Senador prestou depoimento sobre suposto plano golpista de gravar o presidente do TSE e pedir anulação das eleições. Aos investigadores, ele reiterou que proposta saiu de ex-deputado
Foto: Senado Divulgação |
Em depoimento à Polícia Federal, o senador Marcos do Val (Podemos-ES) disse que mentiu ao ex-deputado Daniel Silveira sobre e reportar à “inteligência americana” para organizar um plano golpista no país. O parlamentar prestou esclarecimentos nessa quarta-feira (19) à corporação, em Brasília, durante mais de cinco horas. Na oitiva, ele reiterou que o ex-congressista deu ideia de golpe e afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro não se manifestou a respeito da trama.
Em uma conversa por meio do WhatsApp, do Val havia relato ter informado a agentes estrangeiros sobre um suposto plano para gravar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes. No entanto, aos investigadores, ele recuou e “reconheceu o blefe”, justificando ganhar tempo para informar ao magistrado sobre a trama.
“QUE, ato contínuo a reunião com o Ministro, contatou DANIEL por mensagem, informando-o que não aceitaria a “missão” porque isso prejudicaria suas relações com a Inteligência Americana; QUE essa justificativa, no entanto, foi apenas para afastar as novas tentativas de contato de DANIEL”, diz trecho do depoimento.
“QUE, indagado se houve alguma orientação de órgão de inteligência externa para tomada de sua decisão e se isso a influenciou, respondeu que não, reiterando que quando referiu “Inteligência Americana” falou dessa forma apenas como justificativa para ter tempo de reportar ao Ministro ALEXANDRE os fatos”, disse em um trecho do depoimento.
Do Val disse ainda que teria sido abordado por Silveira na porta do Senado, e que o ex-deputado dizia que precisava “salvar o Brasil e ser herói nacional”. O senador relatou que, em dezembro, se encontrou com Bolsonaro acreditando que o ex-presidente queria falar sobre a mudança dele para o PL e que, em seguida, solicitou encontro com Alexandre de Moraes “em razão do contexto do momento político radical e extremista”.
No entanto, durante reunião com o ex-presidente, Marcos do Val disse que teria sido interrompido por Silveira diversas vezes — que insistia no plano de gravar o presidente do TSE. Ele relatou, então, que Bolsonaro apenas ouviu a proposta e não se manifestou.
Plano golpista
Segundo Marcos do Val, em dezembro de 2022, ele se reuniu com o ex-deputado Daniel Silveira e o então presidente Jair Bolsonaro, no Palácio da Alvorada, e eles teriam discutido uma trama golpista para levantar suspeitas sobre a atuação de Moraes no comando da Justiça Eleitoral e pedir anulação do pleito que definiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República.
Na semana passada, o ex-presidente Bolsonaro foi ouvido sobre o caso. Ele confirmou que recebeu Silveira e do Val no Palácio da Alvorada, mas negou que os três teriam discutido um plano para gravar o ministro. Segundo o ex-chefe do Executivo, “nada foi falado” sobre Alexandre de Moraes ou a respeito de qualquer sobre ação antidemocrática.
Depois que o caso foi revelado, o senador deu versões diferentes sobre o plano. Em 15 de junho, ele foi alvo de uma operação da PF de busca e apreensão em seus endereços. A ação foi autorizada por Alexandre de Moraes. Foram recolhidos em seu gabinete e residências de Brasília e Espírito Santo computadores, pen drives e um telefone celular. O motivo da operação teria sido versões divergentes do caso apresentadas pelo suspeito. As contas em redes sociais do político também foram bloqueadas, por decisão do STF.
Correio Braziliense