combate à pobreza, erradicação da fome, e a preocupação com o aumento do desmatamento e das queimadas. O documento também ressalta que em 2022, quase 66 milhões de pessoas (30,7% da população) viviam em insegurança alimentar moderada ou grave, marcando um retorno do Brasil ao Mapa da Fome.
O relatório aponta que nos últimos seis anos, os poderes Executivo e Legislativo federais tiveram um impacto negativo em relação ao cumprimento do ODS de erradicar a fome, alcançar a segurança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável no Brasil.
Brasil

Brasil e continente americano envelhecem rapidamente: Vacinação é muito importante

Especialistas alertam para a importância da ampliação do acesso dos idosos à vacinação para uma velhice saudável.

Brasil
Foto: Marcelo Camargo/AGB

O Brasil e o continente americano estão enfrentando um envelhecimento populacional acelerado em relação à média mundial, um fenômeno que demanda atenção imediata. Durante a Jornada Nacional de Imunizações, especialistas destacaram a necessidade de expandir o acesso dos idosos às vacinas como uma estratégia fundamental para garantir uma velhice saudável e autônoma.
O Programa Nacional de Imunizações (PNI), que recentemente celebrou seu 50º aniversário, desempenha um papel crucial nesse cenário, oferecendo um calendário específico de vacinação para a população idosa. Além das vacinas recomendadas desde a infância, como a hepatite B e difteria/tétano, os idosos, especialmente aqueles acamados ou em abrigos, devem receber a vacina pneumocócica 23-valente.
Pessoas com mais de 60 anos também devem ser avaliadas para receber vacinas como a tríplice viral e a febre amarela, que utilizam tecnologia de vírus vivo atenuado. Além disso, as campanhas anuais contra a influenza e a vacinação contra a COVID-19 são consideradas prioridades para essa faixa etária. Em casos de condições de saúde específicas, como diabetes, recomenda-se buscar orientação médica para receber recomendações adicionais de vacinação nos Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais (CRIE).
Lely Guzman, assessora de imunizações da Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), ressaltou a preocupação da organização com a vacinação dos idosos durante a Década do Envelhecimento Saudável (2021-2030). Ela apontou para a necessidade de ampliar os calendários de vacinação, que ainda estão aquém do necessário para enfrentar os desafios que o envelhecimento populacional apresenta.
As infecções respiratórias, como a influenza, o vírus sincicial respiratório e a COVID-19, representam algumas das maiores ameaças para os idosos, e a vacinação desempenha um papel fundamental na prevenção dessas doenças. A geriatra Maisa Kairalla, professora da Universidade Federal de São Paulo, alertou que essas infecções podem levar a internações prolongadas e perda de qualidade de vida, enfatizando a importância da vacinação.
Mesmo com a vacinação disponível contra a influenza no Brasil desde a década de 1990, ela continua sendo responsável por 70% das mortes por gripe entre idosos. Além disso, a doença pode desencadear complicações em condições crônicas, como cardiopatias e diabetes, aumentando o risco de óbito.
Outra ameaça para os idosos é o vírus sincicial respiratório, que causa a maioria das mortes nessa faixa etária. A vacinação contra esse vírus está começando a ser adotada recentemente nos Estados Unidos, e no Brasil, está em processo de análise pela Anvisa.
O herpes zoster é outra doença que afeta gravemente a qualidade de vida dos idosos. Sua incidência chega a 50% entre os idosos de 85 anos, e pode causar cegueira, paralisia facial e dores crônicas. A vacinação contra o herpes zoster está disponível em clínicas privadas no Brasil e é recomendada para pessoas com mais de 50 anos ou imunocomprometidas.
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) também destaca a importância da vacinação contra os pneumococos, que pode prevenir uma variedade de infecções, incluindo pneumonia e meningite. Essas vacinas estão disponíveis apenas em clínicas particulares devido a fatores como custo-benefício e disponibilidade contínua.
A expansão do Programa Nacional de Imunizações para incluir essas vacinas privadas requer cuidadosa avaliação, levando em consideração a epidemiologia de cada doença e a viabilidade econômica. O diretor do Programa Nacional de Imunizações, Eder Gatti, enfatiza a necessidade de um processo de incorporação tecnológica bem planejado para garantir o acesso a essas vacinas essenciais para a saúde dos idosos.
Em resumo, a vacinação é uma ferramenta vital para garantir a saúde e a qualidade de vida da população idosa no Brasil e no continente americano. A ampliação do acesso às vacinas e a conscientização sobre sua importância são passos essenciais para enfrentar os desafios do envelhecimento populacional e garantir uma velhice saudável e autônoma para todos.
Pecuária

Produtos de origem animal impulsionam recorde na pecuária brasileira

Valor da produção atinge R$ 116,3 bilhões, com destaque para crescimento do rebanho e preço do leite.

