Itambé

Vereador de Itambé faz comentário racista associando água suja a colega e Pelé

Fala polêmica durante sessão da Câmara gera indignação e prefeitura emite nota de repúdio ao racismo.

Itambé
Foto: Reprodução
Durante uma sessão da Câmara Municipal de Itambé, no interior de Pernambuco, o vereador Ailton Faustino da Silva, conhecido como Cabrito e filiado ao partido União Brasil, causou indignação ao proferir um comentário racista, associando a água “barrenta e fedorenta” do município a dois negros: um colega de parlamento e o falecido ex-jogador Pelé. O episódio ocorreu na quarta-feira, dia 20 de Setembro, e a gravação com a fala repercutiu amplamente nas redes sociais.
Enquanto discutia a qualidade da água no município durante sua intervenção na sessão, o vereador Cabrito fez um comentário extremamente insensível e ofensivo. Ele afirmou: “O que acontece hoje em Itambé, como vocês veem nas redes sociais, é aquela água barrenta e fedorenta […]. Outro dia, Zé Carlos, me lembrei até de você. Me perdoe, me desculpe, eu não estou aqui querendo… Uma mãe pegou uma criancinha, botou de tarde para dar um banho e o menino saiu mais preto que Pelé.”
A declaração chocou o colega vereador José Carlos de Sousa do Nascimento, também filiado ao União Brasil, conhecido como Zé Carlos Guabiraba. Este imediatamente confrontou Cabrito, perguntando se ele estava fazendo uma declaração racista. Zé Carlos afirmou: “Entendi nada agora. O vereador está com racismo, vereador? Vereador, para um bom entendedor, meia palavra basta. Me chamou de negro, de preto. Você foi infeliz na sua fala, mas eu perdoo.”
Cabrito respondeu que não quis debochar de Zé Carlos, mas manteve sua piada infeliz e afirmou que deveria ter se referido apenas a Pelé, e não ao colega de partido. Ele disse: “Eu não quis aqui jamais, Zé Carlos, jamais, pode confiar em mim, de coração, jamais queria debochar de você, jamais. Não. Eu não era nem para ter tocado no seu nome. Só em Pelé, mesmo.”
O vereador Zé Carlos Guabiraba, que assumiu seu cargo na Câmara Municipal de Itambé no dia 13 de setembro, poucos dias antes do incidente, revelou que inicialmente não tinha a intenção de registrar um boletim de ocorrência, mas agora está considerando fazer uma denúncia contra Cabrito. Ele enfatizou a gravidade do ocorrido, afirmando: “Ele me comparou com a água daqui, barrenta e suja. Na hora, até falei, porque não entendi por que ele estava falando aquilo. Isso deixa você com a moral muito baixa, e você fica desmotivado. Isso é discriminação racial.”
O caso gerou uma onda de indignação nas redes sociais, com amigos, familiares e eleitores de Zé Carlos cobrando uma posição e ações apropriadas em resposta à declaração racista.
A Prefeitura de Itambé utilizou sua conta oficial no Instagram para publicar uma mensagem de repúdio ao racismo, afirmando: “Não é piada. Não é mimimi. Racismo é crime”. A administração municipal destacou seu compromisso com o respeito às diferenças e a luta contra todas as formas de preconceito, e ressaltou que atitudes racistas ou discriminatórias são inaceitáveis e devem ser punidas dentro da lei.
discriminação religiosa

Pastor é condenado por discriminação religiosa após chamar símbolos de religiões afro-brasileiras de “culto satânico”

Tribunal de Justiça de Pernambuco impõe pena ao religioso por preconceito contra painel de religiões de matriz africana

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Foto: Reprodução/Instagram
O pastor Aijalon Heleno Berto Florêncio foi condenado pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) por crime de discriminação religiosa. Sua condenação ocorreu devido às críticas feitas nas redes sociais a um painel pintado no Túnel da Abolição, no bairro da Madalena, na Zona Oeste do Recife, em agosto de 2021.
No vídeo publicado online, o pastor associou a pintura, que continha personagens e símbolos de religiões de matriz africana, a conceitos como “feitiçaria” e “entidades satânicas”, classificando-a como um “culto a demônios, culto satânico”.
O crime pelo qual foi condenado foi o de “praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. Na sentença, o pastor, que era líder da Igreja Evangélica Ministério Dúnamis, de Cruz de Rebouças, distrito de Igarassu, no Grande Recife, recebeu uma pena de dois anos e seis meses de reclusão.
Além disso, foi ordenado a pagar R$ 100 mil por dano moral coletivo e 100 dias-multa, cada um correspondente a 1/30 do salário mínimo vigente à época dos eventos, totalizando R$ 3.666,66.
A juíza Ana Vieira Pinto, da Vara Criminal da Comarca de Igarassu, no Grande Recife, assinou a sentença, concedendo ao pastor o direito de recorrer em liberdade.