Rio de Janeiro

Ações policiais em favelas do Rio causam prejuízo de R$ 14 milhões anuais, diz pesquisa

Moradores relatam impactos econômicos e sociais negativos decorrentes de operações policiais nas comunidades

Rio de Janeiro
Foto: Carl de Souza/AFP
Um estudo inédito realizado pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) revelou que as ações policiais nas favelas do Rio de Janeiro resultam em um prejuízo anual de pelo menos R$ 14 milhões para os moradores dessas comunidades. A pesquisa, intitulada “Favelas na Mira do Tiro: Impacto da Guerra às Drogas na Economia dos Territórios”, foi lançada na segunda-feira (15) e baseou-se em entrevistas com 400 moradores do Complexo da Penha e 400 do Complexo de Manguinhos, ambos na zona norte da cidade, áreas com maior incidência de tiroteios decorrentes de ações policiais entre junho de 2021 e maio de 2022.
De acordo com o estudo, 60,4% dos moradores que exerciam atividades remuneradas nos complexos da Penha e de Manguinhos ficaram impedidos de trabalhar devido às operações policiais ocorridas ao longo do ano anterior à pesquisa. Eles relataram uma média de 7,5 dias de trabalho perdidos, o equivalente a 2,8% de um ano com 264 dias úteis, resultando em uma perda anual de R$ 9,4 milhões, considerando a renda média da população acima de 18 anos nesses territórios.
Além disso, os prejuízos decorrentes da reposição ou reparo de bens danificados pelas ações violentas somam R$ 4,7 milhões por ano nos dois complexos. Assim, o estudo estima um prejuízo anual de aproximadamente R$ 14 milhões em consequência das ações policiais.
Os moradores também relataram outros impactos, como a impossibilidade de utilizar meios de transporte (56,6%), realizar atividades de lazer (42,8%), receber encomendas (33,3%), comparecer a consultas médicas (32,3%), e estudar (26%).
A coordenadora de pesquisa do CESeC, Rachel Machado, destacou que esses prejuízos são resultado de ações violentas e desordenadas do Estado e afetam diretamente a vida dos moradores. A pesquisa reforça a necessidade de repensar as políticas de segurança nas favelas do Rio de Janeiro para minimizar os impactos negativos sobre a população local.
Hospital Francisco da Silva Telles

Pai e filha depredam hospital, agridem médica e levam uma paciente à morte no Rio

Ambos foram presos em flagrante por homicídio doloso. De acordo com a Secretaria de Saúde, o acusado tinha ferimentos leves e tinha sido orientado a esperar por atendimento

Hospital Francisco da Silva Telles
Foto: Reprodução

Um homem e uma mulher, sua filha, com uma criança no colo, invadiram a área de emergência, agrediram uma médica e quebraram utensílios de um hospital público na zona norte do Rio de Janeiro, na madrugada deste domingo (16), depois de procurarem atendimento médico e não serem atendidos imediatamente.
Pouco após o tumulto, uma paciente de 82 anos que estava em estado grave faleceu, em meio à confusão que invadiu a área onde ela estava e acabou desviando a atenção da equipe médica que acompanhava o seu estado.
Pai e filha foram presos em flagrante por homicídio doloso com dolo eventual, de acordo com a Polícia Civil, e uma investigação sobre o caso foi aberta. O homem foi, ainda, autuado por lesão corporal.
Homicídio doloso é aquele em que a pessoa causa intencionalmente a morte de outro.
O dolo eventual é o que classifica as situações em que o objetivo original não era a morte, mas o acusado tinha consciência de que esta poderia ser uma das consequências de seu ato.
O homem, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde do Rio, tinha um corte no dedo da mão esquerda e não estava em estado grave. Ele alegava estar armando. Sua filha estava acompanhada, ainda, de uma criança de colo.
O incidente ocorreu no Hospital Municipal Francisco da Silva Telles (HMFST), no bairro do Irajá.
Os dois chegaram por volta das 3h30 e foram orientados a esperar pelo atendimento.
A paciente que morreu entrou em parada cardiorrespiratória às 4h e faleceu às 4h30, depois que a equipe tentou socorrê-la, sem sucesso, também de acordo com a secretaria.
“Os dois já chegaram à unidade bastante alterados”, disse a Secretaria Municipal de Saúde em nota.
“A equipe de saúde estava naquele momento atendendo outros pacientes com quadros mais graves e o homem foi informado de que deveria aguardar ou se dirigir a outra unidade. Diante da informação, ele — que dizia estar armado — e a filha começaram a depredar a sala de espera, quebrando vidros de portas e janelas.”
Na sequência, o homem invadiu a Sala Vermelha, área para onde são encaminhados os pacientes do pronto atendimento com quadro mais grave.
Lá, conta a secretaria, ele deu um soco na boca de uma médica que atendia outro paciente. A médica precisou tomar pontos após o ferimento.
Era nesta sala que estava sob observação a mulher que veio a falecer.
De acordo com a Polícia Militar, que foi acionada pelos profissionais do hospital e se dirigiu ao local, os dois acusados foram detidos e levados para à 38ª DP, onde o caso foi registrado.
Profissionais do HMFST também estiveram na unidade policial para prestar depoimento como testemunhas e vítima.

CNN Brasil