Mulher é presa em flagrante após rasgar testículo do marido durante discussão em Goiás

Caso aconteceu após uma discussão motivada por mensagens da ex-mulher no celular do marido.

Foto: Reprodução

Na noite do último sábado (22), uma mulher foi detida em flagrante no interior de Goiás, acusada de rasgar o testículo de seu marido durante uma acalorada discussão. O incidente ocorreu em uma propriedade rural no município de Santo Antônio do Descoberto-GO.
De acordo com o delegado Adriano Jaime, que está investigando o caso, a mulher alegou ter agido em legítima defesa, pois teria percebido que o marido estava prestes a agredi-la com uma faca. A polícia foi acionada e chegou ao local após o homem ser levado por familiares ao Hospital Municipal de Santo Antônio do Descoberto, onde foi constatada a gravidade da lesão.
Conforme informações da Polícia Militar de Goiás (PMGO), a discussão teve início após a mulher ter visto algumas mensagens da ex-mulher do marido em seu celular. A situação se agravou quando ela tentou sair da residência e o homem a impediu. Durante o conflito, a mulher teria segurado a bolsa escrotal do marido, causando um corte ou ruptura no órgão genital masculino, o que resultou na exposição do testículo. Além disso, o homem também sofreu agressões na região da cabeça, ocasionando uma lesão.
A acusada foi presa em flagrante por lesão corporal grave e as investigações prosseguem por meio de inquérito policial para determinar se a ação foi realmente em legítima defesa. O delegado Adriano Jaime afirmou que, com base nas conclusões do inquérito, poderá sugerir o arquivamento do caso ou o indiciamento da mulher por lesão corporal grave ou até gravíssima, caso fique comprovado que a vítima sofreu danos irreversíveis, como a infertilidade.
O caso chama atenção para a importância do diálogo e do controle emocional em situações de conflito, destacando a necessidade de evitar o uso da violência para solucionar desentendimentos. As autoridades continuam investigando o caso para esclarecer todos os detalhes e definir as medidas legais adequadas ao desfecho das investigações.

A cada 4 horas uma mulher é vítima de violência no Brasil

 Dados são da Rede de Observatórios da Segurança

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

A cada 4 horas uma mulher é vítima de violência no Brasil. Em 2022, foram mais de 2.400 casos registrados, sendo que quase 500 foram feminicídios, ou seja, a cada dia ao menos uma mulher morreu apenas por ser mulher. Os dados são da Rede de Observatórios da Segurança.
Formas de salvar as vidas e de acolher essas mulheres estão sendo debatidas nesta segunda-feira (17) e terça-feira (18) no 1° Encontro Nacional das Casas da Mulher Brasileira, em Brasília.
A Casa presta atendimento humanizado e integrado às mulheres vítimas de violência. São oferecidos, por exemplo, serviços de acolhimento e triagem; apoio psicossocial; delegacia; acesso à Justiça, ao Ministério Público e à Defensoria Pública.
No encontro são trocadas experiências sobre o trabalho realizado na Casa da Mulher e também atualizadas as diretrizes e protocolos de atendimento.
“Para que não tenhamos cada local com uma casa isolada, sozinha, nós precisamos ter uma linha de atendimento, uma linha da qualidade, da efetividade do resultado, enquanto uma política nacional que vai dar conta de respaldar a vida das mulheres e garantir segurança no atendimento”, explicou a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves.
“Estamos falando de mulheres indígenas, negras, de periferia, quilombolas e ribeirinhas que estão em todos os lugares onde a violência também está muito presente. Então é muito importante essa adequação, esse olhar especial para essa diversidade. Não podemos mais pensar em uma casa com atendimento de forma padronizada”, disse a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara sobre a importância do acolhimento diferenciado.
O governo federal anunciou em março a construção de 40 novas Casas da Mulher. Na Bahia, serão quatro, com investimento de R$ 47 milhões, nas cidades de Feira de Santana, Itabuna, Irecê e Salvador, com previsão de serem inauguradas em outubro.
Já na Paraíba, serão construídas outras duas, uma em João Pessoa e outra em Patos, com investimentos de R$ 30 milhões.
As sete unidades em funcionamento estão localizadas em Campo Grande, Curitiba, Fortaleza, São Paulo, Boa Vista, São Luís e na cidade de Ceilândia, no Distrito Federal. 

