Polícia Federal

Polícia Federal resgata oito trabalhadores em condições análogas à escravidão em fazendas no Acre

Operação Claver resulta no resgate de trabalhadores em situações precárias e na autuação dos proprietários das terras.

Polícia Federal
Foto: Policia Federal/Divulgação
A Polícia Federal (PF), em colaboração com o Ministério Público do Trabalho (MPT) em Rondônia e no Acre, e o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), conduziu a Operação Claver, que ocorreu entre a última segunda-feira (7) e esta sexta-feira (11), resultando no resgate de oito trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão em fazendas localizadas no Acre.
As denúncias que levaram à realização da operação foram feitas por pessoas que alertaram sobre a precária situação vivenciada pelos trabalhadores nas propriedades rurais, situadas nos municípios de Sena Madureira e Manoel Urbano. Ao adentrar as propriedades, os agentes da PF encontraram os trabalhadores sem os devidos equipamentos de segurança, sem acesso a primeiros socorros e sem acesso a água potável.
Além das condições de trabalho insalubres, as vítimas eram submetidas a uma alimentação e moradia precárias. As jornadas de trabalho eram exaustivas e não havia formalização de documentos trabalhistas, evidenciando uma clara violação dos direitos laborais.
Os proprietários das fazendas foram autuados pelas autoridades por descumprirem normas trabalhistas e submeterem os trabalhadores a condições análogas à escravidão. O crime de redução à condição análoga à de escravo acarreta uma pena prevista de oito anos de reclusão, acompanhada de multa, além das sanções correspondentes aos casos de violência.
A escolha do nome “Operação Claver” para a ação policial faz referência a São Pedro Claver, um missionário espanhol do século 16 que se destacou por sua defesa dos direitos e proteção aos escravos.
A ação conjunta entre a Polícia Federal, o Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego visa coibir práticas degradantes e desumanas no ambiente de trabalho, assegurando o cumprimento dos direitos fundamentais dos trabalhadores e a punição dos infratores.
Bolsonaro no Acre

Ministro Zanin do STF determina envio de investigação sobre declaração de Bolsonaro para Justiça Eleitoral do Acre

Pedido de apuração sobre declaração polêmica durante campanha de 2018 é encaminhado à Justiça Eleitoral após término de mandato de Jair Bolsonaro

Bolsonaro no Acre
Foto: Divulgação
Nesta quarta-feira (9), o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que um pedido de investigação relacionado a uma declaração controversa feita pelo ex-presidente Jair Bolsonaro durante a campanha eleitoral de 2018 será encaminhado à Justiça Eleitoral do Acre. A declaração em questão envolve a frase “Vamos fuzilar a petralhada aqui do Acre. Vamos botar esses picaretas para correr do Acre”. O ministro atendeu a uma solicitação da Procuradoria-Geral da República (PGR), que havia apresentado o pedido de investigação.
A declaração, que ocorreu durante um ato de campanha em Rio Branco, foi objeto de questionamento por parte da coligação do então candidato à Presidência da República, Fernando Haddad, que atualmente ocupa o cargo de ministro da Fazenda. O pedido de investigação estava sob a relatoria do ministro Ricardo Lewandowski, que se aposentou em abril, sendo então assumido por Cristiano Zanin.
Segundo Zanin, “Reconheço a superveniente incompetência deste Supremo Tribunal para processar e julgar esta queixa-crime, com o consequente encaminhamento dos autos ao Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Acre para distribuição a uma das Zonas Eleitorais competentes do Município de Rio Branco/AC.”
Uma peculiaridade desse caso é que, em 1º de janeiro de 2019, Jair Bolsonaro tomou posse como presidente da República, o que lhe conferiu imunidade formal temporária, impedindo o processamento de atos ocorridos antes de seu mandato. No entanto, com o término de seu mandato e sua derrota nas eleições de 2022, Bolsonaro perdeu o foro privilegiado para ser processado no Supremo Tribunal Federal.
O ministro Zanin explicou: “Com o advento do término do mandato de Presidente da República, no qual se encontrava investido o representado Jair Messias Bolsonaro, e não sendo ele reeleito para pleito subsequente, houve a superveniente causa de cessação da competência jurisdicional do Supremo Tribunal Federal a que se refere o art. 102, I, b, da Constituição Federal.”
A Procuradoria-Geral da República ressaltou que o caso ainda está em estágio inicial e que não houve sequer a notificação de Jair Bolsonaro para esclarecer o ocorrido. Conforme as manifestações até o momento, o caso está sob a jurisdição da Justiça Eleitoral do Acre, que deverá conduzir a investigação sobre a declaração feita durante a campanha eleitoral de 2018.