Soldados assumem o comando do país após declaração de golpe, enquanto França, Cedeao e Rússia pedem a libertação imediata do presidente Mohamed Bazoum.
Foto: Reuters/Balima Boureima |
Na noite desta quinta-feira (27), o presidente do Níger, Mohamed Bazoum, permanecia detido no palácio presidencial após soldados declararem um golpe militar na noite de quarta-feira (26). A situação gerou incertezas sobre quem assumiu o comando do país, levando a comunidade internacional a manifestar preocupação e apelar pela restauração da ordem constitucional.
A França, antiga potência colonial do país, e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), manifestaram a urgência da libertação de Bazoum e o retorno à ordem democrática. Também a Rússia, por meio do ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, enfatizou a importância da restauração da ordem constitucional no país africano.
O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, informou que conversou com Bazoum na quinta-feira e que o presidente está “bem”, segundo a agência de notícias russa RIA.
Este é o sétimo golpe na África Ocidental e Central desde 2020, um cenário alarmante que pode ter sérias repercussões no progresso democrático e na luta contra os militantes jihadistas na região, onde o Níger desempenha papel importante como aliado do Ocidente.
Os apoiadores do golpe saquearam e incendiaram o quartel-general do partido do governo em Niamey, a capital, na quinta-feira, após o comando do Exército declarar apoio ao golpe conduzido por soldados da guarda presidencial.
A ação foi marcada por protestos com nuvens de fumaça negra saindo do prédio do quartel-general. Centenas de apoiadores do golpe reuniram-se em frente à Assembleia Nacional do país e foram dispersos pela polícia com rajadas de gás lacrimogêneo. Durante o ato, foram entoados cânticos a favor dos militares, e algumas pessoas agitavam bandeiras russas e entoavam slogans anti-franceses, revelando crescente ressentimento contra a influência da ex-potência colonial na região do Sahel. O Níger conquistou a independência da França em 1960.
O canal de TV estatal veiculou um comunicado do Ministério do Interior que condenava os atos de vandalismo e proibia manifestações até novo aviso.
Em um comunicado assinado por seu chefe de gabinete, o Exército afirmou que “decidiu aderir à… declaração” feita por soldados que anunciaram em um discurso televisionado tarde da noite que haviam destituído Bazoum do poder. A prioridade do Exército é evitar a desestabilização do país, preservar a integridade física do presidente e de sua família, e evitar “um confronto mortal… que possa criar um banho de sangue e afetar a segurança da população”. A situação permanece tensa, e a comunidade internacional acompanha de perto os desdobramentos no Níger.