Agência Brasil

Delegada Gleide Ângelo articula abrigamento para vítima de violência doméstica

Foto: Américo Santos
A deputada Delegada Gleide Ângelo esteve em Carpina, na mata norte do estado, nesta quarta-feira (03), onde se encontrou com a cabeleireira Ana Keyla, de 22 anos, e seus familiares. Vítima de uma tentativa de feminicídio na última segunda (01), a jovem, que não havia conseguido ingressar na rede de proteção a mulher vítima de violência doméstica, buscou orientação junto a parlamentar, que tem na pauta o principal norte de seu trabalho.
A jovem denunciou seu agressor, que mesmo após o crime, seguiu intimidando a ela e a seus familiares, mas não obteve êxito. No entanto, ela também foi vítima do descaso e da ausência de diálogo entre os organismos integrantes da rede de proteção – até hoje não houve a nomeação da coordenadora regional da mulher responsável pela área, por exemplo. Seu caso não foi tipificado como tentativa de feminicídio e, por isso, não houve comunicação entre as Secretarias da Mulher — tanto estadual, quanto municipal — e os demais órgãos da rede.
Detentora de uma capacidade de articulação e diálogo única, Gleide Ângelo conseguiu identificar os responsáveis por cada organismo e expor a gravidade da situação enfrentada pela família. Assim, Ana Keyla foi atendida e encaminhada para um local seguro. “O que aconteceu hoje aqui em Carpina, infelizmente, não foi uma excessão: a falta de integração entre todos os organismos que compõem a rede de proteção e amparo às mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. Esse é um exemplo vivo da importância de o porquê da segurança e da vida das mulheres ser uma pauta coletiva: todos podemos fazer a diferença. E através deste gesto eu reitero a urgência e o meu compromisso de trabalharmos uma política de mulheres séria e comprometida”, frisou a deputada.
INFORMAÇÕES — A Delegada também protocolou um pedido de informação junto ao Governo Estadual sobre a política de mulheres desenvolvida em Pernambuco. Entre os questionamentos, além do funcionamento integral das Delegacias da Mulher e o expressivo número de mulheres assassinadas no Estado (são quase 90 vítimas desde 1 de janeiro), a parlamentar também buscou esclarecimentos sobre o funcionamento da rede de proteção no Estado e o motivo da não nomeação das coordenadoras regionais da Secretaria da Mulher de Pernambuco – são 12 cargos dos quais apenas a metade está em funcionamento. “As coordenadoras têm a função estratégica de organização e encadeamento entre todas as esferas componentes da rede de proteção. Sem elas, as engrenagens ficam travadas e vemos casos, como o de hoje aqui em Carpina, se tornarem cada vez mais corriqueiros”, pontuou. O Governo tem até 30 dias para divulgar as informações solicitadas.
Gleide Ângelo

Em Brasília, Gleide Ângelo participa de evento federal para o anúncio de políticas para as mulheres

Gleide Ângelo
Foto: Divulgação
A Delegada Gleide Ângelo está em Brasília e, acompanhada da ministra de Ciências, Tecnologia e Informação, Luciana Santos, participou do anúncio de um conjunto de ações e projetos alusivos ao Dia Internacional da Mulher. As estratégias envolvem diversos ministérios e secretarias federais, cujo objetivo central está focado no fortalecimento de direitos e na equidade de gênero.
Nesta perspectiva, Pernambuco vai receber um reforço de 12 viaturas policiais, a serem destinadas para as Delegacias da Mulher e Patrulhas Maria da Penha de todo estado. Além disso, também haverá a implantação de unidades da Casa da Mulher Brasileira – um espaço que vai aglutinar a oferta de serviços de denúncia, proteção, acolhimento e abrigo para as mulheres vítimas de violência. A experiência inovadora e exitosa foi implantada em 2015, no Mato Grosso.
“Muito representativo estarmos aqui num momento histórico como este. Nunca se investiu tanto em ações e políticas públicas para as mulheres e ter nosso Pernambuco na ponta desses projetos é uma garantia de que estamos trabalhando no caminho certo. Avançamos muito, mas ainda há muito mais a conquistar quando falamos sobre as ações para um mundo justo e igualitário para homens e mulheres”, declarou a parlamentar.
PERNAMBUCO— Ainda neste 8 de Março, a deputada Gleide foi recebida pela ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, e pela secretária Nacional de Planejamento, Leany Lemos. A Delegada apresentou um conjunto de propostas para contribuir na estruturação dos projetos de políticas femininas nacionais — como a possibilidade de um planejamento participativo do executivo com a sociedade civil, possibilitando o envolvimento do terceiro setor no desenvolvimento e execução de políticas públicas, por exemplo. No encontro, também marcaram presença os federais pernambucanos Lucas Ramos, Eriberto Medeiros, Júnior Uchôa e Felipe Carreras, grande parceiro político da Delegada Gleide.
Congresso Nacional