Pecuária
Foto: Reprodução
No ano de 2022, a produção de produtos de origem animal, incluindo leite de vaca, ovos de galinha, mel de abelha e outros, desempenhou um papel crucial no crescimento da pecuária brasileira, registrando um valor total de produção de R$ 116,3 bilhões. Esses dados, que representam um aumento de 17,5% em relação ao ano anterior, foram divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM).
Um dos principais recordes atingidos pelo Brasil foi o número de cabeças de gado, que totalizou 234,4 milhões de animais ao final de 2022, um crescimento de 4,3% em comparação com o ano anterior. Mato Grosso lidera como o maior estado produtor, com 34,2 milhões de cabeças, o equivalente a 14,6% do total nacional.
A região Centro-Oeste se destacou como a principal produtora de gado, com um total de 77,2 milhões de animais. No entanto, o maior aumento de rebanho foi registrado na região Norte, impulsionado pelos pastos de estados como Rondônia, Pará, Tocantins e Acre.
Apesar de Mato Grosso liderar o ranking nacional, o município de São Félix do Xingu, no Pará, se destaca com um rebanho de 2,5 milhões de animais, sendo que a cidade possui apenas 65.418 habitantes de acordo com o Censo 2022, o que significa que o número de cabeças de gado é 38 vezes maior que a população local.
Em contraste, a produção de leite registrou uma diminuição de 1,6% no ano passado, totalizando 34,6 bilhões de litros. O IBGE atribui essa redução ao aumento dos custos de criação de vacas, o que levou pequenos produtores a abandonar a atividade em favor do arrendamento de terras para a produção de grãos, uma atividade em expansão em algumas partes do país.
As regiões Sul e Sudeste se destacaram como as maiores produtoras de leite, sendo responsáveis por um terço da produção nacional cada uma. Minas Gerais lidera como o maior estado produtor, com 9,4 bilhões de litros, correspondendo a 27,1% do total nacional. O município de Castro, no Paraná, conquistou a primeira posição a nível municipal, com uma produção de 426,6 milhões de litros.
Apesar da diminuição na produção de leite, o valor total da produção aumentou 17,7%, atingindo R$ 80 bilhões. Isso se deve, em grande parte, ao aumento do preço médio pago ao produtor, que alcançou R$ 2,31, representando um aumento de 19,7% em relação ao ano anterior. Vale ressaltar que esse não é o preço final para o consumidor, uma vez que ainda são adicionados custos como frete, intermediários e margens de lucro dos estabelecimentos de venda.
Segundo a pesquisa do IBGE, o preço do leite continuou em crescimento ao longo de 2022, devido à baixa oferta do produto, que gerou uma competição mais acirrada entre os laticínios, resultando em cotações recordes durante o terceiro trimestre do ano e aumento das importações ao longo do período.
educação infantil

Governo Federal investiu R$ 443 milhões na educação infantil no primeiro semestre de 2023

Dados que foram levantados pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos mostram números 4 vezes maiores do que o mesmo período do ano passado

