E-mails obtidos pela Polícia Federal mostram fatos envolvendo a ex-primeira-dama durante viagem para o funeral da rainha Elizabeth II.
![]() |
Foto: Divulgação / Estadão |
![]() |
Foto: Divulgação / Estadão |
![]() |
Foto: Divulgação |
![]() |
Foto: Reprodução |
![]() |
Foto: Wilson Junior |
O julgamento começou em 22 de junho e terminou nesta sexta, na quarta sessão.
Mesmo com recursos ainda possíveis ao próprio TSE e ao Supremo Tribunal
Federal (STF), a decisão da Justiça Eleitoral já está valendo.
Bolsonaro foi condenado pela realização de uma reunião com embaixadores estrangeiros,
no Palácio da Alvorada, na qual difamou sem provas o sistema eleitoral
brasileiro. O encontro, ocorrido em julho de 2022, foi transmitido pela
TV oficial do governo.
Na reunião — realizada às vésperas do início do período eleitoral — o
ex-presidente fez ataques às urnas e ao sistema eleitoral, repetindo
alegações já desmentidas de fraudes.
Na sessão desta sexta, foram proferidos os votos de três ministros: Cármen Lúcia, Nunes Marques e Alexandre de Moraes, presidente do TSE.
Veja como se posicionou cada um dos sete ministros da Corte:
O vice na chapa de Bolsonaro, Walter Braga Netto, que também estava sob julgamento, foi absolvido por unanimidade.
A ação analisada pelo TSE foi proposta pelo PDT. No julgamento, o
advogado do partido, Walber Agra, alegou que a reunião com embaixadores teve objetivo de “desmoralizar instituições” brasileiras em âmbito internacional.
O Ministério Público Eleitoral também se posicionou pela condenação e entendeu que houve abuso de poder político.
Em manifestação no julgamento, o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo
Gonet, afirmou que a “conclusão dos autos conduzem que o evento foi
deformado em instrumento de manobra eleitoreira, traduzindo em desvio de
finalidade”.
Já a defesa de Bolsonaro afirmou que o sistema eletrônico de votação
não pode ser considerado um tema tabu na democracia, e que a reunião foi
um evento diplomático. O advogado Tarcísio Vieira de Carvalho também
alegou que o ex-presidente apenas tentou propor um debate público para aprimorar o sistema.
A maioria dos ministros, no entanto, votou pela condenação do ex-presidente. Em seu voto, o relator do caso, ministro Benedito Gonçalves disse não ser possível fechar olhos para mentiras e discurso violento.
“Em razão da grande relevância e da performance discursiva para o
processo eleitoral e para a vida política, não é possível fechar os
olhos para os efeitos antidemocráticos de discursos violentos e de
mentiras que colocam em xeque a credibilidade da Justiça Eleitoral”,
escreveu Gonçalves.
Já Floriano Marques citou depoimentos dos ex-ministros das Relações Exteriores,
Carlos França, e da Casa Civil, Ciro Nogueira, e afirmou que as provas
obtidas ao longo do processo apontam que a reunião com embaixadores não
era parte da agenda de eventos institucionais. Para ele, ficou evidente
que o “caráter eleitoral era central naquela atividade”.
Marques declarou que a performance de Bolsonaro na reunião foi menos de
chefe de Estado e mais um comportamento típico de campanha e distante
da liturgia do cargo.
O ministro André Tavares afirmou que a liberdade de expressão, que é um
direito fundamental, “não alberga a propagação de mentiras”.
Ele entendeu que a reunião não foi um ato “isolado e aleatório”, mas
fez parte de uma “verdadeira concatenação estratégica ao longo do tempo,
com finalidades eleitoreiras, e para desestabilizar a democracia.
Para ela, a reunião com embaixadores teve caráter eleitoreiro, e que o
requisito da gravidade, ou seja, o impacto do ato no processo eleitoral,
foi preenchido.
