Motorista de Ônibus

Greve dos Rodoviários: Pernambucanos enfrentam o caos no transporte público sem solução à vista

População sofre com a ausência de ação do poder público e cobra responsabilidade das autoridades.

Motorista de Ônibus
Foto: Arthur Mota/FP
A Região Metropolitana do Recife enfrenta uma das greves mais longas da história do transporte público, que já se estende por seis dias, causando transtornos e prejuízos para milhões de cidadãos pernambucanos. O caos no sistema de ônibus, que afeta a rotina de quem depende desses transportes para acessar oportunidades de trabalho e lazer, reflete a aparente inércia do poder público, que se omite diante do problema.
A greve dos motoristas de ônibus da Região Metropolitana do Recife, iniciada há seis dias, está levando o comércio a paralisar e prejudicando a prestação de serviços diversos, gerando incômodo e preocupação entre os trabalhadores. A situação torna-se ainda mais complicada porque os rodoviários decidiram prolongar a manifestação até o julgamento do dissídio coletivo da categoria pelo Tribunal Regional do Trabalho da 6ª Região (TRT-6), marcado para segunda-feira (31/7), às 9h.
Essa prolongada greve tem colocado os passageiros em uma situação delicada, uma vez que é mais fácil negociar com os empregadores um dia de ausência no trabalho, mas múltiplos dias tornam a tarefa complicada. Como resultado, muitos passageiros têm enfrentado a difícil busca por alternativas de transporte para chegar aos seus destinos.
A responsabilidade pela resolução do impasse recai sobre o governo de Pernambuco e as prefeituras da Região Metropolitana do Recife, que são diretamente atendidas pelo sistema de ônibus em greve. Enquanto o sistema de transporte metropolitano movimenta cerca de R$ 1 bilhão anualmente, apenas cerca de R$ 250 milhões vêm em forma de subsídios do governo do Estado, sendo o restante custeado inteiramente pelos passageiros. O governo de Pernambuco tem o papel de gestor do transporte metropolitano e dita as regras do Sistema de Transporte de Passageiros da RMR (STPP). No entanto, até o momento, o órgão responsável, o Consórcio Grande Recife, não se manifestou sobre o movimento grevista e seu impacto na população, inclusive negando entrevistas.
Da mesma forma, as prefeituras da região, especialmente a do Recife, que é percorrida por 80% das 360 linhas de ônibus e onde reside a maioria dos 1,8 milhão de passageiros do sistema, têm papel importante na resolução do problema, mas têm se mantido omissas. O prefeito João Campos, por exemplo, que mantém uma presença ativa nas redes sociais para se comunicar com seus eleitores, ainda não se posicionou formalmente sobre a questão.
Enquanto o poder público evita interferir na questão, a população sofre as consequências, desejando uma solução concreta para o problema. A falta de posicionamento das autoridades é baseada no argumento de que a greve dos rodoviários é uma questão trabalhista, na qual o governo não deve intervir, para evitar assumir custos futuros. No entanto, esse discurso não convence mais a população, que busca resultados e ações efetivas para resolver a situação caótica enfrentada no transporte público.
Diante disso, a Frente de Luta pelo Transporte Público critica a omissão do governo Raquel Lyra, apontando que o transporte público já enfrenta problemas estruturais há muito tempo, como terminais integrados em condições precárias, falta de integração temporal eficiente, extinção dos BRTs e incerteza sobre a licitação das linhas de ônibus, sem qualquer definição por parte do governo estadual. A população clama por uma atuação mais proativa e efetiva das autoridades, que assumam a responsabilidade pela melhoria do sistema e garantam o direito básico de mobilidade aos cidadãos.
Greve dos Rodoviários

Presidente do Sindicato dos Rodoviários é detido em meio à greve de ônibus no Recife

Aldo Lima foi conduzido à Central de Plantões após suposto desacato à Polícia Militar durante assembleia de trabalhadores

Greve dos Rodoviários
Imagem: Reprodução – Instagram
Recife, 28 de julho de 2023 – O presidente do Sindicato dos Rodoviários do Recife e Região Metropolitana, Aldo Lima, foi detido pela Polícia Militar na madrugada desta sexta-feira durante o terceiro dia da greve de ônibus na região. O líder sindical foi conduzido à Central de Plantões da Capital, em Campo Grande, após se envolver em um impasse com as autoridades policiais na porta da garagem da empresa Pedrosa.
Segundo informações do próprio sindicato, Aldo Lima estava na frente da garagem da empresa convocando uma assembleia geral da categoria quando foi abordado pela Polícia Militar. No entanto, a PM alega que o presidente do sindicato estava impedindo a saída dos veículos, desobedecendo a ordem judicial que autorizava a liberação dos coletivos para as garagens.
Em comunicado oficial, a Polícia Militar declarou que o efetivo solicitou a saída de Aldo Lima do local, mas ele se recusou a obedecer, desacatando as autoridades e resistindo à ação policial. Diante disso, o líder sindical foi conduzido à Central de Plantões da Capital para que fossem adotadas as medidas cabíveis.
A greve de ônibus no Recife e Região Metropolitana, que já está em seu terceiro dia, tem sido marcada por momentos de tensão e confronto entre as lideranças rodoviárias e as empresas de transporte de passageiros. O Sindicato dos Rodoviários afirma que os empresários estão agindo de forma truculenta e abusiva em relação às reivindicações legítimas dos trabalhadores por melhores salários.
Em contrapartida, a Urbana-PE, Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros no Estado de Pernambuco, emitiu uma nota repudiando o comportamento das lideranças rodoviárias, acusando o Sindicato dos Rodoviários de descumprir determinações judiciais e promover bloqueios e piquetes para impedir que trabalhadores que não desejam participar da greve possam exercer suas atividades.
Pouco antes das 8h, o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Aldo Lima, foi liberado pela Polícia Civil após assinar um Termo de Compromisso por desobediência. Segundo a corporação, o registro da ocorrência de desobediência aconteceu após Aldo Lima mobilizar um grupo de manifestantes que bloquearam a saída dos coletivos e impediram que trabalhadores não grevistas exercessem suas atividades. A Polícia Civil alega que o líder sindical desobedeceu a ordem judicial e, ao se recusar a sair da frente de um ônibus em movimento, colocou em risco sua vida e a de terceiros.
Com a liberação do presidente do Sindicato dos Rodoviários, a situação segue tensa na região, e as autoridades seguem acompanhando de perto o desenrolar da greve e das manifestações envolvendo os trabalhadores e as empresas de transporte público.