Metroviários exigem que o governo federal desista de privatizar o Metrô do Recife. E rodoviários querem aumento real de 10%, além de outras reivindicações.
Foto: Felipe Ribeiro/JC |
Começaram as ameaças de paralisação de motoristas de ônibus e metroviários na Região Metropolitana do Recife. Por isso, a população já deve ir se preparando para os transtornos. No caso dos rodoviários, a movimentação acontece sempre nessa época do ano devido às negociações salariais da categoria. Já os funcionários do Metrô do Recife lutam pela retirada do sistema do programa de privatizações do governo federal.
Este ano, o clima entre rodoviários e empresários de ônibus está mais tenso, vale ressaltar. Uma primeira rodada de negociações aconteceu nesta terça-feira (4/7), entre o Sindicato dos Rodoviários de Pernambuco e o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Pernambuco (Urbana-PE), mas sem avanços.
Segundo os rodoviários, a Urbana-PE sequer apresentou uma contraproposta à pauta de reivindicações entregue há mais de um mês. Uma nova reunião está marcada para o dia 18/7 e, nas redes sociais, os rodoviários demonstram irritação e prometem paralisações. “Tiveram tempo de ler, estudar, se reunir, apresentar uma contraproposta e nada”, avalia o sindicato.
O Sistema de Transporte Público de Passageiros da Região Metropolitana do Recife (STPP/RMR) transporta, atualmente, 1,8 milhão de passageiros diariamente, com uma frota de 2.700 ônibus, que operam 395 linhas e realiza 25 mil viagens por dia.
Um sistema que fatura, por ano, R$ 1,3 bilhão, dos quais R$ 1,1 bilhão vêm da tarifa paga pelo passageiro. R$ 250 milhões é o subsídio anual do Estado.
Os rodoviários querem aumento real de 10%, além da inflação, piso salarial para os setores administrativo e de manutenção, aumento do vale-refeição para R$ 600 e da cesta básica para R$ 400, entre outras reivindicações.
Já os metroviários estão ameaçando entrar em greve de fato, entre outras razões, como pressão para forçar o governo federal a retirar a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) do Plano Nacional de Desestatização (PND).
Já se vão mais de seis meses de gestão do presidente Lula e nenhuma mobilização consegue garantir a retirada nem recursos para reestruturar o Metrô do Recife, que sofre com déficit anual apenas de custeio de R$ 300 milhões. Além de precisar de, ao menos, R$ 2 bilhões (segundo a Superintendência da CBTU no Recife) e R$ 3,8 bilhões segundo os estudos feitos pelo BNDES para a privatização.
Segundo o Sindicato dos Metroviários de Pernambuco (SindMetro), a categoria aprovou a prorrogação do Estado de Greve – que se arrasta há dois meses – e uma nova assembleia no dia 12/7 para, então, votar a deflagração da greve.
“Os metroviários e metroviárias de Pernambuco decidiram na noite desta terça (4), pela manutenção do Estado de Greve, com o indicativo de deflagração da greve no próximo dia 12 de julho, caso a empresa não atenda as reivindicações dos trabalhadores/as. Será reaberto o diálogo com a CBTU e o sindicato com negociações na segunda (10) e terça (11)”.
Jornal do Comercio