Perfil mais conservador do Congresso pode impactar pautas feministas

É o que aponta estudo do Centro Feminista de Estudos e Assessoria

Congresso Nacional
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom
Parlamentares da nova legislatura têm um posicionamento mais conservador em relação a pautas relacionadas ao movimento feminista. É o que aponta o estudo Perfil Parlamentar (2023-2026) Sob a Ótica da Agenda Feminista, do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (Cfemea), com base em análises dos conteúdos das redes sociais dos 513 deputados federais e dos 81 senadores (incluindo os eleitos em 2022). O Cfemea considerou somente as publicações feitas no período oficial de campanha eleitoral de 2022 (16 de agosto a 30 de outubro), em sites dos parlamentares e no Facebook, Instagram, Twitter e YouTube.
O estudo
Por meio de 34 perguntas iguais para todos, o estudo avaliou se houve posicionamento sobre seis temas considerados relevantes para a agenda feminista: Direitos sexuais e direitos reprodutivos; Violência contra a mulher; Concepção de família; Posicionamento sobre o cuidado (por exemplo, divisão do trabalho intrafamiliar); Religião (entre os pontos observados: o Estado laico); Posições antigênero (como direitos LGBTQIA+).
A pesquisa constatou que os perfis dos parlamentares estão separados em cinco grupos ideológicos. E cada pessoa pode integrar mais de um grupo, conforme afinidades. São eles: armamentista (pouco mais de 10% do Congresso Nacional); religioso (aproximadamente 20%); de costumes/defensores da família tradicional (aproximadamente um quarto); feminista (aproximadamente 20%); conservadores (mais de 40%).
A coordenadora da pesquisa e doutora em ciência política, com pós-doutorado em estudos feministas interseccionais pela Universidade de Brasília (UnB) e pesquisadora em gênero, mídia e política, Denise Mantovani, em entrevista à Agência Brasil, comentou os resultados da pesquisa: “A gente tem desde o aspecto do impacto das redes sociais e dos discursos de ódio propagados. A gente está vendo que muitas dessas candidaturas se elegeram às custas de muita fake news.” E detalha alguns perfis: “No estudo, a gente percebeu que existem partidos que efetivamente concentram as posições da extrema direita, neoconservadoras, religiosas fundamentalistas.”
No entanto, Denise aponta convergência em alguns temas. “Existem parlamentares que podem ser aliados pontuais em determinados assuntos com os quais eles dialogam com os direitos das mulheres”. Ela destaca o combate à violência contra mulher. “Em uma situação em que eles sejam convidados a apoiar uma legislação que ajude a prevenir, enfrentar e combater a violência doméstica contra as mulheres, a violência sexual, o estupro, acho que existem possibilidades de arranjos com parlamentares de vários partidos para compor uma aliança com a bancada feminista e antirracista que está atuando na defesa e dos direitos das mulheres, em toda diversidade que essa palavra representa.”
Composição do novo Congresso
As mulheres representam 52,62% do eleitorado brasileiro, de acordo com a Justiça Eleitoral. Apesar de as mulheres serem a maioria, não há reflexo na composição do Congresso Nacional. O estudo do Cfemea confirmou que falta equidade de gênero e raça na representação política. Na Câmara dos Deputados, as mulheres representam 17,7% das cadeiras, com 91 deputadas. Com o resultado das urnas, foi mantida a hegemonia masculina (82,3%). A maioria dos deputados e deputadas eleitos é branca (72%). Em seguida, vêm os pardos (21%), pretos (5%), indígenas (0,9%) e amarelos (0,58%). No Senado, são apenas 15 mulheres entre 81 senadores, sendo que quatro delas são suplentes de senadores que ocupam cargos no governo federal.
Além da representação feminina ser baixa na Câmara e no Senado, as mulheres também estão longe dos principais postos de comando, como as presidências das duas casas legislativas, assentos nas mesas diretoras e nas comissões.
A senadora Zenaide Maia (PSD-RN) cita os principais desafios para os próximos anos. “O primeiro deles é o envolvimento de todos os parlamentares – mulheres e homens – nesse debate. Estamos tratando do interesse de mais da metade da população brasileira, sendo que a outra metade também se beneficiará com o avanço civilizatório que é promovido a partir das conquistas das mulheres.”
Principais achados do estudo
O estudo do Cfemea mostra que, na Câmara, a maioria dos deputados (56,73%) não mencionou o aborto e a proteção às vítimas de estupro/violência sexual em suas postagens.