educação infantil
Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Um estudo realizado pelo Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), a pedido da Agenda 227, movimento em defesa dos direitos de crianças e adolescentes, revelou que o governo federal destinou R$ 443,09 milhões para a educação infantil no primeiro semestre deste ano. 
Essa verba foi alocada principalmente na construção e manutenção de creches. Comparativamente, no mesmo período de 2022, foram destinados apenas R$ 110,8 milhões para essa finalidade, e em 2020, no primeiro ano de vigência do Plano Plurianual (PPA) do governo federal anterior, apenas R$ 39,3 milhões foram investidos.
O levantamento sobre a execução do orçamento na área foi realizado com base em dados do SIGA Brasil, um sistema que proporciona transparência às informações orçamentárias. A análise destaca que, em 2012, o governo mantinha 30 ações voltadas para a população infanto-juvenil, mas em 2022, essas ações foram reduzidas a apenas uma, o programa Criança Feliz, lançado em 2016, focado no atendimento a gestantes e crianças de até 3 anos do CadÚnico e crianças de até 6 anos beneficiadas pelo Benefício de Prestação Continuada (BPC). No entanto, o programa enfrenta atualmente escassez de recursos.
Outra política pública mencionada no estudo é a Rede Cegonha, que, segundo a Agenda 227, tem sofrido uma “expressiva desidratação” desde 2019. A verba autorizada para o programa diminuiu 38%, passando de R$ 71,2 milhões no primeiro semestre de 2019 para R$ 44,2 milhões no primeiro semestre de 2023. Além disso, apenas 9,7% do montante liberado no primeiro semestre deste ano foi efetivamente gasto.
As entidades ressaltam a importância de aumentar o financiamento para a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança, que abrange crianças até 9 anos. No primeiro semestre de 2023, os R$ 3,09 milhões gastos foram destinados a quitar despesas de anos anteriores, de acordo com a análise do Inesc e da Agenda 227.
O estudo alerta para a necessidade de uma maior atenção e recursos destinados às políticas públicas que visam ao bem-estar e ao desenvolvimento das crianças e adolescentes no Brasil, destacando a importância de investir na educação infantil e em programas que promovam um ambiente saudável e acolhedor para essa faixa etária.
Economia

Projeção de crescimento econômico do Brasil atinge 2,89% para 2023

Previsão de crescimento da economia sobe pelo quarto mês consecutivo, mas inflação permanece preocupante

Economia
Foto: Freepik
Pelo quarto mês consecutivo, o mercado financeiro aumentou sua previsão para o crescimento da economia brasileira em 2023, elevando-a de 2,64% para 2,89%. Essa estimativa foi divulgada no boletim Focus, nesta segunda-feira (18), uma pesquisa semanal realizada pelo Banco Central (BC) que apresenta projeções para os principais indicadores econômicos.
Para o ano seguinte, a expectativa é de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,5%. Já para 2025 e 2026, o mercado financeiro projeta expansões do PIB em 1,95% e 2%, respectivamente.
No segundo trimestre deste ano, a economia brasileira cresceu 0,9% em relação aos primeiros três meses de 2023, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na comparação com o mesmo período do ano anterior, houve um avanço de 3,4%. O PIB acumula um aumento de 3,2% nos últimos 12 meses e uma alta acumulada de 3,7% no primeiro semestre do ano.
No que diz respeito à inflação, a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), a medida oficial da inflação no país, caiu de 4,93% para 4,86%. Para 2024, a estimativa de inflação permaneceu em 3,86%. As projeções para 2025 e 2026 apontam para uma taxa de 3,5% em ambos os anos.
É importante ressaltar que a estimativa para a inflação em 2023 está acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central. A meta, definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), é de 3,25%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite inferior é de 1,75%, e o superior é de 4,75%.
Segundo o BC, em seu último Relatório de Inflação, a probabilidade de o índice oficial de inflação ultrapassar o teto da meta em 2023 é de 61%, o que levanta preocupações em relação à estabilidade dos preços.
Calor

Onda de calor extremo se aproxima do Brasil, alerta meteorologistas

Massa de ar extremamente quente trará temperaturas históricas ao Brasil, exigindo cuidados especiais

