Lula

Lula: não voltei a governar para fazer o mesmo que já fiz

Meu governo não tem tempo a perder

Lula
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, nesta quinta-feira (6), que o governo vai criar as condições necessárias para o que chamou de nova revolução industrial. “Quando a gente fala que precisa investir em inovação, que tem que ter uma nova revolução industrial, está nas nossas mãos fazer isso. Da parte do governo, a gente vai criar as condições”.
“O companheiro [Fernando] Haddad sabe que temos que aportar recursos para que o BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] faça a economia funcionar”, destacou. A declaração foi dada durante a reunião de relançamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI), no Palácio do Planalto, em Brasília.
“Temos três anos e meio. Conto todo dia. O mandato da gente acaba logo. É rápido quando a gente está no governo”, disse. “Meu governo não tem tempo a perder. Não voltei a governar esse país para fazer o mesmo que já fiz. A gente voltou pra tentar fazer as coisas diferentes. E fazer a revolução industrial nesse país, pra gente ser competitivo de verdade. A hora é agora.”
“Da parte do governo, serão três anos e meio em que ninguém vai poder se queixar que o governo está atrapalhando”, concluiu.

Conselho

Criado em 2004, o CNDI estava sem funcionar há sete anos,  retorna com a missão de construir nova política industrial para o país. Integram o conselho 20 ministros, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, e 21 conselheiros representantes da sociedade civil, entre entidades industriais e representantes de trabalhadores.

Agência Brasil

Planalto confirma ida de Lula à Cúpula Celac-União Europeia

 Evento será realizado este mês em Bruxelas, na Bélgica

Foto: Divulgação
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva conversou por telefone, na tarde desta quarta-feira (5), com o presidente do Governo da Espanha, Pedro Sánchez, e aceitou o convite para participar da cerimônia de abertura da Cúpula da Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, ainda este mês, em Bruxelas, na Bélgica. Até então, a ida do presidente brasileiro estava descartada, e o vice-presidente Geraldo Alckmin é quem representaria o país no encontro, nos dias 17 e 18 de julho. A cúpula não ocorre desde 2015, informou o governo brasileiro.
Ainda segundo o Planalto, Pedro Sánchez convidou o presidente Lula para a abertura do Fórum Empresarial da Cúpula, ao lado dele e da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. No fórum, deverão ser anunciados novos investimentos europeus na América Latina. A Espanha assumiu recentemente a presidência do Conselho da União Europeia.
A participação de Lula na Cúpula Celac-União Europeia ocorre no contexto em que o governo brasileiro busca modificar algumas exigências feitas pelo bloco europeu para aprovar o Acordo de Livre Comércio com o Mercado Comum do Sul (Mercosul), formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.
Nesta terça-feira (4), durante a 62ª Cúpula de Chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados, em Puerto Iguazú, na Argentina, Lula reafirmou que está comprometido com a conclusão do acordo de livre comércio, mas que o instrumento adicional apresentado pela União Europeia em março deste ano “é inaceitável”, e que o tratado precisa ser equilibrado e assegurar o espaço necessário para adoção de políticas públicas “em prol da integração produtiva e da reindustrialização”.
Os aditivos enviados pela UE a serem acrescentados no acordo têm previsão de aplicação de multas em caso de descumprimento de obrigações ambientais.