Já os 16 deputados e deputadas (3,12% dos eleitos) que se declararam favoráveis ao aborto são majoritariamente de legendas progressistas, de esquerda.
Mais de 320 parlamentares (63% das cadeiras da Casa) declararam diretamente ou fizeram menções a símbolos religiosos em mais de uma postagem no período eleitoral. E 89 deputados se manifestaram abertamente contra a ideia de que “religião e política não devem se misturar”.
No Senado Federal, dos 81 parlamentares, 45 (56%) declararam vínculo com alguma religião. E nenhum senador se posicionou favoravelmente, nas redes sociais, ao direito de interrupção da gravidez.
Sobre as composições familiares, 82 deputados (16%) identificados com o conservadorismo defenderam a chamada “família tradicional”, quando apresentaram suas candidaturas. E 11 deputados vinculam o cuidado com os filhos como uma atribuição das mulheres somente, sem mencionar qualquer divisão de cuidados.
Outro aspecto destacado na pesquisa é a baixa menção ao machismo (59 deputados ou 11,5% do total da Câmara) como um problema estrutural relacionado à violência contra as mulheres.
O estudo completo Perfil Parlamentar (2023-2026) Sob a Ótica da Agenda Feminista pode ser acessado aqui.
Desafios do novo Parlamento
No estudo, o Cfemea avalia que a realidade da política brasileira, “com a presença neoconservadora e da extrema direita no parlamento brasileiro, demostra quase nenhuma ou pouca afinidade com as pautas relacionadas aos direitos sexuais e reprodutivos, assim como os pilares democráticos”.
Na Câmara, na última legislatura, foram abordadas pautas como a defesa do não nascido e o direito à vida deste, com Estatuto do Nascituro; a dita proteção de crianças contra o ativismo LGBTQIA+ e a regulamentação do homeschooling.
Em seu segundo mandato, a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) avalia como serão os trabalhos com a nova Câmara mais conservadora. “Essas novas lideranças femininas na política vão tentar levar o debate como se aquelas que lutam pelo direito das mulheres fossem suas inimigas. Mas, acho difícil que consigam retroceder concretamente nas leis brasileiras no que diz respeito às mulheres, porque existe muita força social para que o Brasil não admita retrocessos na pauta. Eu confio muito no poder de mobilização das mulheres brasileiras.”
Para a deputada, a aprovação de projetos de lei prioritários ao movimento feminista passa também pela articulação do atual governo federal, considerado mais progressista. “Os direitos das mulheres têm que estar presentes. Se depender só da composição do Congresso, se não houver um esforço que venha também do Executivo, de fato, a gente pode ter dificuldade de avanços em temas que não precisam nem ser tão polêmicos, mas que são necessários para o Brasil, como a igualdade salarial, ou mesmo, outras medidas de enfrentamento ao machismo.”
Futuro dos direitos das mulheres
No estudo, o Cfemea calcula que apenas um quinto do Congresso Nacional vai continuar a defender pautas feministas como “o combate às violências por razões de gênero, a diversidade das composições de família, o direito ao aborto legal e seguro e a laicidade do Estado”.
A senadora Zenaide Maia (PSD-RN) disse à Agência Brasil que tem a expectativa de que “a ideologia não impeça o avanço dos direitos das mulheres.” Ela elenca pautas prioritárias: “Precisamos cobrar da Câmara a votação do projeto da igualdade salarial entre homens e mulheres que desempenham a mesma função na mesma empresa [PLC 130, de 2011]. Outra: é preciso garantir a recomposição do orçamento de proteção à mulher. O governo anterior não aplicou R$ 1 na Casa da Mulher Brasileira, no ano passado, e reduziu a quase zero os recursos das políticas públicas de acolhimento e combate à violência contra a mulher.”
No Senado também é preciso construir acordos com diferentes bancadas, avalia o senador Paulo Paim (PT-RS), em entrevista à Agência Brasil. “O momento é de união, de conscientização e de reconstrução do Brasil. O diálogo com todos é o caminho para aprovação de matérias tão importantes.” Ele cita o que já vem sendo feito: “O Senado Federal conta com a Procuradoria da Mulher, liderada pela senadora Leila Barros [PDT-DF]. Temos ainda a Comissão de Direitos Humanos, que sempre defendeu essa causa e é um espaço que acolhe e dá voz às mulheres. A bancada feminina ainda é pequena, contudo, as senadoras são extremamente aguerridas e realizam um belo trabalho com os parlamentares homens comprometidos com a temática.”
Mulheres do Brasil e do mundo na política