Calor
Foto: MetSul
Uma onda de calor excepcional está prestes a atingir grande parte do Brasil na próxima semana, conforme alerta da MetSul meteorologia. Uma massa de ar extremamente quente está se formando e cobrirá todo o território nacional, levando as temperaturas máximas a valores históricos em todas as cinco regiões do país.
O calor já está presente no Centro-Oeste e no Sudeste neste início de semana, mas na segunda metade da semana, essa massa de ar quente se intensificará ainda mais, elevando as temperaturas a níveis atipicamente altos. Embora o calor intenso não seja incomum nessas áreas durante setembro, essa situação é classificada como de alto risco devido à severidade das temperaturas esperadas, exigindo atenção das autoridades.
Vários estados enfrentarão calor intenso a extremo, com temperaturas atingindo ou superando os 40ºC. Isso inclui Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, Distrito Federal, Rondônia, Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia, Piauí e Maranhão.
Os estados mais afetados deverão ser o Mato Grosso e o Mato Grosso do Sul, com temperaturas acima dos 40ºC na maioria das cidades, especialmente na região do Pantanal e áreas próximas. O pico do calor mais intenso está previsto entre o final desta semana e o início da semana seguinte.
Alguns modelos numéricos até indicam temperaturas próximas a 30ºC no nível de pressão no Centro-Oeste do Brasil, um indicativo de massas de ar extremamente quentes, semelhante ao que ocorreu no Sudoeste dos Estados Unidos em julho deste ano.
A região do Centro-Oeste estará no epicentro desse domo de calor, com áreas entre o Paraguai e os estados do Mato Grosso do Sul e Mato Grosso sendo particularmente afetadas. Nessas áreas, as temperaturas podem atingir marcas extremas, chegando a 43ºC a 45ºC.
Temperaturas próximas ou acima dos 40ºC também são esperadas em várias cidades do Norte, Goiás, Sudeste e alguns estados do Nordeste, como Oeste da Bahia, Maranhão e Piauí. No Rio de Janeiro, algumas estações meteorológicas também podem registrar temperaturas superiores a 40ºC durante o próximo fim de semana.
A população deve se preparar para enfrentar o calor intenso, com cuidados especiais com a saúde e a hidratação. As autoridades devem estar vigilantes e preparadas para responder a situações de emergência relacionadas ao calor extremo.
Safra Recorde

Produção de grãos no Brasil na safra 2022/23 atinge recorde de 322,8 milhões de toneladas

Estimativa da Conab revela aumento de 18,4% na produção impulsionada por maior área plantada e melhor produtividade.

Safra Recorde
Foto: Wenderson Araújo/Trilux

Nesta quarta-feira, 6 de setembro de 2023, a companhia nacional de abastecimento (Conab) divulgou o 12º Levantamento da safra de grãos, revelando uma produção histórica de grãos no Brasil para a safra 2022/23, com um total estimado de 322,8 milhões de toneladas. Esse número representa um acréscimo notável de 50,1 milhões de toneladas em comparação com o ciclo anterior, um aumento impressionante de 18,4%.
A alta na produção é resultado de dois fatores-chave: o aumento da área plantada, que atingiu a marca de 78,5 milhões de hectares, e a significativa melhoria na produtividade média das lavouras, que saltou de 3.656 para 4.111 quilos por hectare.
A soja, um dos produtos mais importantes da agricultura brasileira, registrou uma produção recorde estimada em 154,6 milhões de toneladas, um aumento notável de 23,2%. A Conab observou que, embora o clima tenha apresentado alguns desafios, especialmente no Rio Grande do Sul, os efeitos do La Niña foram menos impactantes do que no ciclo anterior. Em outros estados, o clima foi geralmente favorável, apesar de alguns atrasos durante o plantio e a colheita.
A Conab explicou que “nesta temporada, a soja apresentou recuperação de produtividade em Mato Grosso do Sul, no Paraná e em Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, também houve melhora no desempenho das lavouras, porém limitado devido às condições climáticas não favoráveis durante o desenvolvimento da oleaginosa.”
Além da soja, o milho também está prestes a alcançar sua maior colheita registrada na série histórica, com uma produção total de 131,9 milhões de toneladas, um aumento de 18,7 milhões de toneladas em relação ao ciclo anterior.
No entanto, a situação é diferente para o arroz e o feijão. A concorrência com culturas mais rentáveis levou a uma redução na área de plantio de ambos os produtos. Para o arroz, a melhoria na produtividade não conseguiu compensar a queda na área, resultando em uma diminuição na produção de 6,9%, totalizando 10 milhões de toneladas. Já para o feijão, o bom desempenho das lavouras garantiu uma colheita de 3,04 milhões de toneladas, um aumento de 1,7% em relação à safra anterior.
Entre as culturas de inverno, o trigo apresentou um crescimento significativo, com um aumento de 11,8% na área cultivada, atingindo 3,45 milhões de hectares e uma produção estimada de 10,82 milhões de toneladas, um aumento de 2,5% em relação à safra anterior.
A Conab ressaltou que os bons resultados da safra brasileira consolidam o país como o principal exportador de soja e milho na safra 2022/23. Estima-se que as exportações de soja atinjam 96,95 milhões de toneladas e as de milho alcancem cerca de 50 milhões de toneladas, superando as exportações dos Estados Unidos.
Além disso, o mercado internacional também é promissor para o farelo e o óleo de soja, com exportações estimadas em 21,82 milhões de toneladas e 2,6 milhões de toneladas, respectivamente.
Para o algodão, a produção recorde permitirá uma recomposição nos estoques finais de cerca de 59%, totalizando 2,1 milhões de toneladas, com expectativa de exportações de 1,7 milhão de toneladas nesta safra. O bom desempenho das exportações de algodão já foi evidenciado em agosto de 2023, com um aumento de 66,1% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Com esses resultados positivos, a agricultura brasileira continua a desempenhar um papel crucial no mercado global de grãos e produtos agrícolas, consolidando sua posição como um dos principais atores no setor.
Empregos

