Acompanhante relata condições subumanas no hospital e falta de resposta da administração.
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Foto: Cortesia |
Uma situação chocante abalou a rotina do Hospital da Restauração (HR) nesta segunda-feira. Uma barata viva foi encontrada em uma marmita servida a uma paciente, deixando familiares perplexos. A denúncia, feita pela artesã Ana Paula, que acompanha a filha internada na unidade desde sexta-feira, revelou também condições precárias de pacientes e acompanhantes no hospital.
Ana Paula descreveu o momento em que fez a descoberta aterrorizante: “Eu fiquei chocada, nunca imaginei isso. Foi inacreditável. Coisa que só vemos em filme de comédia. Quando abrimos a marmita, a barata estava viva comendo a comida”. A mulher procurou imediatamente a enfermeira-chefe de plantão, mas a resposta da profissional a deixou perplexa. “Ela perguntou se eu não tinha deixado a marmita no chão. Eu disse: querida, na minha casa que é limpa eu não ponho a comida no chão, por que eu colocaria aqui numa situação dessas?”, questionou.
Além do incidente com a barata, Ana Paula desabafou sobre as condições enfrentadas por pacientes e acompanhantes no HR: “Os doentes todos em maca de socorrista pelo corredor. Os acompanhantes têm que sentar no chão no papelão, ou trazer uma cadeira ou banco de casa. A situação é sub-humana. Como cidadã me sinto esquecida, entregue às baratas como dizem”, reclamou.
A reportagem tentou obter uma resposta por parte do Hospital da Restauração, mas até o momento, nenhum retorno foi dado. Esta não é a primeira vez que o HR enfrenta críticas em relação à falta de estrutura e informações aos familiares. Em maio deste ano, parentes de pacientes internados já haviam se queixado da dificuldade em conseguir informações sobre o estado de saúde dos familiares.
Dependendo da ala em que o paciente está internado, não é permitida a presença de acompanhantes dentro do prédio, o que força muitas famílias a dormirem na entrada da emergência. Muitas delas vêm de outras cidades ou não têm recursos para pagar o transporte diário. As condições são desumanas, com pessoas utilizando colchões improvisados ou deitando em lençóis. Além disso, o banheiro da recepção do HR carece de torneira, papel higiênico e chuveiro, forçando algumas pessoas a recorrerem a alternativas precárias para sua higiene pessoal.
O relato da diarista Maria Aparecida da Conceição, que veio de Palmares, na Zona da Mata Sul, é emblemático. Seu filho está internado no HR desde o dia 20 de abril, e ela conta com a “sorte” de o segurança permitir seu acesso a um banheiro com chuveiro. Quando isso não é possível, ela recorre a uma garrafa plástica cortada ao meio para tomar banho com água da descarga.