Fonte: Agêcia Brasil

Qualquer dinheiro aplicado na educação vale a pena, diz presidente

Lula participa da retomada de obras da Universidade Latino-Americana

Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva exaltou, nesta terça-feira (4), o papel transformador da educação, ao participar da cerimônia de retomada das obras do campus da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), em Foz do Iguaçu, no Paraná.
“É só ter um mínimo de inteligência para saber que qualquer dinheiro que a gente colocar na educação vale a pena. Porque é investimento”, destacou o presidente em discurso.
Durante o ato, que também marcou a posse da nova reitora da Unila, Diana Araújo Pereira, foi assinado protocolo de intenções para a retomada das obras do Campus Niemeyer, ao qual serão destinados R$ 600 milhões provenientes dos caixas da Itaipu Binacional. O prazo para conclusão dos trabalhos é de três anos, de acordo com a universidade. O campus da Unila é o último projeto assinado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, falecido em dezembro de 2012. O projeto foi doado pela Itaipu, que também doou o terreno onde está sendo erguida a obra.
A Unila foi criada em 2010, no último ano do segundo mandato do presidente Lula e é considerada um símbolo da integração da América Latina e da cooperação entre países pobres e em desenvolvimento.
“Esta universidade é a revolução que eu quero para a América Latina. Uma América Latina politizada, com milhões de engenheiros”, afirmou Lula.
Segundo o governo federal, serão concluídas as obras da primeira fase do futuro campus, paralisadas há nove anos com 41,58% dos trabalhos executados. Essa etapa inclui o prédio principal, com 18 andares, o bloco de salas de aula e o restaurante, estruturas que possibilitam o funcionamento do campus e a ampliação do número de vagas da universidade. A segunda etapa do campus – que inclui teatro, biblioteca e laboratórios – não está incluída neste protocolo.

Obras paralisada

De acordo com informações da própria Unila, as obras começaram em julho de 2011 e foram paralisadas três anos depois, em junho de 2014, quando o consórcio Mendes Júnior-Schahin abandonou a construção, alegando desequilíbrio econômico-financeiro em razão do aumento de custos originados por divergências e incompatibilidades no projeto e a necessidade de alteração nas fundações do prédio de aulas e restaurante, após a descoberta de falhas geológicas.
Além de romper o contrato, o consórcio recorreu à Justiça Federal solicitando a rescisão formal e o pagamento dos valores solicitados como aditivo contratual e negados pela Unila.
A universidade também recorreu à Justiça em razão do rompimento unilateral do contrato, pedindo o ressarcimento de valores gastos com a locação de imóveis para abrigar suas atividades e, ainda, a aplicação de multas pelo atraso na entrega da obra, que estava previsto para 2013. As ações ainda tramitam na Justiça. Atualmente, a Unila funciona em instalações e prédios alugados em Foz do Iguaçu.

Convênio

Durante a cerimônia, foi anunciado um documento que trata do repasse de R$ 17 milhões para a compra de equipamentos e mobiliários para 278 escolas no oeste paranaense, em uma parceria entre o Ministério da Educação (MEC) e o governo do estado.
Fonte: Agência Brasil

Lula assume presidência temporária do Mercosul com expectativas para o acordo com a União Europeia

Presidente receberá comando durante cúpula em Puerto Iguazú

Foto: Fábio Rodrigues

 Na próxima terça-feira (04), durante a 62ª Cúpula do Mercosul e Países Associados em Puerto Iguazú, na Argentina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumirá temporariamente a presidência do bloco formado por Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Essa posição terá duração de seis meses, e a grande expectativa está voltada para a conclusão do acordo entre o Mercosul e a União Europeia.

Durante uma coletiva de imprensa realizada nesta quinta-feira (29) em Brasília, o embaixador Maurício Carvalho Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty, explicou que o governo brasileiro está finalizando a avaliação dos pontos do acordo para apresentá-los aos parceiros do Mercosul e, posteriormente, à União Europeia.

O diplomata também destacou a posição crítica do governo brasileiro em relação às exigências recentes da União Europeia para o acordo com o Mercosul. Ele ressaltou que esse processo demanda tempo e cuidado devido à complexidade dos acordos e à necessidade de intensa coordenação interna. Lyrio mencionou que o governo brasileiro está próximo de apresentar suas avaliações aos parceiros do Mercosul e, em seguida, aos parceiros europeus.

Lula sanciona lei para atenuar queda de repasses aos municípios com redução populacional

 Censo 2022 traz impactos no Poder Legislativo com alteração no número de vagas nas câmaras municipais

Foto: Tânia Rego

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sancionou a Lei Complementar Nº 198/2023, horas após a divulgação dos dados do Censo Demográfico 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (26). Essa lei visa reduzir a queda nos repasses financeiros aos municípios que sofreram redução populacional de acordo com o censo.

Aprovada a partir de um projeto apresentado pelo senador Efraim Filho (União-PB), a legislação determina que os municípios não perderão receita no exercício financeiro de 2023 devido à queda populacional. No entanto, essa mudança será gradual e começará a ser sentida no próximo ano.

A lei estabelece um período de transição de dez anos para que as cidades se adaptem a essa nova realidade financeira, planejando alternativas de custeio e arrecadação para compensar a perda de receitas com o Fundo de Participação dos Municípios (FPM). O FPM é composto pela arrecadação do Imposto de Renda (IR) e do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).