Último a votar, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que Bolsonaro
espalhou mentiras na reunião com embaixadores e ao longo do processo
eleitoral, com o objetivo de instigar o próprio eleitorado e eleitores
indecisos contra o sistema de votação e a Justiça Eleitoral.
Ele também ressaltou a responsabilidade pessoal do ex-presidente no
encontro, e disse que Bolsonaro organizou a reunião “a toque de caixa”:
“De oficial só o desvio de finalidade praticado pelo presidente da
República. Itamaraty não organizou, Casa Civil não participou. Monólogo
eleitoreiro. Pauta dele, pessoal, eleitoreiro”, disse.
“Toda a produção foi feita para que a TV Brasil divulgasse mas, mais do
que isso, para que a máquina existente de desinformação nas redes
sociais multiplicasse essas informações, para que se chegasse
diretamente ao eleitorado, como chegou”, disse.
Moraes afirmou que não é liberdade de expressão o ataque à lisura do
sistema eleitoral, e que o discurso do ex-presidente foi um
“encadeamento de mentiras”. Para ele, fazer isso usando a estrutura
pública é abuso de poder.
G1
![]() |
Foto: Evaristo Sá |
Agência O globo
![]() |
Foto: Reprodução/Agência Brasil |
Nesta terça-feira (27), o relator do julgamento que pode tornar o ex-presidente Bolsonaro inelegível, o ministro Benedito Gonçalves, vai votar no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A sessão começa às 19h, a partir da leitura do parecer do corregedor-geral da justiça eleitoral.
Fontes próximas ao ministro Gonçalves disseram à Globo que o magistrado irá votar pela inelegibilidade de Bolsonaro. A previsão é que, após a fala do relator, que acompanha as 300 páginas de pareceres, às 23h os demais ministros votem. Seguindo a ordem, depois do corregedor-geral, o voto fica com o ministro Raul Araújo. O fim da votação acontece com a decisão do presidente da Corte, Alexandre de Moraes.
Na quinta-feira passada (22), quando o julgamento começou, Gonçalves apresentou as alegações da defesa de Bolsonaro, do autor da ação e do Ministério Público Eleitoral, juntamente com um resumo do caso. No relatório, o ministro disse que o ex-presidente construiu um “arco narrativo” desde 2018 para alegar fraudes nas urnas.
A ação do julgamento foi movida pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT), acusando o então presidente Bolsonaro de espalhar desinformação sobre a segurança das urnas eletrônicas e do TSE na eleição de 2022, durante encontro com embaixadores que foi transmitido na TV Brasil e na internet.
A acusação também traz como prova a minuta golpista, achada na casa do ex-ministro Anderson Torres, que continha um plano inconstitucional de intervenção do TSE. O PDT acredita que o documento é “materialização da última fase de um plano milimetricamente traçado para derrubar o Estado Democrático de Direito”. Já defesa de Bolsonaro alega que o documento não pode ser levado em conta, pois não possui a assinatura do ex-presidente.
![]() |
Foto: Marcelo Camargo |
A análise do caso começou de manhã, mas foi
suspensa após as sustentações dos advogados do PDT, partido autor da
ação, da defesa de Bolsonaro e do Ministério Público Eleitoral (MPE).
O julgamento será retomado na terça-feira
(27), quando o voto do relator, ministro Benedito Gonçalves será
proferido. Se for condenado, Bolsonaro ficará inelegível por oito anos e
não poderá disputar as próximas eleições.
A maior parte da sessão foi tomada pela leitura do relatório, documento que resume todas as etapas percorridas pelo processo.
Durante duas horas, Benedito Gonçalves lembrou o andamento da ação e disse que foram analisados 682 documentos.
O ministro destacou que Bolsonaro não tinha
embasamento em provas para afirmar que as urnas poderiam ser fraudadas.
Além disso, segundo o relator, o ex-presidente ainda fez uso indevido da
máquina pública por transmitir a reunião pela TV Brasil, emissora pública da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), e realizá-la no Palácio da Alvorada.
