Parlamentares entraram em um bate-boca acalorado no grupo da bancada
Foto: Divulgação/ Câmara dos Deputados |
Um racha na bancada do PL na Câmara dos Deputados em função do resultado da votação da Reforma Tributária levou integrates a baterem boca no Whatsapp nesse domingo (9). A intensa troca de xingamentos e cobranças movimentou aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e integrantes que votaram a favor da medida na Casa. Desde o fim de semana, o grupo chegou a ser bloqueado duas vezes pelo líder da bancada, o deputado Altineu Côrtes (PL-RJ).
A discussão começou quando aliados de Bolsonaro, que compõem a maioria dos integrantes do PL na Câmara, começaram a fazer cobranças à ala do Centrão dentro da legenda que votou a favor da Reforma Tributária, indo de encontro com o alinhamento majoritário. Na votação em primeiro turno da proposta que muda o sistema de impostos do país, realizada na última quinta-feira, a sigla deu 20 votos a favor, enquanto 75 foram contrários.
Para evitar que o confronto se alongasse, Côrtes bloqueou o grupo “Deputados do PL 57º” (referência à 57ª Legislatura). Na tarde de segunda-feira, contudo, ele liberou novamente o envio das mensagens, e houve algumas horas com relativa paz. Durante as discussões, alguns quadros do partido se destacaram na animosidade.
Saiba quem são os principais envolvidos no barraco do WhatsApp do PL:
Vinícius Gurgel (AP)
Deputado federal pelo Amapá em seu quarto mandato, Gurgel foi o responsável por publicar o comentário que incitou o começo da discussão, ao reclamar de “extremistas” no grupo por terem criticado correligionários que votaram a favor da Reforma Tributária. Em março, a PGR pediu ao STF a quebra de sigilo bancário do parlamentar no âmbito de inquérito que apura supostos crimes de corrupção pasiba e lavagem de dinheiro pelo parlamentar.
Julia Zanatta (SC)
Uma das críticas a Gurgel, a deputada Julia Zanatta, parlamentar de primeiro mandato, questionoou o deputado, em uma mensagem no grupo: “Não sei por que tanto choro. Se tinham tanta certeza do voto, por que estão se explicando até agora?”.
Em março, logo no começo do ano legislativo, ela acusou o colega Márcio Jerry (PCdoB-MA) de assédio dentro do plenário, momento em que ele teria cheirado seu pescoço. Em abril, Zanatta fez uma publicação com uma arma de fogo e uma blusa fazendo apologia à morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Carlos Jordy (RJ)
Líder da oposição na Câmara, o deputado Carlos Jordy usou o grupo, durante o barraco, para encorajar a saída de quadros que discortassem da posição de que o PL segue um caminho de “consolidar-se como o maior partido conservador, de direita, de oposição no Brasil”. Na linha dura do bolsonarismo, Jordy esteve ao lado do ex-presidente em todas as agendas de campanha no Rio, seu reduto eleitoral. Na Câmara, ele assinou pedido de impeachment de Lula e tem apoio do governador Cláudio Castro (PL) para concorrer pela prefeitura de Niterói em 2024.
Júnior Amaral (MG)
No segundo mandato como deputado federal, Júnior Amaral também criticou Gurgel: “Fica parecendo que nós, Bolsonaristas, somos otários para acreditar que se trata de um posicionamento verdadeiro a favor do texto”. Amaral esteve envolvido em polêmicas ainda na última legislatura, quando teve sua conta no Twitter suspensa, em dezembro passado, por ter publicado conteúdo desinformativo sobre as urnas eletrônicas.
André Fernandes (CE)
Na tropa de choque do Bolsonarismo, o deputado André Fernandes confrontou Gurgel durante o barraco, afirmando que não seria seu amigo e que, se não gostasse da postura dos colegas, poderia “pedir para sair” da legenda. Ele chegou a ser investigado por publicações de cunho golpista sobre os atos do 8 de janeiro. Em maio, a Polícia Federal identificou que ele teria incitado um atentado contra o Estado Democrático de Direito. A PGR, porém, pediu o arquivamento por entender que não se tratava de um crime.