A Confederação Nacional dos Municípios (CNM) estima que os coeficientes de 601 prefeituras diminuirão devido ao Censo 2022. Esses cálculos foram baseados nos dados preliminares da pesquisa, divulgados em dezembro de 2022.

A lei institui uma regra de transição que garante segurança jurídica aos Planos Plurianuais (PPA), à Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e às Leis Orçamentárias Anuais (LOA) já aprovadas e vigentes. O redutor financeiro previsto na lei estabelece uma restrição inicial de 10% no exercício seguinte à publicação do censo, aumentando para 20% no segundo exercício seguinte. A queda será gradativa até atingir 90% no nono exercício. A partir de 1º de janeiro do décimo exercício seguinte, os coeficientes dos municípios no FPM serão fixados de acordo com a população apurada pelo censo.

De acordo com o Censo 2022, Pernambuco possui uma população de 9.058.155 habitantes, representando 4,46% do total do Brasil. Os dez municípios mais populosos de Pernambuco, segundo o censo, são Recife (1.488.920 habitantes), Jaboatão dos Guararapes (643.759), Petrolina (386.786), Caruaru (378.052), Olinda (349.976), Paulista (342.167), Cabo de Santo Agostinho (203.216), Camaragibe (147.771), Garanhuns (142.506) e Vitória de Santo Antão (134.110). Igarassu, com 115.196 moradores, e São Lourenço da Mata, com 111.243 residentes, completam a lista de municípios pernambucanos com mais de 100 mil habitantes.

Como resultado das mudanças no número de habitantes de cada município, as câmaras municipais também serão afetadas. O Recife, por exemplo, perderá duas cadeiras na Câmara de Vereadores, passando de 39 para 37 parlamentares. Essa reconfiguração legislativa reflete a necessidade de ajustar a representatividade política de acordo com a população de cada localidade.

Com a sanção da lei e a transição gradual estabelecida, espera-se que os municípios tenham a oportunidade de se readequar financeiramente e buscar alternativas para compensar a perda de receitas. O objetivo é garantir que os serviços essenciais à população sejam mantidos, mesmo diante das mudanças populacionais e suas consequências econômicas.

O Censo 2022 e a lei sancionada por Lula demonstram a importância de uma abordagem cuidadosa e gradual no ajuste dos repasses financeiros aos municípios, levando em consideração a realidade demográfica e garantindo a continuidade dos serviços públicos essenciais para a população.

Lula e papa Francisco se encontram no Vaticano

  Presidente cumpre agenda na Europa. Da Itália ele segue para a França

Foto: Ricardo Stukert    


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o
papa Francisco se encontraram, nesta quarta-feira (21), no Vaticano. Em
publicação nas redes sociais, Lula agradeceu ao pontífice pela “boa
conversa sobre a paz no mundo”. A visita faz parte da agenda que Lula
cumpre na Europa, nessa semana, quando passará por Itália e França.

Antes da viagem, o presidente afirmou que conversaria com o papa sobre soluções
para a guerra na Ucrânia e o combate às desigualdades sociais e
econômicas no mundo. Lula disse ainda que convidaria Francisco a
participar do Círio de Nazaré, uma das principais festas religiosas do
país realizada anualmente em outubro, em Belém (PA).

Na agenda do presidente, após o encontro com
o papa, há uma audiência com o arcebispo Edgar Peña Parra, da
Secretaria de Estado do Vaticano.

Agenda na Itália

Mais cedo, Lula se encontrou com o presidente da Itália,
Sergio Mattarella, e teve audiências com o ex-primeiro-ministro da
Itália, Massimo D’Alema, e com a secretária-geral do Partido Democrático
Italiano, Elly Schlein. Com Matarella, o presidente tratou do acordo de
livre comércio entre Mercosul e União Europeia, sobre a aproximação
entre as universidades e a ampliação do intercâmbio comercial entre os
dois países.

Também hoje, o presidente brasileiro terá
encontros bilaterais com a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, e
com o prefeito de Roma, Roberto Gualtieri.  

