Central única de trabalhadores (CUT) completa 40 anos com desafios e novas perspectivas

Presidente da CUT destaca a importância de inclusão e renovação sindical em meio a mudanças na composição da classe trabalhadora.

CUT
Foto: Rovena Rosa/AGB
A Central Única de Trabalhadores (CUT), a maior central sindical da América Latina, comemora quatro décadas de atuação neste 28 de agosto. A ocasião marca não apenas uma jornada de lutas e conquistas, mas também uma reflexão sobre os desafios contemporâneos e as novas perspectivas que se apresentam ao movimento sindical brasileiro.
O atual presidente da CUT, Sérgio Nobre, ressaltou a importância de ampliar a representatividade sindical e garantir a inclusão de todas as categorias de trabalhadores. Em entrevista, Nobre enfatizou a necessidade de trazer para dentro do sistema sindical os trabalhadores desprotegidos, como microempreendedores e autônomos que atuam por meio de aplicativos, muitos dos quais atualmente sem amparo legal ou proteção social.
“Metade da classe trabalhadora não está nessa condição [de ter proteção trabalhista]. São microempreendedores, são autônomos que trabalham por aplicativo e que não têm direito nenhum e estão fora da proteção social”, explicou Nobre. Ele também destacou a abertura de duas mesas de negociações com o governo federal: uma visando a atualização do modelo sindical e o fortalecimento da negociação coletiva, e a outra direcionada a encontrar soluções de proteção para os trabalhadores de aplicativos. Nobre acredita que o sucesso nessas empreitadas pode estabelecer um marco, tornando o Brasil referência em proteção para esse tipo de trabalhador e em modelo sindical inovador.
Desde a sua criação em 1983, a CUT se consolidou como um resultado direto das mobilizações e protestos dos trabalhadores no final dos anos 1970. Em um contexto de crise política, inflação crescente e declínio do crescimento econômico da ditadura militar, a CUT surgiu como um instrumento capaz de unificar diversas categorias de trabalhadores dispersas. O professor do Instituto de História da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Fontes, destaca que a CUT teve um papel fundamental na construção da Constituição de 1988, influenciando o aspecto social presente nesse documento crucial.
No entanto, a transformação na composição da classe trabalhadora desde a fundação da CUT introduziu novos desafios. O declínio da força dos trabalhadores da indústria e o crescimento da força de trabalho nos serviços requerem uma reavaliação das estratégias sindicais. Paulo Fontes aponta para a importância de os sindicatos se reinventarem para se aproximarem e ouvirem os trabalhadores, a fim de recuperar a relevância e efetividade nesse cenário em constante evolução.
A celebração de 40 anos da CUT é, portanto, um momento para olhar tanto para trás e reconhecer as conquistas passadas, quanto para frente, enfrentando os desafios presentes e futuros. Em um mundo do trabalho em constante mutação, a adaptação, a inclusão e a renovação se apresentam como as chaves para um movimento sindical resiliente e capaz de promover os direitos e interesses de todos os trabalhadores.
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