feminicídio

Mulher de 60 anos é vítima de feminicídio no Recife; marido é encontrado morto

Suspeito de cometer o crime, o próprio marido tirou a própria vida após o assassinato

feminicídio
Foto: Reprodução/Folha PE
No último sábado (23), uma mulher, de 60 anos, foi brutalmente assassinada a golpes de faca. O principal suspeito de cometer o feminicídio é o próprio marido da vítima, que foi encontrado morto no bairro do Caçote, na Zona Oeste do Recife.
De acordo com informações da polícia, testemunhas que presenciaram a tragédia relataram que, após assassinar a esposa, o suspeito decidiu tirar a própria vida. O crime ocorreu no sábado e uma equipe da Força-Tarefa de Homicídios da Capital, vinculada ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), foi acionada para o local com o objetivo de registrar o feminicídio.
A assessoria de imprensa da Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) divulgou uma nota nesta segunda-feira (25), informando que o suspeito não portava documentos de identificação. Até o momento, o nome da vítima não foi oficialmente divulgado pelas autoridades. 
A PCPE informou que um inquérito foi instaurado pelo DHPP para investigar o caso, e os corpos da mulher e do suspeito foram encaminhados para o Instituto de Medicina Legal (IML), localizado no bairro de Santo Amaro, na área Central do Recife.
Maris da Penha

Violência Doméstica e Feminicídios: Desafios Frente à Lei Maria da Penha

Dados alarmantes mostram aumento de agressões e feminicídios no Brasil, enquanto a Lei Maria da Penha completa 17 anos de existência.

Maris da Penha
Foto: Reprodução
No ano passado, quase 250 mil mulheres denunciaram agressões no ambiente doméstico, representando um aumento de 2,9% em relação ao ano anterior, de acordo com dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Além disso, os feminicídios cresceram 6,1%, totalizando 1.437 vítimas – um triste reflexo da violência de gênero.
Neste 7 de agosto, a Lei Maria da Penha completa 17 anos desde sua promulgação, oferecendo medidas protetivas que deveriam servir como um escudo contra a violência de gênero. No entanto, a legislação tem se mostrado insuficiente para conter o aumento alarmante de agressões e feminicídios. Especialistas apontam diversas hipóteses para explicar esses números negativos.
Uma das possíveis causas é o desfinanciamento de políticas de proteção à mulher, ocorrido em anos anteriores, resultando na menor liberação orçamentária em uma década para combater a violência contra a mulher. Além disso, a pandemia da covid-19 também desempenhou um papel importante, reduzindo o horário de atendimento dos serviços de proteção e acolhimento às mulheres. Isso levou à interrupção de serviços essenciais como abrigos e assistência psicológica e jurídica, deixando as vítimas mais vulneráveis.
Outro fator a ser considerado é o crescimento dos crimes de ódio e o fortalecimento de movimentos ultraconservadores e machistas, que propagam discursos de ódio contra mulheres, LGBTQIA+ e outras minorias. Esse ambiente hostil cria um cenário propício para o aumento da violência. O termo “backlash” ou retaliação, ganha relevância aqui: à medida que avanços na igualdade de gênero são conquistados, alguns homens reagem agressivamente, resistindo às mudanças e à perda dos papéis sociais históricos e culturais que antes conferiam à mulher uma posição de subserviência ao homem.
Diante desses desafios complexos, é evidente que a Lei Maria da Penha, apesar de suas intenções nobres, enfrenta obstáculos significativos. O enfrentamento da violência doméstica e dos feminicídios requer uma abordagem multidimensional que envolva não apenas medidas legais, mas também investimentos em educação, sensibilização e combate aos discursos de ódio. Enquanto se celebra o aniversário da Lei Maria da Penha, é crucial reconhecer a necessidade de uma ação contínua para garantir um ambiente seguro e igualitário para todas as mulheres.