Taxa de desocupação no Brasil atinge menor nível desde 2014, aponta IBGE

Resultado da Pnad contínua revela redução para 7,9% no trimestre encerrado em julho de 2023, impulsionada pelo crescimento da ocupação.

Empregos
  Foto: Marcelo Camargo/AGB
A taxa de desocupação no Brasil registrou um marco significativo, atingindo seu menor nível desde 2014, com um resultado de 7,9% no trimestre encerrado em julho de 2023, conforme divulgado pelo instituto brasileiro de geografia estatística (IBGE) através da pesquisa nacional por amostra de domicílios contínua (Pnad Contínua). Esse índice representa uma queda de 0,6 ponto percentual (p.p.) em relação ao trimestre anterior, que apresentava 8,5%, e uma redução de 1,2 p.p. em relação ao mesmo período do ano anterior, quando a taxa estava em 9,1%.
O destaque dessa conquista recai sobre o incremento da ocupação, como indicado por Adriana Beringuy, coordenadora da Pnad. A expansão da força de trabalho foi a principal responsável pelo recuo da taxa de desocupação, conforme explicado por Beringuy, atribuindo essa melhoria ao crescimento do número de pessoas empregadas.
Após dois trimestres de declínio, o número de pessoas ocupadas no Brasil voltou a crescer, atingindo a marca de 99,3 milhões no período em análise, o que representa um aumento de 1,3 milhão em relação ao trimestre anterior, compreendido entre fevereiro e abril. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o crescimento na ocupação foi de 0,7%, equivalente a 669 mil novos postos de trabalho, indicando a retomada gradual do mercado de trabalho após os impactos da pandemia.
A melhora na ocupação também se manifestou em diferentes formas de emprego. No comparativo trimestral, destaca-se o crescimento do emprego sem carteira assinada, que registrou um aumento de 4%, equivalente a mais de 503 mil pessoas, totalizando 13,2 milhões de trabalhadores nessa modalidade. Já no cenário anual, o aumento mais notável ocorreu entre os empregados com carteira assinada, com uma expansão de 3,4%, correspondendo a 1,2 milhão de pessoas, totalizando um contingente de 37 milhões de empregados nessa categoria.
Por outro lado, o número de trabalhadores por conta própria permaneceu estável em relação ao trimestre anterior, totalizando 25,2 milhões, porém, houve uma queda de 2,5% em comparação ao mesmo período do ano anterior. A pesquisa também apontou que a taxa de informalidade, considerando trabalhadores sem carteira assinada e aqueles que atuam por conta própria sem CNPJ, se manteve em 39,1%, próximo ao índice do trimestre anterior.
Além disso, a pesquisa do IBGE evidenciou uma queda na taxa de subutilização, que chegou a 17,8%, representando uma diminuição de 3,1 p.p. em relação ao ano anterior. A população desalentada, que consiste em pessoas que gostariam de trabalhar mas desistiram de procurar emprego, se manteve estável em relação ao trimestre anterior, totalizando 3,7 milhões de indivíduos nessa situação.
No âmbito dos rendimentos, a média salarial dos brasileiros alcançou R$ 2.935, mantendo-se estável em comparação ao trimestre anterior, e apresentando um crescimento de 5,1% em relação ao mesmo período de 2022, descontada a inflação.
Em resumo, os resultados da Pnad Contínua do IBGE indicam uma trajetória positiva no mercado de trabalho brasileiro, marcada pela redução na taxa de desocupação para seu menor nível em quase uma década, impulsionada pelo aumento da ocupação e por mudanças na estrutura de empregos. O cenário sinaliza uma gradual recuperação econômica, embora alguns desafios persistam.
Serasa Experian