Pela primeira vez, em 2023, as mulheres estão em todos os parlamentos do mundo, de acordo com o último relatório anual da União Interparlamentar, organização global que reúne 193 países. O relatório global mostra que, em 2023, as mulheres ocupavam, em média, 26,5% dos assentos dos parlamentos pelo mundo. Mas, no Brasil, apesar do aumento de 18,2%, no número de deputadas na última eleição (2022), os 17,7% das vagas ocupadas por mulheres na Câmara ainda apontam uma sub-representação feminina no Parlamento, em relação aos dados mundiais.
A legislação eleitoral brasileira traz incentivos à participação das mulheres na política. Os partidos políticos devem indicar 30% de mulheres aos cargos eletivos, além de destinar, no mínimo, 30% dos recursos públicos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha – mais conhecido como Fundo Eleitoral – para apoiar candidaturas femininas. Os partidos também devem reservar pelo menos 30% do tempo de propaganda gratuita no rádio e na televisão às campanhas de mulheres. Contudo, os estímulos não foram suficientes.
A ONU Mulheres, criada em 2010, incentiva a participação efetiva das mulheres na vida política, em todo o planeta. Em entrevista à Agência Brasil, a analista de Programas da ONU Mulheres – Brasil, Ana Claudia Pereira, defendeu a liderança plena das mulheres na política para construção de uma sociedade mais justa e igualitária. “É uma questão de garantia dos direitos políticos das mulheres de participarem da vida pública em condições de igualdade, em relação aos homens. Por outro lado, é um tema também de desenvolvimento, porque a presença das mulheres, de mais da metade da população, de uma forma mais significativa nas instâncias decisórias, inclusive, no Congresso Nacional, leva a decisões que contemplam essa metade da população de uma forma mais eficiente. O que permite que a gente supere dificuldades do próprio desenvolvimento socioeconômico do país.”
No país, a ONU Mulheres – Brasil tem atuado em conjunto com as parlamentares da bancada feminina. “A gente atua tanto oferecendo insumos, assessoria técnica, informações, dados, quanto apoiando e advogando publicamente por temas que são de grande relevância, como o enfrentamento da violência política de gênero”, conta Ana Claudia Pereira. “A ONU Mulheres soma esforços para que esses temas e outros ganhem visibilidade também e que seja possível conhecer experiências de outros países ou até dados do próprio contexto brasileiro.”
Ana Claudia conta como será a agenda de trabalhos com a legislatura recém-iniciada. ”Continuaremos tendo essa mesma abordagem. Esperamos que tenha uma agenda de trabalho consistente e bem articulada no tema de ações para promover e garantir os direitos humanos das mulheres”.
Representação de todas as mulheres no Parlamento
Do total de 91 deputadas brasileiras, foram eleitas nove mulheres negras e quatro indígenas: Sônia Guajajara (PSOL-SP), que ministra dos Povos Indígenas; Célia Xakriabá (PSOL-MG), Juliana Cardoso (PT-SP) e Silvia Waiãpi (PL-AP). E, pela primeira vez na história, a Câmara dos Deputados tem em sua bancada feminina duas deputadas trans: Erika Hilton (PSOL-SP) e Duda Salabert (PDT-MG).
O estudo do Cfemea destaca a necessidade de o Parlamento brasileiro se aproximar das agendas feministas e antirracistas. O centro feminista se preocupa com a apresentação de propostas que “podem fortalecer as violências por razões de gênero e raça”.
A analista de Programas da ONU Mulheres – Brasil, Ana Claudia Pereira, chama a atenção, particularmente, para grupos de mulheres que nem sempre são contemplados pelas políticas. “Estamos falando das mulheres negras, indígenas, lésbicas, bissexuais, transexuais e, também, mulheres com deficiência. Esses são grupos que, historicamente, enfrentam barreiras no acesso às políticas públicas e a direitos para os quais as casas legislativas podem, realmente, aportar muitas medidas, escutá-las.”
Para a senadora Zenaide Maia, a falta de projetos e políticas públicas voltadas aos direitos das mulheres “são o retrocesso civilizatório e o empobrecimento da base da sociedade, que é formada em sua maioria por mulheres negras”. “São essas mulheres as mais afetadas pelas crises econômicas, pelas pandemias, pela violência doméstica e outros problemas sérios da nossa sociedade, que é estruturalmente machista e racista”, observa.
O senador Paim acredita que “todas as pautas que tramitam no Congresso Nacional impactam diretamente e indiretamente as mulheres, principalmente, as mulheres negras, que são invisibilizadas pelas políticas públicas”. “As mulheres precisam estar onde elas quiserem, para o Brasil avançar de fato e de direito”, finaliza o parlamentar negro.
Agência Brasil
Isabela de Roldão

