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Polícia Civil desarticula quadrilha hacker liderada por adolescente de 14 anos

Grupo invadia plataformas de instituições de segurança e Justiça, comercializando acessos ilegais por até R$ 1 mil

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Foto: Wikimedia Commons
A Polícia Civil da cidade de Bady Bassitt, no interior de São Paulo, conseguiu desarticular uma quadrilha de jovens hackers envolvida em invasões ilegais a plataformas de instituições de segurança e de Justiça em todo o Brasil. O líder do grupo, um adolescente de apenas 14 anos, era o principal suspeito de coordenar as atividades. 
As investigações, trazidas a público pelo programa Fantástico da TV Globo, revelaram que a quadrilha possuía acesso a cerca de 20 milhões de logins e senhas dessas plataformas. Além de invadir os sistemas, os hackers também alteravam informações, incluindo o registro de boletins de ocorrência e até mesmo a ficha criminal de pessoas com passagens pela polícia. 
Esses acessos, obtidos por meio de logins e senhas de servidores, eram comercializados por valores que variavam de R$ 200 a R$ 1.000. A ação criminosa do grupo afetou diversas instituições, incluindo o Tribunal de Justiça de São Paulo, a Polícia Militar, a Polícia Federal, o Exército e o Ministério Público do Estado paulista. 
Uma das dificuldades para rastrear a quadrilha estava relacionada à sua habilidade de criar “conexões fantasmas” para ocultar a origem de seus acessos, dificultando a identificação dos computadores e endereços dos suspeitos.
Senador Sérgio Moro e Walter Delgatti Neto

Hacker Walter Delgatti Neto e Senador Sérgio Moro trocam acusações em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro

Embate acalorado entre Delgatti e Moro durante audiência da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito revela tensões e acusações mútuas.

Senador Sérgio Moro e Walter Delgatti Neto
Foto: Agência Senado/Câmara

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro presenciou um acalorado embate entre o hacker Walter Delgatti Neto e o senador Sérgio Moro (União Brasil-PR), durante o depoimento do hacker. Delgatti, conhecido por ter acessado diálogos de membros da operação Lava Jato, não poupou palavras ao se dirigir ao ex-juiz titular da força-tarefa em Curitiba.
Ao longo do interrogatório, Delgatti dirigiu duras acusações a Moro, o chamando de “criminoso contumaz”. O hacker alegou ter sido vítima de perseguição, comparando-a à que, segundo ele, o senador promoveu contra o ex-presidente Lula e o Partido dos Trabalhadores. Delgatti afirmou ter lido conversas privadas de Moro e declarou que este teria cometido “diversas irregularidades e crimes”.
Moro não deixou as alegações de Delgatti sem resposta, retrucando de forma contundente. “O bandido aqui, que foi preso, é o senhor”, declarou Moro, apontando para o hacker. O senador alegou que Delgatti enfrenta acusações e processos por crimes de estelionato, incluindo condenações com envolvimento de múltiplas vítimas. Moro ironizou o tempo que Delgatti levou para responder às perguntas, destacando as alegadas condenações do hacker.
O clima esquentou ainda mais quando Moro questionou o hacker sobre o número de processos por estelionato que ele enfrenta. Delgatti respondeu ter sido julgado em pelo menos quatro ações, sendo absolvido em todas elas. Moro, por sua vez, alegou que Delgatti enfrenta mais de 40 processos.
O vice-presidente da CPMI, Cid Gomes (PDT-CE), interveio para apaziguar os ânimos e pedir respeito entre as partes. Ele observou que as trocas de ofensas não contribuíam para a busca da verdade. Moro persistiu em sua postura crítica, apontando o histórico criminal de Delgatti e sugerindo que o hacker havia causado prejuízos a diversas pessoas inocentes.
Delgatti, por sua vez, acusou Moro de disseminar fake news e negou as alegações do senador. A audiência se estendeu com Moro questionando Delgatti sobre sua intenção ao invadir o celular do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AL). O hacker defendeu sua imparcialidade, mencionando também a invasão ao dispositivo registrado em nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), alegando que não encontrou qualquer conteúdo relevante.
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Hacker Walter Delgatti afirmou ter reuniões com Bolsonaro no Ministério da Defesa para manipulação de urnas eletrônicas

Depoimento na CPMI do 8 de Janeiro expõe suposto pedido do ex-presidente para adulterar urnas eletrônicas e envolvimento em ações ilícitas

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Foto: Reprodução/Senado
Nesta quinta-feira (17), o hacker Walter Delgatti, figura central nas investigações envolvendo supostas irregularidades nas urnas eletrônicas, prestou depoimento nesta quinta-feira à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. Delgatti revelou que, a pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), esteve no Ministério da Defesa em quatro ocasiões ao longo de 2022, em um contexto relacionado ao sistema eleitoral do Brasil.
Segundo o hacker, Bolsonaro teria solicitado a manipulação dos resultados de uma urna eletrônica utilizando um “código-fonte fake”, visando a evidenciar a suposta vulnerabilidade do sistema eleitoral nacional. A revelação expôs o teor dos encontros entre Delgatti e Bolsonaro, nos quais teriam discutido ações que impactariam diretamente o processo eleitoral.
Além disso, o Delgatti declarou ter recebido um pedido telefônico do então presidente para assumir a autoria de um grampo realizado contra o ministro Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele ainda afirmou que a conversa com Bolsonaro resultou em um acordo para que ele atuasse sobre as urnas eletrônicas, após um encontro ocorrido em 8 de agosto no Palácio da Alvorada.
O depoimento trouxe à tona informações relevantes, incluindo a alegação de que Bolsonaro teria assegurado a concessão de um indulto caso Delgatti fosse descoberto. A relatora da CPMI questionou Delgatti sobre o número de vezes que ele esteve no Ministério da Defesa, e o hacker admitiu ter visitado o local em cinco ocasiões distintas.
Em sua declaração, Delgatti alegou que Bolsonaro justificou as ações como um esforço para “salvar o Brasil” e preservar a “liberdade do povo”, evitando uma possível “ruptura” no país. O hacker afirmou que o ex-presidente lhe conferiu “carta branca” para agir, mesmo que isso envolvesse práticas ilegais.
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Hacker preso afirma que Bolsonaro perguntou sobre invasão de urna eletrônica

Declaração de Walter Delgatti Neto consta em decisão do STF que autorizou operação da PF.

Jair Bolsonaro
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABR

O hacker Walter Delgatti Neto, preso pela Polícia Federal (PF), revelou em declarações à imprensa que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) o questionou sobre a possibilidade de invadir uma urna eletrônica. Essa informação foi citada na decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, que autorizou a operação de prisão do hacker, investigado por invasão em sistemas do Poder Judiciário.
De acordo com Delgatti, ele se encontrou com Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em Brasília, onde foi indagado se, munido do código-fonte, conseguiria invadir a urna eletrônica. Entretanto, o hacker afirmou que esse plano não avançou porque o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) havia concedido acesso ao código-fonte apenas em suas dependências, o que o impediria de prosseguir com o plano de invasão.
Segundo a deputada Zambelli, em declaração à imprensa, Walter Delgatti ofereceu ao Partido Liberal (PL) a participação em uma espécie de auditoria das urnas eletrônicas nos primeiros e segundos turnos das eleições. Após essa oferta, ele se encontrou com Bolsonaro, afirmando ter informações relevantes sobre tecnologia. Durante a conversa privada, o presidente teria questionado sobre a confiabilidade das urnas, e Delgatti teria respondido que nenhum sistema tecnológico é completamente confiável.