Queda na procura por empréstimos no Brasil: Reflexo dos juros altos e outros fatores econômicos

Dados da serasa experian mostram retração por 14 meses consecutivos, mas especialistas ressaltam a importância do crédito para a economia.

Serasa Experian
Foto: Divulgação
O consumidor brasileiro tem demonstrado uma diminuição significativa na procura por empréstimos, segundo os dados do Indicador de Demanda dos Consumidores por Crédito, fornecidos pela Serasa Experian. No mês de julho, a busca por crédito registrou uma queda de 2,4% em relação a junho. Na comparação com o mesmo período do ano passado, julho de 2022, a retração foi ainda mais acentuada, alcançando 10,9%. Essa tendência negativa persiste há 14 meses consecutivos, desde junho de 2022, de acordo com as informações obtidas com exclusividade pela Agência Brasil.
A pesquisa da Serasa Experian baseia-se em um monitoramento mensal das consultas para concessão de crédito relacionadas aos Cadastros de Pessoas Físicas (CPFs) presentes na base de dados da empresa. Nenhum estado brasileiro apresentou crescimento na busca por crédito por parte dos consumidores.
O economista da Serasa Experian, Luiz Rabi, atribui essa retração à política de juros do país. Ele destaca que “os consumidores continuam cautelosos em relação à tomada de crédito, principalmente devido aos juros elevados, que tornam o momento inoportuno para esse tipo de decisão.”
A recente redução da taxa básica de juros da economia, a Selic, para 13,25% ao ano pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, foi o primeiro corte em três anos. No entanto, a Selic ainda permanece em níveis altos como parte do esforço para controlar a inflação. Essa estratégia, embora visando a estabilidade econômica, também tem impacto no crédito ao dificultar empréstimos, consumo e investimentos.
Para o professor de economia Ruy Santacruz, da Universidade Federal Fluminense (UFF), além dos juros altos, o declínio evidenciado nos dados da Serasa Experian reflete um efeito estatístico relacionado à grande demanda por crédito nos anos anteriores.
“A redução da demanda por crédito ocorre em função de uma procura muito intensa durante e após a pandemia. A demanda não está necessariamente baixa, mas sim em um patamar alto que está agora caindo”, pondera o professor.
Santacruz ressalta a importância do crédito para o funcionamento da economia, já que sua ausência prejudica o consumo das famílias, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e os investimentos. Ele explica que o crédito é um “termômetro da economia”.
Embora a inadimplência seja um fator contribuinte para a queda na busca por crédito, Santacruz sugere que parte da população esteja aguardando uma diminuição mais acentuada da inadimplência antes de voltar a buscar empréstimos. Luiz Rabi, da Serasa Experian, acredita que o aumento na demanda por crédito dependerá do reajuste dos orçamentos familiares, através de renegociações de dívidas e cortes de gastos.
O levantamento da Serasa Experian mostra que a diminuição na procura por financiamento nos últimos 12 meses foi mais acentuada entre pessoas com renda de até R$ 1 mil (queda de 15%), enquanto aqueles com renda superior a R$ 10 mil apresentaram uma retração de 11,5%.
Apesar de medidas como o programa “Desenrola Brasil”, que estimula a renegociação de dívidas e a remoção de restrições de crédito, terem contribuído para a redução do endividamento das famílias, a busca por crédito permanece influenciada por fatores econômicos mais amplos, como a taxa de juros, a confiança do consumidor e o nível de emprego, conforme destaca Luiz Rabi.