O encontro com Gualtieri terá um caráter pessoal.
O político foi uma das personalidades internacionais que visitou Lula
durante o período em que o ex-presidente esteve preso em Curitiba (PR),
de 2018 a 2019, no âmbito da Operação Lava Jato. Na época da visita, em
julho de 2018, Gualtieri exercia mandato de eurodeputado pelo Partido
Democrático Italiano.

Já sobre Giorgia Meloni, até a véspera da
viagem, o encontro com a chefe de governo do país europeu não estava
confirmado, de acordo com autoridades brasileiras. A reunião foi confirmada ontem pelo Itamaraty. Primeira mulher a ocupar o cargo, Meloni é líder do primeiro governo de extrema-direita no país em décadas.

Lula chegou a Roma na manhã de terça-feira
(20) e o primeiro compromisso na capital italiana, ainda ontem, foi com o
sociólogo Domenico de Masi, referência internacional em estudos sobre a
sociologia do trabalho. Autor do livro Ócio Criativo, de Masi tornou-se famoso pelo conceito segundo o qual o ócio é um fator que estimula a criatividade pessoal.

Assim como Roberto Gualtieri, Domenico de
Mais também visitou Lula na prisão em Curitiba. No encontro de ontem, os
dois conversaram sobre o cenário político no Brasil e na Europa.

Amanhã (22), Lula embarca para Paris. Na
capital francesa, ele participa da Cúpula sobre o Novo Pacto Global de
Financiamento e terá encontro bilateral com o presidente da França,
Emmanuel Macron.

Lula também fará o discurso de encerramento
do evento Power Our Planet, a convite da banda Coldplay, na noite de
quinta-feira (22). O evento será realizado no Campo de Marte, em frente à
Torre Eiffel, e também terá as presenças de líderes do Timor Leste,
Barbados, Gana e Quênia, além da prefeita de Paris, Ane Hidalgo.

Agência Brasil

Lula inaugura terminal da Ferrovia Norte-Sul

Obra permite que produtos de três Estados tenham saída para o mar

Foto:Diviulgação Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa, nesta sexta-feira (16), da inauguração do terminal em Rio Verde da empresa Rumo, concessionária da Ferrovia Norte-Sul. O município goiano é um dos principais polos do agronegócio no Centro-Oeste.

O evento marca a conclusão das obras da ligação ferroviária que é considerada a espinha dorsal do sistema brasileiro de transporte sobre trilhos, pois conecta os portos de Itaqui, no Maranhão, ao de Santos, em São Paulo. A construção começou na segunda metade da década de 1980. Com 2.257 quilômetros (km) de extensão, a ferrovia atravessa quatro regiões.

“A conclusão permite que três estados com forte produção de commodities – como soja, milho e algodão – tenham saída para seus produtos pelo mar. Goiás, Mato Grosso e Minas Gerais ganham competitividade no momento de exportar seus produtos, seja pelo litoral da Região Sudeste ou pelo Norte do país. Como resultado prático, desenvolvimento e geração de emprego para todo o novo corredor logístico”, diz, em nota, o governo federal.

O evento em Rio Verde está marcado para as 10h30. Além de Lula, participarão da solenidade o ministro dos Transportes, Renan Filho, autoridades federais, estaduais e municipais e representantes da empresa responsável pela entrega do terminal.

Iniciada em 1986, a Ferrovia Norte Sul evoluiu pouco nas primeiras décadas e só ganhou impulso a partir de 2007, quando passou a receber investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), no segundo mandato de Lula. Nessa época, o trecho de Açailândia, no Maranhão, a Porto Nacional, no Tocantins, foi concedido para operação pela VLI Logística. Já a empresa Rumo passou a gerir o ramo centro-sul da ferrovia, entre Porto Nacional e Estrela D’Oeste, em São Paulo, em um trecho de 1.537 quilômetros. No interior de São Paulo, a ferrovia conecta-se à Malha Paulista, que vai até o litoral.

