Programa de Aceleração do Crescimento destina R$ 45 bilhões para educação, ciência e tecnologia, enquanto estudantes protestam contra cortes e mudanças no Ensino Médio.
Foto: Fabio Pozzebom/Agência Brasil |
No dia do Estudante, em meio a protestos estudantis em diversas cidades do país, o governo federal apresentou uma reviravolta nas políticas de investimento em educação. Após o polêmico bloqueio de R$ 332 milhões no orçamento do Ministério da Educação (MEC), anunciado recentemente, uma iniciativa ambiciosa foi divulgada: R$ 45 bilhões serão destinados à educação, ciência e tecnologia, como parte da nova edição do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Com o objetivo de atingir todos os níveis de ensino, o plano delineia um compromisso de investimento que se estenderá até além do atual mandato presidencial. O aporte será dividido em duas fases: a primeira, já a partir deste ano até 2026, abrangendo R$ 36,7 bilhões. A segunda parcela, a ser aplicada a partir de 2026, contemplará R$ 8,3 bilhões, marcando o último ano do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A distribuição dos recursos reflete uma visão abrangente. A educação básica receberá R$ 26,4 bilhões, com um reforço de R$ 3,9 bilhões direcionados à educação profissional e tecnológica. Já para o ensino superior, serão alocados R$ 4,5 bilhões, enquanto que R$ 10,2 bilhões serão reservados à inovação e tecnologia.
Durante a cerimônia do PAC, realizada no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, o ministro da Educação, Camilo Santana, delineou as metas: “Vamos construir mais creches e escolas de tempo integral, investir na alfabetização das nossas crianças e na modernização das universidades e institutos federais, também expandindo a produção científica”.
Apesar do anúncio positivo, manifestações estudantis ocorreram simultaneamente, com estudantes em várias cidades exigindo um compromisso mais sólido com a educação. Os protestos foram organizados pela União Nacional dos Estudantes (UNE), pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) e pela Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).
A presidente da UNE, Manuella Mirella, expressou a voz dos estudantes: “Foi uma reafirmação da união de esforços para que a educação seja o pilar para o desenvolvimento do Brasil. São inaceitáveis os cortes no orçamento e os modelos de ensino excludentes”.
Além das questões orçamentárias, os estudantes também protestaram contra o Novo Ensino Médio, cujas mudanças foram anunciadas por Camilo Santana na segunda-feira. As modificações preveem um aumento na carga horária da base curricular, passando de 1.800 para 2.400 horas, correspondendo a 80% das 3 mil horas previstas nos três anos de estudo. Adicionalmente, o ministério propõe a inclusão do ensino de espanhol, ao lado do inglês, como língua estrangeira no currículo.