O que é o complexo de abandono e como pode afetar a vida adulta?

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O complexo de abandono é uma teoria psicanalítica que se refere a uma possível origem da angústia de uma pessoa quando esta se sente abandonada ou negligenciada. Essa teoria é frequentemente atribuída a Sigmund Freud, o fundador da psicanálise, que elaborou essa ideia a partir de suas observações clínicas sobre os pacientes.
De acordo com Freud, o complexo de abandono tem sua raiz nas primeiras experiências afetivas do indivíduo, em especial na relação com a mãe. Segundo a teoria freudiana, a mãe é a primeira figura de vínculo afetivo e segurança emocional para a criança. A ausência, negligência ou desaprovação materna, portanto, pode gerar insegurança e uma sensação de abandono.
Essa sensação de abandono pode ter efeitos profundos na personalidade do indivíduo. De acordo com Freud, a pessoa que desenvolve o complexo de abandono tende a ser excessivamente dependente dos outros, a ponto de sacrificar sua própria individualidade e autoestima para manter o vínculo afetivo. Ao mesmo tempo, essa pessoa pode ter dificuldades em estabelecer relações afetivas saudáveis, pois teme ser abandonada ou rejeitada.
Além disso, o complexo de abandono pode estar associado a sentimentos de raiva e ressentimento em relação aos pais ou cuidadores, que são percebidos como responsáveis pela sensação de abandono. Esses sentimentos podem ser reprimidos e inconscientes, mas ainda assim afetar a vida adulta do indivíduo.
Freud também apontou que o complexo de abandono pode estar relacionado a outros distúrbios psicológicos, como a ansiedade, a depressão e o transtorno borderline. Isso ocorre porque a sensação de abandono pode gerar uma instabilidade emocional que se reflete em diferentes aspectos da vida da pessoa.
Vale ressaltar que, apesar de ter sido elaborada por Freud, a teoria do complexo de abandono é alvo de críticas e debates na psicologia contemporânea. Alguns estudiosos argumentam que a teoria é baseada em uma visão muito estreita da relação mãe-filho e não considera a diversidade de formas de vínculo afetivo. Além disso, há críticas à ênfase excessiva na relação com a mãe e na psicologia individual, em detrimento de fatores sociais e culturais mais amplos.
De qualquer forma, o complexo de abandono continua sendo uma teoria relevante para a compreensão da psicologia humana e da forma como as primeiras experiências afetivas moldam a personalidade e o comportamento do indivíduo. É importante levar em consideração que, se você se identifica com os sintomas descritos acima, é recomendado buscar ajuda profissional para lidar com esses sentimentos e emoções.
Casal Gay

A responsabilidade afetiva é uma questão de suma importância nas relações

A responsabilidade afetiva é tão importante quanto a responsabilidade material e mental.