Nos últimos quatro anos, a Rumo construiu três terminais: em São Simão e Rio Verde, em Goiás, e em Iturama, Minas Gerais. Segundo o governo, a empresa investiu R$ 4 bilhões em obras de infraestrutura, terminais e material rodante. Além dos terminais, outras obras de infraestrutura foram necessárias para concluir a ferrovia, como a construção de quatro pontes entre Goiás, São Paulo e Minas Gerais, centenas de quilômetros de trilhos e inúmeros pátios, como o que faz a ligação entre as Malhas Central e Paulista na cidade de Estrela D’Oeste.
Potencial

Apesar do modal ferroviário ter recebido investimentos ao longo das últimas décadas, que somam mais de R$ 141,9 bilhões, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), o segmento ainda representa cerca de 21,5% do transporte de carga no país, inferior ao de países continentais como Rússia (81%), Canadá (34%), Estados Unidos (27%) e Austrália (55%).

De acordo com a ANTF, em 2021, mais de 93% do minério de ferro exportado chegou aos portos brasileiros por trilhos. O modal ferroviário responde pelo transporte de mais de 49% dos granéis sólidos agrícolas exportados e, no caso do açúcar, o índice é de quase 53%. No transporte de milho, a ferrovia escoa 58% da produção e, no complexo de soja (soja e farelo), mais de 46% do volume exportado.
Ag Brasil