Isabella de Roldão reforça a importância do mamógrafo móvel no Recife durante o mês da mulher

Vice-prefeita da capital pernambucana destaca a iniciativa da Secretaria de Saúde da cidade

Isabela de Roldão
Foto: Divulgação
Durante o mês de março – mês da mulher – a Secretaria de Saúde do Recife irá realizar mais de 2500 mamografias gratuitas no mamógrafo móvel que irá circular por vários pontos da cidade. Para a vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão, a iniciativa da secretaria é fundamental para a prevenção do câncer de mama nas recifenses.

“Divulgar o mamógrafo móvel é importante demais para que as mulheres que não têm acesso ao exame consigam fazer esse preventivo, que é tão necessário, sem custo algum. Serão mais de 2500 exames realizados durante todo esse mês de março, mês da mulher”, ressalta Isabella.

O exame pode ser feito por mulheres e homens trans dos 50 aos 69 anos. Os horários disponibilizados serão das 8h às 12h e das 13h às 17h. E o melhor: não é preciso agendar previamente a mamografia. Serão 80 vagas por dia, sendo 40 pela manhã e 40 pela tarde.

Calendário completo do mamógrafo móvel no Recife:

Imagem: Divulgação

Delegada Gleide Ângelo

Delegada Gleide Ângelo é atendida e Delegacias da Mulher vão abrir 24h em todo estado

Delegada Gleide Ângelo
Foto: Américo Santos
A deputada Delegada Gleide Ângelo conseguiu uma importante conquista no enfrentamento à violência contra as mulheres: sua Indicação Nº 077/2023 foi deferida e, as Delegacias da Mulher do Estado vão funcionar 24h, durante todo o Carnaval. O anúncio foi feito pela Secretaria de Defesa Social na tarde da última terça-feira, 13.
“Apesar de ter solicitado o funcionamento das 15 DEAMS no carnaval e apenas seis serem contempladas, esse não deixa de ser um passo importante para o funcionamento efetivo da rede de proteção das mulheres do Estado. Afinal, sabemos que esse período de festas há uma aumento expressivo dos casos de violência contra a mulher”, pondera a deputada cuja solicitação havia sido feita na primeira semana do regresso das atividades parlamentares.
No mesmo momento, a Delegada também protocolou a Indicação Nº 072/2023, que determina o funcionamento integral das Delegacias de Proteção à Mulher de todo Estado durante todos os dias do ano. “É preciso vontade política para que as mudanças aconteçam. Conheço bem os trâmites para que haja a abertura de todas as DEAMS, por isso, vamos seguir acompanhando de perto o trabalho dos órgãos que integram a rede de proteção e amparo às pernambucanas vítimas de violência de gênero. Política de mulheres é coisa séria.”, concluiu.