Casal Gay
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A responsabilidade afetiva é um conceito fundamental para construir relações saudáveis e profundas com os outros. É a capacidade de exercer nossos papéis e funções com o intuito de promover o bem-estar, o desenvolvimento e a felicidade de todos os envolvidos.
Significa se responsabilizar para dar o melhor de nós e contribuir para o crescimento daqueles que estão ao nosso redor. Significa assumir nossas responsabilidades e compromissos com a honestidade, o respeito e o cuidado com as outras pessoas. Significa realizar tarefas e tomar decisões com base no que é melhor para todos.
Além disso, a responsabilidade afetiva significa estar lá para aqueles que amamos, oferecer apoio e encorajamento, e estar presente para ajudar a crescer. É importante não somente estar presente para aqueles que amamos quando eles precisam, mas também para estar lá quando eles estão felizes e alegres.
Ser responsável afetivamente significa também estabelecer limites e se comprometer a mantê-los. É importante que todos os envolvidos entendam e aceitem esses limites e que eles sejam implementados com gentileza e carinho.
A responsabilidade afetiva é tão importante quanto a responsabilidade material e mental. É essencial para manter relacionamentos saudáveis, bem como para desenvolver e apoiar a confiança e o amor entre os envolvidos.
Ela é uma parte importante de qualquer relacionamento saudável. Quando as pessoas se comprometem a serem responsáveis ​​afetivamente com seu parceiro, isso cria um ambiente de confiança, segurança e amor. A responsabilidade afetiva é a capacidade de se responsabilizar por seus sentimentos, pensamentos e ações e ao mesmo tempo criar espaço para que o parceiro faça o mesmo.
Significa mostrar empatia ao ouvir o que o outro está dizendo, reconhecer sentimentos, estabelecer limites e respeitá-los, demonstrar compaixão, aceitar erros e aprender com eles, e assumir a responsabilidade de compartilhar sentimentos e pensamentos. Ser responsável afetivamente também significa não culpar o outro por seus próprios erros. Em vez disso, é importante assumir a responsabilidade por seus sentimentos e ações.
Ser responsável afetivamente também significa saber quando pedir desculpas, quando se abrir para o outro, quando se conectar e quando se isolar. Quando as pessoas se comprometem a serem responsáveis ​​afetivamente com seu parceiro, elas podem construir uma fundação sólida para um relacionamento saudável e duradouro.
O afeto de acordo com a psicanálise freudiana
A teoria da psicanálise de Sigmund Freud se concentra na importância da relação entre afeto e motivação. De acordo com Freud, a motivação não é um resultado direto de qualquer necessidade biológica, mas sim um resultado de forças afetivas, que podem ser divididas em três categorias: instintos, sentimentos e emoções.
Os instintos são as forças afetivas que nos levam a buscar satisfação. Eles são inatos e não precisam ser aprendidos. Os sentimentos são as forças afetivas que nos permitem estabelecer ligações emocionais em relação aos outros. Eles são aprendidos com a experiência. As emoções são as forças afetivas que nos motivam a reagir a estímulos externos. As emoções são aprendidas e podem ser modificadas por experiências passadas.
Freud acreditava que o afeto é fundamental para o desenvolvimento e a saúde mental. Ele acreditava que as forças afetivas desempenham um papel importante na determinação do comportamento humano. Segundo ele, nossos instintos, sentimentos e emoções nos motivam a agir, a pensar e a sentir de certas maneiras.
A teoria da psicanálise de Freud nos ensina que o afeto é um elemento essencial para o desenvolvimento, o bem-estar e a saúde mental. Quando usado de maneira apropriada, ele pode nos ajudar a nos conectar com os outros e nos motivar a buscar satisfação. No entanto, quando usado de forma inadequada, o afeto pode nos levar a desenvolver sintomas de ansiedade, sendo prejuudicial para a saúde mental e a relações interpessoais.
A importância da reciprocidade nos relacionamentos na visão freudiana
A reciprocidade é um princípio fundamental na visão de Sigmund Freud sobre relacionamentos humanos. Para ele, relacionamentos saudáveis e bem-sucedidos dependem de um ambiente de reciprocidade, no qual as necessidades das duas partes são reconhecidas e atendidas. Freud acreditava que as pessoas precisam se relacionar em um ambiente em que elas sintam que estão fazendo o seu melhor para satisfazer as necessidades de seu parceiro. A reciprocidade nos relacionamentos não significa apenas retribuir o que foi dado, mas também significa dar o que é necessário para que a relação seja saudável e duradoura.
De acordo com Freud, o princípio da reciprocidade estabelece que as necessidades dos parceiros sejam reconhecidas e atendidas. Ele defendia que, para manterem um relacionamento saudável, as pessoas devem estar dispostas a aceitar e cuidar das necessidades de seu parceiro e a oferecer suporte. Além disso, Freud acreditava que as pessoas precisam ser honestas sobre suas necessidades e desejos e compartilhar seus sentimentos com seu parceiro de uma forma autêntica.
Ele também acreditava que a reciprocidade é a chave para o sucesso de qualquer relacionamento. E para que um relacionamento seja saudável, as pessoas envolvidas precisam compreender e aceitar as necessidades e sentimentos de seu parceiro. Quando se trata de relacionamentos, é importante que os parceiros estejam comprometidos em satisfazer as necessidades do outro, para que assim a relação flua de forma saudável.
Escrito por:
Sanchilis Oliveira, é Psicanalista formado pela ABEPE, também é jornalista formado pela UNIFG, e Professor de Letras formado pela FAESC.