Jornalista Investigativo e Defensor das Causas Sociais é Alvo de Violência Política
Foto: Divulgação/Redes sociais |
O cenário político equatoriano foi abalado por um ato de violência chocante nesta quarta-feira, quando Fernando Villavicencio, renomado jornalista investigativo e candidato à presidência do Equador, foi assassinado em um encontro político na capital Quito. O atentado deixou a nação em luto e ressalta os crescentes desafios de segurança e instabilidade que o país enfrenta em meio a um cenário eleitoral turbulento.
Com 59 anos, Villavicencio era uma figura de destaque tanto no jornalismo quanto na política. Membro da Assembleia Nacional do Equador entre 2021 e 2023, ele se destacou por sua defesa incansável das causas sociais indígenas e dos trabalhadores, desempenhando também um papel de liderança sindical. Sua carreira no jornalismo foi marcada pela coragem de expor casos de corrupção que corroíam o governo equatoriano.
O ataque que tirou a vida de Villavicencio ocorreu de forma brutal. Durante um evento político, ele foi alvejado três vezes na cabeça, causando sua morte imediata. A execução violenta chocou a nação e gerou uma onda de indignação tanto dentro quanto fora das fronteiras do Equador.
O jornalista investigativo ganhou notoriedade por suas reportagens que revelaram casos de corrupção de alto nível dentro do governo equatoriano. Em uma de suas matérias mais impactantes, ele acusou o ex-presidente Rafael Correa de crimes contra a humanidade, um gesto que o levou a ser condenado a 18 meses de prisão em 2014 por injúrias contra Correa. Villavicencio foi posteriormente concedido asilo político no Peru, onde continuou sua busca por justiça e verdade.
Mesmo durante seu exílio, Villavicencio persistiu em suas investigações, expondo um suposto esquema de prejuízos milionários ao Equador relacionados à venda de petróleo para a China e a Tailândia, o caso conhecido como “Petrochina”. Sua determinação em desmascarar a corrupção rendeu-lhe não apenas reconhecimento internacional, mas também o respeito de muitos equatorianos.
Além de seu trabalho no jornalismo, Villavicencio também escreveu dez livros e fundou portais de notícias no Equador antes de ingressar na vida política como candidato à presidência. Ele defendia firmemente o combate à corrupção como um pilar fundamental para a reconstrução do país.
A trágica morte de Villavicencio lança uma sombra sobre as próximas eleições do Equador, marcadas para 20 de agosto. O país já enfrenta um aumento da violência relacionada ao narcotráfico, o que resultou na morte de figuras políticas proeminentes, incluindo um prefeito e um candidato a deputado. As taxas de homicídio dobraram em 2022, atingindo um alarmante número de 25 mortes a cada 100 mil habitantes.