“Trataram-se de condutas que abalaram de forma intensa a normalidade e a legitimidade do pleito”, afirmou.
O relator disse que a divulgação de
inverdades sobre a lisura dos resultados das eleições podem ter
impulsionado os atos golpistas de 8 de janeiro.
Gonçalves citou outros indícios contra
Bolsonaro, como a apreensão da “minuta do golpe” na casa do ex-ministro
da Justiça Anderson Torres. O rascunho previa decretação de Estado de
Defesa no TSE para contestar a vitória de Lula nas eleições de 2022.
“O discurso impugnado deve ser sopesado não
apenas no contexto do pleito, mas também considerando os graves fatos
ocorridos no período pós-eleitoral, como a cruzada antidemocrática que
os apoiadores do investigado Jair Bolsonaro iniciaram após o resultado
do pleito”, concluiu.
Em seguida, o PDT e o Ministério Público Eleitoral (MPE) pediram a condenação de Bolsonaro e a decretação da inelegibilidade.
Durante a sessão, a defesa de Bolsonaro defendeu a rejeição da ação contra o ex-presidente.
Durante sustentação, o advogado Tarcísio
Vieira de Carvalho disse que a reunião ocorreu antes do período
eleitoral, em 18 de julho, quando Bolsonaro não era candidato oficial às
eleições de 2022.
O defensor também declarou que a reunião não
teve viés eleitoral e foi feita como “contraponto institucional”, além
de rechaçar qualquer “tentativa de golpe” devido à inclusão da “minuta
do golpe” no processo.
Agência Brasil
![]() |
Foto: Sergio Lima/Poder360 |
Se condenado, Bolsonaro ficará inelegível, ou seja, impedido de disputar eleições, independente do cargo, até 2030. A ação do PDT inclui o candidato a vice Walter Braga Netto que também estava presente na reunião do ano passado.
Na ocasião, o então presidente estava reunido com embaixadores de outros países no Palácio da Alvorada quando começou a questionar o resultado das eleições de 2018 ao dizer que as urnas haviam sido fraudadas. O evento estava sendo transmitido ao vivo na TV Brasil e nas redes sociais de Bolsonaro.
O TSE marcou três seções ordinárias para o andamento e conclusão do caso. “Além da sessão de quinta-feira (22), o Tribunal poderá prosseguir com o julgamento nas sessões subsequentes de terça e quinta-feira (27 e 29). As sessões dos dias 22 e 29 começarão às 9h; portanto, uma hora antes do habitual”, informou a Corte.
![]() |
Ex-Presidente, Jair Bolsonaro – Foto: Lula Marques/Agência Brasil |
Durante o discurso, Bolsonaro afirmou que só não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque “ela não merecia”. Essa declaração foi repetida em uma entrevista ao jornal Zero Hora no dia seguinte.
Após as declarações, Bolsonaro foi processado tanto pelo Ministério Público Federal (MPF) quanto por Maria do Rosário. Agora, a decisão de Toffoli envia o processo do MPF para a Justiça do Distrito Federal, enquanto o processo protocolado pela deputada já havia sido encaminhado para a primeira instância na semana passada.
Bolsonaro passou a responder às acusações no STF, mas o processo foi suspenso quando ele assumiu a Presidência da República em 2019. Agora, com o fim do mandato e do foro privilegiado, Toffoli determinou que o caso seja conduzido pela primeira instância da Justiça.
A defesa de Bolsonaro alegou que ele não incitou a prática do estupro, mas sim reagiu a ofensas proferidas pela deputada contra as Forças Armadas durante uma cerimônia em homenagem aos direitos humanos. Os advogados argumentam que o embate entre Maria do Rosário e Bolsonaro ocorreu dentro do Congresso e, portanto, deveria ser protegido pela imunidade parlamentar prevista na Constituição, que impede a imputação criminal em relação a suas declarações.