Polícia investiga dono da empresa e cantor de funk por colaboração com grupo violento atuante no Litoral Sul
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A facção criminosa conhecida como Trem Bala está sendo alvo de uma operação policial após suspeitas de utilizar uma gravadora musical para a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. O atual proprietário da empresa e um cantor do segmento de Funk estão sendo investigados por suas ligações com o grupo criminoso, que possui uma atuação intensa no Litoral Sul de Pernambuco.
De acordo com informações da Polícia Civil, a gravadora musical em questão possui contratos firmados com diversos artistas locais, incluindo um indivíduo que é proprietário de uma boca de fumo localizada no distrito de Camela, em Ipojuca, região do Grande Recife.
Durante uma operação realizada pelo Batalhão de Operações Especiais (Bope) para combater o tráfico de drogas na área rural de Nossa Senhora do Ó, também em Ipojuca, membros ligados à facção Trem Bala foram encontrados em uma residência onde ocorria uma festa de aniversário. O cantor de funk investigado estava presente, o que, para as autoridades policiais, indica uma estreita conexão entre ele e a facção. O MC conseguiu fugir.
Um relatório da Polícia Civil destacou que foram analisadas músicas cantadas, produzidas e divulgadas pelo MC, nas quais foram identificadas claras incitações ao crime e apologias à facção criminosa Trem Bala.
Durante a operação Manguezal Vermelho, que resultou em cerca de 24 mandados de prisão preventiva, não foram solicitadas medidas cautelares contra o proprietário da gravadora e o cantor de funk, mas ambos permanecem sob investigação. Por essa razão, seus nomes não foram completamente divulgados.
Outra descoberta feita pela Polícia Civil é que somente os cantores liberados pela facção têm permissão para se apresentarem em determinadas áreas das praias de Porto de Galinhas, Maracaípe e Serrambi. Os músicos necessitam de autorização prévia do grupo para se apresentarem nessas localidades.
Em 2021, o cantor Paulo Roberto Gonçalves Cavalcanti, conhecido como MC Boco do Borel, foi assassinado durante uma apresentação em um bar de Serrambi. Segundo as investigações, o crime estaria relacionado a disputas entre facções. Acredita-se que o cantor tenha sido morto porque o grupo que atua na região suspeitava que ele fosse membro de uma organização criminosa rival.
MC Boco do Borel chegou a ser preso em 2020 após ser abordado com uma grande quantidade de drogas. Ele permaneceu dois meses no presídio e, durante esse período, supostamente estabeleceu uma relação com a facção rival.