Governo deve investir R$ 3 bilhões para alfabetização na idade certa

Decreto institui Compromisso Nacional Criança Alfabetizada

Foto:Fabio Pozzebom/Agência Brasil
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, nesta segunda-feira (12), decreto que institui o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada, a nova política para subsidiar ações para a promoção da alfabetização na idade certa das crianças do país. Segundo o Ministério da Educação, serão investidos R$ 1 bilhão em 2023 e mais R$ 2 bilhões entre 2024 e 2026.
Em cerimônia no Palácio do Planalto, Lula destacou que a política é uma construção coletiva, tanto na formulação, quanto na execução.
“O compromisso não é uma ideia que o Ministério da Educação [MEC] tirou do seu chapéu, pelo contrário, foi construída após muito diálogo com especialistas e gestores dos demais níveis federativos. Ele nasceu da colaboração e com a cooperação sairá do papel e fará diferença nas salas de aula”, disse, afirmando que espera a adesão de todos os 27 governadores ao compromisso.
Para Lula, ainda, nos últimos anos, o Estado “falhou miseravelmente” com a educação infantil.
A política prevê o protagonismo dos estados, municípios e Distrito Federal, que deverão elaborar suas próprias políticas locais de alfabetização, de acordo com suas especificidades. A União atuará na indução, coordenação e assistência técnica e financeira. Com isso, o governo reconhece as diversidades territoriais do Brasil e não propõe uma resposta única.
Falando em nome dos governadores, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, elogiou a iniciativa federativa e destacou que o esforço para que a alfabetização aconteça no tempo certo, “seguramente, será uma das boas e grandes estratégias para recuperarmos a qualidade da educação pública” no país.
“Aqui nós temos muitos políticos e eu diria, sem medo de errar, que a maior parte da classe política brasileira são filhos da escola pública brasileira, mas que a maior parte dos filhos desses políticos estudam hoje nas escolas particulares em todos os cantos do Brasil. Só esta triste real constatação, mostra que ao longo de muitos anos deixamos de fazer aquilo que precisava ser feito para que a educação tivesse a importância que ela tem, de entregar os resultados que ela precisa entregar para nação brasileira”, disse o governador.
O presidente Lula concordou com Mendes e acrescentou que a classe média “fugiu” do ensino público pois a qualidade da educação da escola pública não acompanhou as necessidades da população. “Então, é normal que um advogado, o prefeito, um deputado, o pequeno empresário procurem escola particular para o filho. Ou seja, tem gente que gasta quase metade do salário que ganha para garantir o seu filho numa escola particular porque a escola pública não atingiu ainda esse grau educacional que a gente entende que seja perfeito para o nosso povo”, disse.
Presidente Lula lança o Compromisso Nacional Criança Alfabetizada – Foto:Fabio Pozzebom/Agência Brasil
Para ele, o compromisso instituído hoje é um passo para que a escola pública volte a ter qualidade. O objetivo da política é garantir que todas as crianças brasileiras estejam alfabetizadas ao fim do 2º ano do ensino fundamental, com 6 e 7 anos, como prevê a Meta 5 do Plano Nacional de Educação (PNE). Nesse contexto, antes, na educação infantil, quando as crianças têm até 5 anos, o compromisso prevê o fomento à oralidade, leitura e escrita.
Além disso, o governo quer garantir a recomposição das aprendizagens do público impactado pelas restrições da pandemia de covid-19. Para os estudantes matriculados do 3º ao 5º ano do ensino fundamental, na faixa dos 8 a 10 anos de idade, haverá foco na consolidação da alfabetização.
Perdas sociais
De acordo com o governo, 2,8 milhões de crianças concluíram o 2º ano do ensino fundamental em 2021. Dados da pesquisa Alfabetiza Brasil, realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para subsidiar a nova política, revelam que 56,4% dos alunos foram considerados não alfabetizados pelo seu desempenho no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021.
Em outro estudo internacional conduzido pelo Inep no Brasil, o Estudo Internacional de Progresso em Leitura, divulgado no mês passado, o Brasil ficou à frente de apenas cinco países em avaliação internacional de alfabetização, aplicada em 65 nações.
O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou que a não alfabetização leva a perdas do potencial econômico e social da população e do país.
“Os estudos mostram que, quando o cidadão se alfabetiza, ele tem a chance de ter uma renda duas vezes maior; ainda, ele tem 26% condições de ter um trabalho formal e ele tem, inclusive, a condição de ter uma situação de saúde melhor quando ele é alfabetizado”, disse Santana, convocando toda a classe política para se engajar na iniciativa.
Segundo Santana, a meta de 100% das crianças alfabetizadas não será alcançada em quatro anos, mas é um processo que será definido conjuntamente com os estados, de acordo com cada realidade.
Adesão à participação
Após a publicação do decreto no Diário Oficial da União, os entes federados poderão fazer a adesão à política, via Sistema Integrado de Monitoramento Execução e Controle (Simec), do MEC.
A adesão será voluntária e implica aos estados, municípios e Distrito Federal a responsabilidade de promover a melhoria da qualidade do processo e dos resultados da alfabetização, com atenção à redução das desigualdades de aprendizagem entre os estudantes em sua esfera de competência.
Outras premissas são a mobilização e o engajamento da sociedade, com comunicação, acompanhamento e controle social; e o enfrentamento das desigualdades educacionais regionais, socioeconômicas, raciais e de gênero. Nos 90 dias seguintes à adesão, o governo espera que os entes colaborem para a formulação da política territorial, por meio de seminários, escutas e audiências públicas, de forma a contar com as múltiplas perspectivas do território brasileiro.
Para a distribuição dos recursos, o governo federal adotará como critérios a proporção de crianças não alfabetizadas; as características socioeconômicas, étnico-raciais e de gênero; e a presença de crianças que compõem o público-alvo da educação especial inclusiva.
Cinco eixos
O compromisso defende o foco nas necessidades da sala de aula, do professor e do estudante, com políticas sistêmicas, nitidez das demandas e corresponsabilização dos agentes de gestão. A nova política é baseada em cinco eixos.
– Gestão e Governança: oferta de mais de 7 mil bolsas para articuladores da política nos territórios, para a implementação local das iniciativas e para garantir que todas as redes de ensino elaborem e publiquem sua política territorial em até 90 dias após a adesão ao compromisso;
– Formação: recursos para viabilização de formações locais, para que as redes de ensino implementem sua Política de Formação de Gestores Escolares e sua Política de Formação de Professores Alfabetizadores;
– Infraestrutura Física e Pedagógica: recursos para que as redes de ensino disponham de material didático complementar para a alfabetização, material pedagógico de apoio aos docentes da educação infantil e espaços de incentivo a práticas da leitura apropriados à faixa etária e ao contexto sociocultural, ao gênero e ao pertencimento étnico-racial dos educandos;
– Reconhecimento de Boas Práticas: prêmio para gestores que trabalham com práticas pedagógicas e de gestão exitosas no campo da garantia do direito à alfabetização e na diminuição das desigualdades educacionais, sociais e raciais;
– Sistema de Avaliação: produção de parâmetros técnicos e articulação entre os sistemas de avaliação educacional da educação básica, para a tomada de decisões de gestão no âmbito da rede de ensino, da escola e do processo de ensino-aprendizagem e disponibilização de instrumentos diversificados de avaliação da aprendizagem dos educandos.
Governança
O MEC reforça que oferecerá apoio técnico e financeiro às redes de ensino, mas propõe um modelo de governança e gestão da política de alfabetização baseado na liderança política, na pactuação federativa e em definições estratégicas no âmbito do compromisso, na coordenação executiva e na realização das ações de natureza técnica.
Serão instituídos o Comitê Estratégico Nacional do Compromisso (Cenac) e o Comitê Estratégico Estadual do Compromisso (Ceec), para atuar na primeira frente; e a Rede Nacional de Articulação de Gestão e Formação do Compromisso Nacional Criança Alfabetizada (Renalfa).
O Cenac será presidido pelo ministro da Educação e incluirá representantes do MEC, da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) e do Conselho Nacional de Secretários de Educação de Capitais (Consec). Já o Ceec será composto pelo respectivo secretário estadual/distrital e pelos secretários municipais de Educação. A Renalfa terá instâncias estaduais e municipais, subsidiando, tecnicamente, as discussões e tomadas de decisão do Cenac e do Ceec, respectivamente.
Progressivamente, o governo espera que os sistemas de ensino possam avançar e estruturar três pilares para a sustentabilidade e institucionalização do compromisso, tendo: equipe técnica dedicada à política de alfabetização; normas consolidadas no sistema de ensino, com ação articulada com os conselhos de educação e órgãos legislativos; e priorização do orçamento local para a alfabetização.


Agência Brasil

A maior vitória em quase 6 meses de governo Lula é o equilíbrio entre os 3 poderes e a sociedade podendo criticar e elogiar livremente. O Brasil voltou.

Foto: CARL DE SOUZA / AFP
Caminhando para o sexto mês assistimos o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva se desenvolvendo, como todo governo o do petista erra, acerta, avança, recua, negocia e enfrenta oposição, críticas e elogios. Como todo governo? Não, não dá para esquecer o que representaram os 4 anos do governo anterior, presidido por Jair Bolsonaro.
Assistimos um país que enfrentou uma pandemia, escalonou mais de 700 mil mortos, e resistiu num ambiente de ameaça constante ao equilíbrio entre os poderes e a democracia em si. O medo imperou, a sensação de insegurança, materializada numa sucessão de bravatas e violências vocalizadas pelo então presidente, que motivaram seus seguidores a irem para as ruas e atacarem a ordem estabelecida marcaram cada dia. Ataques a imprensa, ambientalistas, índios, gays, lésbicas, negros, mulheres, comunistas, esquerda, oposição, católicos e afins estiveram na ordem do dia.
Para Bolsonaro pouco importava a regra do jogo, ele tentou fazer as suas, lutou arduamente para estabelecer uma semi-ditadura, chegou ao limite de trincar a democracia brasileira, em particular no processo eleitoral e no dia da eleição em si.
Então, quando passamos quase 180 dias sem um desrespeito aos 3 poderes constituídos de uma democracia, quando assistimos todo o processo de defesa e ataque normal a um governo numa república de tipo constitucional, respeitando as regras escritas pelos representantes do povo em sua carta magna, não há como não louvar a volta do Brasil aos marcos estabelecidos.
É claro que tem gente que não entendeu. Não perceberam alguns até agora que a esquerda nucleou uma frente amplíssima que ganhou a eleição, a duras penas, mas não construiu a maioria que precisava para governar e desfazer o conjunto de barbaridades perpetradas pelo bolsonarismo, tanto politicamente como socialmente.
Deputados, senadores e governadores ainda representam resquícios de um governo que acabou, cabendo ao novo governo dirigir o país nessa correlação de forças adversa, na busca da construção de uma maioria parlamentar que precisa urgentemente se converter numa maioria social e eleitoral em 2024 e 2026.
Mas não podemos criticar o novo governo? Ele não erra? Claro que podemos criticar e é óbvio que o governo erra, mas um pouco de Lênin e dos seus estudos sobre a real correlação de forças não faz mal a ninguém. O conjunto de ações políticas e sociais que o governo Lula vem desenvolvendo busca retomar o desenvolvimento econômico do Brasil, criar empregos e devolver a dignidade de nosso povo que sofreu tudo que não merecia nos 4 anos de Bolsonaro. O presidente o faz tentando por onde passa envolver forças políticas locais, desarmar palanques e agregar setores produtivos que se iludiram com a pauta ultraconservadora.
Até agora há muito o que comemorar, mas pode ter mais, principalmente se entendermos que o conceito de “frente ampla” não era só para ganhar a eleição, mas sim para governar o país, esse Brasil plural, diverso e belo, que teve a necessidade imperiosa de edificar uma ampla frente eleitoral e social para derrotar a ascensão do fascismo no poder central da nação. O que fizemos não foi qualquer coisa, a vitória que tivemos não foi só eleitoral, foi histórica, impedimos o desmonte da maior democracia da América Latina, a derrota da frente ampla traria consequências para todo o planeta.
É sempre importante lembrar que o todo importa muito mais do que as partes, embora seja formado por elas e estas tenham sim sua relevância relativa, as pautas especificas e localizadas compõe a colcha de retratos que somos. Mas a pauta central, o Brasil, a democracia, a luta por um país justo e soberano contempla todas as pautas especificas e as articula, isso é o que devemos perseguir: o claro entendimento do tamanho da nossa vitória, e a correlação de forças adversa em que ela se deu. Esse é o mundo real, e todo dia precisamos enfrentá-lo em busca de uma nova correlação de forças que leve o Brasil a novos dias de democracia ampla e de felicidade para o nosso povo.

Thiago Modenesi
É professor Universitário, Historiador,
Pedagogo e editor na Editora Quadriculando.

Paulo, Danilo e Lula

Na Sudene, Danilo Cabral vai se juntar ao BNB e ao Consórcio e traçar investimentos para o Nordeste

Será a primeira vez que dois pernambucanos estarão no comando de dois órgãos que se inter-relacionam: a Sudene e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), presidido pelo ex-governador Paulo Câmara, ex-PSB.

Paulo, Danilo e Lula
Paulo Câmara, Lula e Danilo Cabral.  Foto:Ricardo Stuckert/Divulgação

A nomeação do ex-deputado federal e ex-candidato ao Governo do Estado nas últimas eleições Danilo Cabral (PSB) para a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste não vai apenas tirá-lo do ostracismo.
Será a primeira vez que dois pernambucanos estarão no comando de dois órgãos que se inter-relacionam: a Sudene e o Banco do Nordeste do Brasil (BNB), presidido pelo ex-governador Paulo Câmara, ex-PSB.
O BNB, no entanto, tem hoje muito mais robustez São 292 agências físicas e mais de 5,3 milhões de clientes ativos. Aos 70 anos, financia os grandes empreendimentos eólicos e solares da região, de R$ 200 milhões a R$ 300 milhões de investimento em cada.
Criada em 1959, a Sudene já não tem a mesma saúde. No orçamento de 2023, cabem à autarquia R$ 78 milhões. É ela que define os recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), algo em torno de R$ 35 bilhões para este ano, destinados a 11 Estados (são 1.990 cidades). As maiores fatias estão com a Bahia (R$ 8,1 bilhões); Ceará (R$ 5 bilhões); e Pernambuco, com R$ 4,7 bilhões.
Servidores reclamam de salários cada vez mais defasados e estrutura deficitária. Além disso, a autarquia perdeu representatividade ao longo do tempo. Vai precisar de forte articulação política para se recompor.
O presidente Lula conta com o perfil jeitoso de Danilo Cabral para reacender a relevância da Sudene. Ainda sem data para tomar posse, mas já descobrindo os desafios que irá enfrentar, o ex-secretário de Educação, de Cidades e de Planejamento do Estado vai procurar os governadores da região – nove do Nordeste, mais o de Minas Gerais e o do Espírito Santo.
Deve começar pela Paraíba, governada por João Azevêdo, também do PSB. Não há proximidade entre os dois, mas Azevêdo hoje preside o Consórcio Nordeste, criado em 2019 para promover o desenvolvimento, a troca de experiências entre os nove Estados, e definir agendas políticas regionais.
Se seguir à risca o preceito do presidente Lula de que o desenvolvimento do Brasil começa pelo Nordeste, Danilo Cabral terá outra oportunidade de mostrar suas qualidades como gestor, ressaltadas tanto pelos petistas – que abriram mão da vaga em Pernambuco para deixá-lo mais perto do novo grupo político que se articula – quanto por integrantes do PSB que o ignoraram após um pleito no qual conquistou o quarto lugar. Vai sair muito mais forte do que entrou.
FolhaPe